O Secretário de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Regional de Pernambuco, Fabrício Marques, defendeu a urgência da autorização pela Assembleia Legislativa para que o Poder Executivo possa tomar empréstimos de até $ 3,447 bilhões. Ele participou, na manhã desta terça (25), de uma reunião conjunta das comissões de Justiça, Finanças e Administração Pública, que são os colegiados que têm a competência para analisar a matéria antes da votação em Plenário.
De acordo com o secretário, o texto do Projeto de Lei (PL) nº 556/2023 não detalha todos programas que serão contemplados pelo crédito porque somente depois da aprovação da lei vai ser possível negociar com os agentes . “Existem muitas restrições nacionais para a tomada de empréstimo. Então, as próprias instituições nacionais não requerem que esteja na lei”, explicou.
No texto da proposta, entregue pessoalmente pela governadora Raquel Lyra na semana passada, os valores que constam são apenas as operações de crédito internacionais: até 90 milhões de dólares (US$) do Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD – Banco Mundial), para o Projeto de Saneamento Rural de Pernambuco, e até US$ 200 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para o Projeto Juntos Pela Segurança.
“Todos os demais a gente não explicita na lei, porque traz flexibilidade na hora da tomada da operação de crédito com os bancos nacionais”, continuou o secretário. Fabrício Marques disse também que o valor pedido no PL é o total que o Estado pode contratar com garantia da União. E que essa contratação vai ser possível porque o Estado teve a capacidade de pagamento (CAPAG) elevada em 2021 pela Secretaria do Tesouro Nacional de C para B, o que tornou possível tomar empréstimos com garantia da União.
No entanto, com a perda de arrecadação de ICMS estimada em R$ 3 bilhões de reais por ano, e a elevação em outros R$ 3 bilhões em reajustes na folha de pagamento dos servidores, o secretário teme que Pernambuco volte a ficar impedido de contratar empréstimos. Uma nova análise da capacidade de pagamento será feita no segundo semestre. “O projeto é uma janela de oportunidade para garantir a infraestrutura necessária para a retomada da economia”, avaliou.
Debate
Parlamentares presentes ao debate se declararam favoráveis aos empréstimos, mas acreditam que faltou transparência sobre a destinação dos recursos. A líder da Oposição, a deputada Dani Portela (PSOL), acha que o projeto deveria ser melhor detalhado.
“Eu não gosto da expressão ‘cheque em branco’, mas, é um projeto de lei muito curto, com uma página apenas e só tem destinação específica para o Programa Todos pela Segurança, citando genericamente um programa que sequer foi lançado ainda”, considerou a deputada. “Causa uma certa estranheza dialogar primeiro com o investidor, e só depois dialogar com a população para implementar uma política pública. Não há um anexo especificando a utilização dessas receitas”, declarou.
Dani Portela prevê a apresentação de emendas à proposta. Uma delas deve incluir no texto a proibição expressa de que o dinheiro seja utilizado para despesas correntes. Os deputados presentes pediram ainda que o Governo priorize a finalização de obras paradas.
O PL 556 deve ser votado nos colegiados temáticos da Assembleia Legislativa na próxima semana. A previsão é do Presidente da Comissão de Justiça, deputado Antônio Moraes (PP). “O prazo de emenda ainda acaba na outra quinta (4), mas ficou acertado aqui com a oposição que na próxima terça (2) vamos votar. Eu acredito que é importante para Pernambuco”, disse o presidente.
Além do debate com o secretário de Planejamento, a Comissão de Justiça também realizou uma reunião ordinária nesta terça. Entre as matérias discutidas, foi aprovado o Projeto de Resolução nº 568/2023, que muda a forma de votação das indicações ao cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. A matéria foi aprovada em Plenário, em Primeira Discussão, à tarde.
Segurança Pública
Ainda nesta terça, a Comissão de Segurança Pública acatou o texto do PL nº 157/2023, que institui a Política de Prevenção e Atuação Frente ao Assédio Moral e Sexual nas Instituições de Ensino do Estado. A proposta, de autoria da deputada Delegada Gleide Ângelo (PSB), estabelece medidas como realização de campanhas de conscientização, qualificação permanente de profissionais que atuam nas escolas, disponibilização de canais de denúncia e acolhimento de vítimas.
Na mesma reunião, os deputados também aprovaram o PL nº 208/2023, da mesma autora, que proíbe a comercialização para menores de 18 anos de substâncias que podem ser utilizadas para a elaboração da droga “lança-perfume” (ou “loló”). O deputado Fabrizio Ferraz (Solidariedade), presidente da comissão, também definiu os relatores de 30 proposições que passam a tramitar no colegiado.