
DECISÃO – Para Edson Vieira (à esquerda), falta vontade para resolver o problema das estradas. Foto: Roberta Guimarães
A ausência de pavimentação asfáltica das rodovias PE-156 e PE-159, nas proximidades de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste Setentrional, está atrasando o desenvolvimento do polo de confecções. Essa foi a afirmação de lideranças políticas da região que se uniram, na última quarta (7), na Câmara de Vereadores do município, para pedir que o Governo do Estado priorize as duas estradas da região. O encontro foi promovido pela Comissão de Assuntos Municipais da Alepe, a pedido do presidente do colegiado, deputado Edson Vieira (União).
O parlamentar detalhou que 25 quilômetros da PE-156 (no trecho entre a PE-160 e o distrito do Pará) e cerca de 10 quilômetros da PE-159 (entre o entroncamento com a PE-156 e a divisa com a Paraíba, no município de Barra de São Miguel) estão em condições precárias. Para ele, falta vontade política para resolver o problema, uma vez que os trechos não são extensos e o investimento não é alto. “Ora, o valor das duas obras juntas gira em torno de R$ 72 milhões. Eu estou falando de um valor que pode beneficiar mais de 300 mil pessoas. Eu espero que a gente possa, em pleno século 21, deixar de estar pedindo, de estar mendigando a conclusão de um asfalto”, lamentou.

TRABALHO – Galego de Mourinha denunciou a escassez de mão-de-obra na região. Foto: Roberta Guimarães
Um dos impactos da precariedade das estradas é a dificuldade para transportar peças que precisam ser costuradas no interior da Paraíba, já que, atualmente, a mão de obra de Santa Cruz do Capibaribe não é suficiente para atender a demanda. “Já começou a escassez: começou a faltar gente para trabalhar. A gente conversa com fabricantes da cidade e os relatos são de que estamos precisando ir até Serra Talhada procurar mão de obra, vejam como está a situação”, explicou Galego de Mourinha (MDB), vereador do município.
Por esse motivo, as cobranças pela pavimentação asfáltica partiram também de parlamentares paraibanos. Lideranças políticas de municípios como Barra de São Miguel, São Domingos do Cariri, Caraúbas, Cabaceiras e Congo, entre outros, apelaram para que Pernambuco realize as obras. O deputado estadual da Paraíba Doutor Romualdo (MDB) ressaltou que o polo de confecções é um vetor regional de desenvolvimento econômico. “No passado eu vi muito as pessoas que foram para São Paulo e Rio de Janeiro. Hoje, elas vêm para Santa Cruz do Capibaribe. A partir do desenvolvimento desse polo têxtil, houve, finalmente, alternativas para o Nordeste, essa região sofrida”, celebrou.

DIVISA – Doutor Romualdo destacou a importância do polo de confecções para as cidades da Paraíba. Foto: Roberta Guimarães
Crescimento
Outro ponto defendido no encontro foi que a melhoria das estradas pode impulsionar as vendas e o turismo no polo de confecções, facilitando a chegada de clientes e turistas. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Santa Cruz do Capibaribe, Bruno Bezerra, fez uma previsão de aumento de faturamento caso existisse maior integração com outros municípios. “Santa Cruz do Capibaribe em 2024 – só as empresas do setor têxtil e de confecções – faturaram juntas R$ 6,2 bilhões. Já Toritama, R$ 3,4 bilhões, e Caruaru, R$ 6 bilhões. Imagina se pudéssemos colocar os municípios da Paraíba e cidades pernambucanas como Surubim, Brejo da Madre de Deus e Taquaritinga do Norte. Chegaríamos perto de R$ 20 bilhões”, concluiu.

LUCRO – Segundo Bruno Bezerra, a reforma das estradas pode aumentar o faturamento do setor. Foto: Roberta Guimarães
Bruno Bezerra ainda afirmou que o valor da pavimentação das estradas é baixo, perto da arrecadação de impostos em Santa Cruz do Capibaribe. Ele citou que, somente em março deste ano, o município arrecadou R$ 177 milhões em tributos. O representante do Moda Center, George Pinto, reforçou que há, no Governo do Estado, dinheiro disponível para a realização da obra.
Como encaminhamento, a Comissão de Assuntos Municipais definiu o envio de um documento ao Poder Executivo com as solicitações feitas na audiência pública. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de Pernambuco não enviou representantes ao encontro. A ausência foi lamentada pela unanimidade dos presentes.