
INSTABILIDADE – Para o parlamentar, presidente tem ação “tresloucada” e há dúvidas se ele “efetivamente comanda o País”. Foto: Giovanni Costa
A forma como o presidente Jair Bolsonaro está lidando com a pandemia do novo coronavírus pode prejudicar a estabilidade institucional do Brasil, acredita o deputado João Paulo (PCdoB). Ele manifestou a preocupação em discurso na Reunião Plenária virtual desta quarta (8). Para o parlamentar, mandatário tem ação “tresloucada” e há dúvidas se ele “efetivamente comanda o País”.
“A atuação do presidente assemelha-se à de um supersticioso homem medieval em meio à peste negra. Ele sempre foi inimigo das minorias e da ciência, mas agora se voltou contra o próprio Governo, ao falar contra o isolamento social e ameaçar demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por ciúmes”, declarou o comunista. “Para piorar, queria colocar nessa pasta o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), conhecido por divulgar diversos dados falsos sobre a Covid-19.”
Os sinais contraditórios entre o presidente e outros setores do Governo estariam pondo em dúvida a liderança de Bolsonaro. “A demissão de Mandetta foi impedida por uma mobilização de diversas forças civis e militares. Há quem diga que o ministro da Casa Civil, general Braga Netto, é o presidente operacional do Brasil”, observou João Paulo. “O momento exige um presidente qualificado, que não precise de tutores, capaz de entender o conhecimento científico e perceber que a vida das pessoas vem antes da economia”, considerou.
Em resposta, outros parlamentares defenderam que o momento é de “união, sem partidarismo”. “Os governadores, inclusive o de Pernambuco, estão fazendo um grande trabalho e necessitam do apoio da população. Precisamos deixar os partidos de lado e pensar no povo”, afirmou Pastor Cleiton Collins (PP). “Não vale a pena fazer uma discussão ideologizada sobre isso. Não devemos subir em palanques neste momento”, avaliou o Delegado Erick Lessa (PP).

APARTE – Líder da Oposição, Marco Aurélio Meu Amigo questionou governos petistas e disse “não ser momento para esse tipo de discussão”. Foto: Giovanni Costa
Já o líder da Oposição, deputado Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB), criticou governos petistas. “Não é o momento para esse tipo de discussão. Mas, se é para fazê-la, eu pergunto: será que não teríamos mais dinheiro para a saúde agora se não fosse o roubo do PT na Petrobras?”, indagou, ressaltando que “o povo quer respostas concretas para os problemas que temos”.
A fala do oposicionista provocou reações de outros deputados. Doriel Barros (PT) lamentou as declarações: “Marco Aurélio deveria admitir que apoiou o atual presidente, que está destruindo o Brasil. Se dependesse de Bolsonaro, o auxílio emergencial seria de apenas R$ 200. Em comparação, o PT sempre governou para os mais pobres, criando o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida”, registrou.
Para José Queiroz (PDT), a questão com Bolsonaro não é partidária. “Queremos a união, mas que seja na direção de agir corretamente no combate ao coronavírus. Não podemos deixar o presidente levando o País ao abismo”, afirmou. Dulcicleide Amorim (PT) ressaltou que “os julgamentos envolvendo o PT não foram feitos com imparcialidade”. “E se é pra falar de roubo, precisamos falar também de lideranças de Petrolina que são ligadas a Bolsonaro. Com relação à pandemia, o discurso do presidente é de suicídio em massa”, disse.
Marco Aurélio Meu Amigo replicou, alegando “não ter problema em falar de erros de Bolsonaro”. “O nosso presidente tem erros e acertos. Por outro lado, os petistas precisam admitir que Lula foi preso porque é ladrão. O partido roubou e mandou dinheiro para fora do Brasil, e agora pode até perder seu registro por isso”, declarou o parlamentar.
Por fim, o deputado Tony Gel (MDB) observou que, em meio a “um grande festival de insensatez”, a geopolítica vai mudar depois da pandemia. “Concentraram toda a indústria do mundo na China, o que foi um erro estratégico motivado pela ganância. Agora os países têm estoques de metralhadoras, tanques e fuzis, mas faltam respiradores, máscaras e luvas”, discursou. Ele anunciou, ainda, que o Governo do Estado deverá instituir o Bolsa Alimentação, que dará R$ 50 por mês a cada estudante da rede estadual de ensino.