Sem quórum no Plenário, trabalhadores da educação cobram aprovação de reajuste

Em 04/06/2025 - 18:06
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Integrantes do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras em Educação de Pernambuco (Sintepe) lotaram as galerias da Alepe nesta quarta (4) para pressionar a bancada governista a comparecer ao Plenário e votar o Projeto de Lei Complementar nº 2968/2025, que reajusta o piso salarial dos professores.

Nas últimas semanas, as reuniões plenárias não têm obtido o quórum (número mínimo de participantes) necessário para deliberações, de 25 parlamentares. O impasse envolve a votação de pautas como a autorização para a retirada de um novo empréstimo bilionário pelo Governo do Estado e as indicações do administrador de Fernando de Noronha e do diretor-presidente da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (Adagro).

VOTAÇÃO – Dani Portela cobrou a presença dos governistas em Plenário. Foto: Roberto Soares

Todos os pronunciamentos desta quarta trataram do embaraço da pauta. Dani Portela (PSOL) cobrou dos governistas a presença em Plenário para votação da matéria. A deputada frisou que a categoria dos profissionais da educação merece respeito, e sugeriu que os professores “atravessem a ponte” para o Palácio do Campo das Princesas, sede do Poder Executivo, a fim de exigir a resolução do problema. “Defendam a educação, aprovem o reajuste e respeitem essa categoria de luta. Por uma educação pública, plural, inclusiva e de qualidade!”, exclamou.

IMPASSE – Para Coronel Alberto Feitosa, o Governo ilude a população. Foto: Roberto Soares

Coronel Alberto Feitosa (PL) concordou com a avaliação dos colegas e alegou que o Governo do Estado ilude a população ao não solucionar o impasse. Ele classificou como falaciosas as alegações de que a Casa impede o desenvolvimento de Pernambuco ao não aprovar o projeto do empréstimo. Para o deputado, o Governo já dispõe da autorização para financiamentos da ordem de R$ 9 bilhões, mas há carência de melhoria na gestão.

Em relação aos trabalhadores da educação, Feitosa acompanhou a sugestão de Dani Portela. “Saiam daqui e vão cobrar lá na frente do Palácio, sobretudo à Casa Civil, que os deputados estejam aqui, porque o projeto do reajuste já está pautado”, disse.

No mesmo sentido, Delegada Gleide Ângelo (PSB) criticou a falta de quórum para a votação do reajuste. Ela denunciou a ausência de diálogo com o Governo do Estado. “Nosso grande problema hoje em Pernambuco é a falta de diálogo com gestores e com os trabalhadores, e as coisas não podem ser feitas sem diálogo. Estamos aqui para intermediar”, afirmou.

PRESENÇA – Delegada Gleide Ângelo criticou a falta de quórum em mais uma reunião. Foto: Roberto Soares

Em outro momento do discurso, a socialista relatou a audiência pública ocorrida na manhã desta quarta a respeito do 20º Batalhão de Polícia Militar de São Lourenço da Mata (Região Metropolitana do Recife).

Financiamento

Cayo Albino (PSB) também questionou a governadora Raquel Lyra sobre o projeto de lei que autoriza a captação de empréstimo de R$ 1,5 bilhão. O parlamentar ainda pediu explicações à gestora sobre o contrato com a Caixa Econômica Federal de R$ 1,7 bilhões que, de acordo com o deputado, não foram executados totalmente.

“Como a governadora insiste em colocar o empréstimo na pauta, vamos falar dele. Queremos saber se é verdade que, do valor do contrato com a Caixa, que deveria ter sido captado até 2024, apenas R$ 600 milhões foram efetivados. É verdade que o Governo perdeu o prazo de carência? É verdade que retirou o anexo que apontava onde o dinheiro seria empregado? É verdade que a governadora só tem até o dia 5 de julho para solicitar o valor de R$ 1,1 bilhão que falta do contrato?”, enumerou o parlamentar. Segundo Albino, falta competência à gestão para realizar as obras.

PERGUNTAS – Cayo Albino elencou questionamentos para a governadora Raquel Lyra. Foto: Roberto Soares

Romero Albuquerque (União) e Sileno Guedes (PSB) apoiaram as colocações em seus apartes acrescentando que o Governo do Estado não tem tido capacidade de dialogar com os deputados, que estão constantemente solicitando informações e a presença de representantes da gestão para o debate. 

Ainda sobre a questão do empréstimo, Waldemar Borges (PSB) explicou que integrantes da Alepe continuam a aguardar resposta da gestão estadual a pedidos de informação sobre valores contratados anteriormente. “Querer negar o direito a ter acesso a informações elementares é pra lá de querer ser imperial e autoritária. Dê as informações, responda os pedidos de informação. Não queira nos encurralar, criando essas narrativas falsas”, disparou Borges.

TRANSPARÊNCIA – Segundo Waldemar Borges, pedidos de informação permanecem sem resposta. Foto: Roberto Soares

Apelo

De outro ângulo, Renato Antunes (PL) cobrou responsabilidade da Alepe em relação às votações de projetos discutidos pela Casa. Ele fez um apelo para que os chefes dos poderes Executivo e Legislativo, Raquel Lyra e Álvaro Porto (PSDB), respectivamente, tenham a humildade de chegar a um consenso.

DIÁLOGO – Renato Antunes apelou por um consenso entre os deputados e o Governo. Foto: Roberto Soares

“Existem pautas que são maiores do que governo e oposição. Existem matérias que não podem ser barganhadas, e o que eu sinto hoje é vergonha, porque estou vendo uma matéria que me custa muito caro, que é a educação, estando numa mesa sendo tratada com desdém”, acusou. Ao dirigir-se aos sindicalistas do Sintepe, Antunes afirmou que o imbróglio em torno do reajuste dos trabalhadores em educação está sendo usado para a antecipação do debate eleitoral.

Em sentido similar, João Paulo (PT) voltou a solicitar diálogo para possibilitar o destravamento de pautas importantes para a população. “Essa disputa vem se acirrando e já há prejuízos significativos para o Estado. Acho que o cerne da discussão e do travamento aqui está ligado a uma antecipação do processo eleitoral”, enfatizou. Para o parlamentar, o impasse prejudica a educação e os professores, já que eles correm o risco de não terem o reajuste incorporado na próxima folha de pagamento. 

2026 – João Paulo acenou aos professores e denunciou a antecipação do debate eleitoral. Foto: Roberto Soares

A mesma preocupação pautou a questão de ordem de Rosa Amorim (PT). Ela defendeu os trabalhadores da educação e cobrou mais responsabilidade dos deputados com a categoria. “Sou ex-aluna da rede pública e sei a importância de termos profissionais valorizados, com seus salários em dia. Quem sai perdendo com essa disputa é o povo pernambucano e os professores e professoras do Estado”, lamentou.