Fundarpe promete reabertura do Cinema São Luiz para início de 2024

Em 12/06/2023 - 15:06
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ETAPAS – Renata Borba, presidente da Fundarpe, aponta necessidade de obras emergenciais. Foto: Nando Chiappetta

O Cinema São Luiz, no Centro do Recife, deve ser reaberto no primeiro semestre de 2024. O anúncio foi feito nesta segunda (12) pela presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Renata Borba, em Audiência Pública da Comissão de Educação e Cultura da Alepe. 

Segundo ela, as obras nos sistemas de refrigeração e elétrico iniciadas pelo Governo anterior, que estão 95% concluídas, não deixarão o cinema em condições de funcionar. O equipamento cultural, interditado há quase um ano, ainda terá que passar por serviços emergenciais no esgotamento de águas pluviais, para a qual uma empresa de engenharia já foi contratada, e pela restauração do forro ornamentado. Essas etapas devem durar, respectivamente, dois e seis meses. 

“O projeto básico e o termo de referência para a obra no forro estão prontos. Não temos como precisar um cronograma, pois depende de processo licitatório. Estimamos que no primeiro semestre do ano que vem teremos reaberto este amado equipamento cultural da nossa cidade”, disse Renata.

INCOMPARÁVEL – Para Kleber Mendonça, São Luiz é uma raridade no mundo atual. Foto: Nando Chiappetta

O debate foi motivado por uma carta aberta publicada nas redes sociais em março pelo cineasta Kleber Mendonça Filho. No texto, ele cobrava uma data para a reabertura e questionava as demissões da equipe que cuidava do espaço localizado na Rua da Aurora. 

Ao participar da audiência, o diretor e roteirista ressaltou que o São Luiz é um cinema monumental ao qual poucos no mundo se comparam. “Nem São Paulo conseguiu salvar um cinema como o São Luiz. É uma sala de 1.000 lugares que não foi alterada há 71 anos, um monumento à história do Recife”, sublinhou.

Mendonça Filho ainda expôs a importância da modernização do equipamento, para que ele siga funcionando como referência em qualidade de projeção e som. “Espero que a linha de trabalho seja cumprida, pois é uma joia que a gente precisa cuidar com muita atenção”, agregou Mendonça Filho.

Ao presidir a Audiência Pública, Dani Portela (PSOL), que pediu a realização do debate, destacou a mobilização realizada no sábado em frente ao cinema por artistas e apoiadores do movimento “Salve o São Luiz”. 

COBRANÇA – Ao presidir encontro, Dani Portela, pede cronograma detalhado das obras. Foto: Nando Chiappetta

A psolista cobrou a apresentação de um cronograma detalhado das obras a serem executadas e o acompanhamento por um grupo de trabalho no âmbito do Conselho Consultivo do Audiovisual. Também sugeriu que parte dos R$ 3,4 bilhões que o Governo pretende tomar de empréstimos seja investida no setor cultural. E que o São Luiz tenha uma rubrica própria na Lei Orçamentária. 

“O São Luiz é um baluarte da resistência, uma das últimas salas de rua do Brasil que funciona no coração do Recife. O cinema prioriza a exibição de filmes nacionais e pernambucanos, além da realização de festivais”, exaltou. “A ocupação que fizemos na frente do cinema precisa continuar até o cinema reabrir de fato”, defendeu. 

Coordenador do Cinema da Fundação, Luiz Joaquim da Silva Júnior, que cuidou da programação do São Luiz em 2022 (após a morte de Geraldo Pinho), indicou a necessidade de contratos de manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos, para evitar novos fechamentos. 

POPULAR – Rosa Amorim exigiu manutenção do caráter público e acessível do São Luiz. Foto: Nando Chiappetta

A deputada Rosa Amorim (PT), frisou que o audiovisual é um mercado que emprega mais no país do que a indústria automobilística. E cobrou que o São Luiz mantenha o caráter “público, popular e acessível”. O vereador Ivan Moraes (PSOL) lembrou que a Lei Paulo Gustavo deve destinar R$ 100 milhões à cultura pernambucana, mas defendeu que as obras no São Luiz não esperem por estes recursos. 

Ainda participaram da reunião o secretário-executivo de Cultura de Pernambuco, Léo Salazar, e representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Ministério Público e do Comitê da Lei Paulo Gustavo.