O segundo dia do Seminário Estadual de Educação do Poder Legislativo, promovido pela Comissão de Educação da Alepe, foi marcado pelo lançamento de um livro dedicado a Paulo Freire. O intelectual pernambucano – cujo centenário de nascimento foi celebrado ao longo deste ano – também foi tema de um painel com depoimentos sobre sua vida e obra nesta sexta (17), no Auditório Sérgio Guerra. O evento ainda homenageou os 80 anos da Faculdade de Filosofia do Recife (Fafire).
Coordenadora da comissão organizadora das atividades em honra ao Patrono da Educação Brasileira, a deputada Teresa Leitão (PT) registrou que o encontro encerra as ações relacionadas ao aniversário. “Desde a criação do colegiado, em setembro de 2020, promovemos e participamos de iniciativas referentes à data do centenário (19/09/2021). Destaco a instalação do Memorial Paulo Freire, na Biblioteca da Assembleia Legislativa, que considero um ‘ato de rebeldia’ deste Poder. Na época, houve algumas críticas, mas a Casa reafirmou sua responsabilidade com a defesa da democracia”, ressaltou.
A programação da manhã iniciou com o lançamento do livro Olhares sobre Paulo Freire, que reúne ensaios de 18 autores nacionais e estrangeiros sobre a vida e a obra do educador. A publicação foi editada pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e organizada pela Cátedra Paulo Freire da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Teresa Leitão, que escreveu o ensaio Viver Paulo Freire, fez o exercício de imaginar o que o homenageado pensaria caso estivesse vivo. “Mesmo 24 anos após sua morte, a mensagem dele continua atual. O Brasil avançou em algumas áreas, mas precisa de muito para conseguir oferecer a todos os cidadãos valores humanísticos fundamentais. O livro revela como continuar a buscar forças no nosso Patrono para lutar por vida digna para todos e para sempre”, salientou a deputada.
A coordenadora da Cátedra Paulo Freire, professora Eliete Santiago, explicou que a publicação foi uma produção coletiva assumida como “trabalho político-pedagógico” pela Cepe. “A obra é muito necessária neste momento. Esperamos que outros trabalhos similares surjam desta parceria entre a editora e a universidade”, pontuou.
Ao longo de 2021, a editora promoveu outras iniciativas relacionadas ao centenário, frisou o presidente Ricardo Leitão. Entre elas, estão um calendário, uma reportagem de capa na Revista Continente, a atribuição do nome dele à livraria-sede da Cepe, além da publicação do livro Os pés nos quintais e os olhos no mundo: Um menino chamado Paulo Freire.
“Essa última obra propõe-se a apresentar a vida e o pensamento do patrono a um público leitor mais jovem. Revela o teórico a partir de sua história de menino pobre, muitas vezes obrigado a conviver com a fome, o processo de aprendizagem e o entendimento de mundo”, observou. Para o gestor da Cepe, preservar e difundir o pensamento de Paulo Freire é, antes de tudo, “um compromisso de reafirmação da democracia”.
Após o lançamento do livro, alguns ensaístas falaram, de forma presencial ou remota, sobre os textos que escreveram e as vivências experimentadas em companhia de Freire. Entre os autores, todos docentes, estão José Batista Neto, Silke Weber e Luísa Cortesão, da Universidade do Porto, em Portugal.
Na sequência, a poetisa e vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) leu um poema escrito pelo educador, intitulado Recife Sempre. Ainda foi exibido um vídeo elaborado por professores de música da UFPE, que compuseram e entoaram a canção O que diria Freire em tempos de pandemia?.
Uma homenagem aos 80 anos da Fafire encerrou o seminário. “Propus um Voto de Aplausos à instituição pela passagem da data, em março deste ano, mas decidimos completar os parabéns na programação do evento em razão da dedicação, do pioneirismo e do que a entidade significa para a educação pernambucana”, disse Teresa Leitão.
A diretora da faculdade, Irmã Graça Soares, recebeu a placa comemorativa e agradeceu a iniciativa da Alepe. “Caminhamos alicerçadas pela pedagogia libertadora de Freire em busca de uma sociedade justa e fraterna. Nos manteremos à disposição para lutar pela manutenção dos direitos da pessoa humana”, enfatizou a religiosa.