Celebrado no próximo dia 19 de setembro, o centenário de nascimento de Paulo Freire culminará com homenagens, debates e outras atividades em torno das ideias e práticas do Patrono da Educação Brasileira ao longo do mês. Para organizar o calendário e avaliar formas de apoio à programação, a comissão organizadora do Ano Educador Paulo Freire na Alepe promoveu uma reunião virtual na manhã desta quarta (8).
Coordenadora do colegiado, a deputada Teresa Leitão (PT) anunciou a instalação de um memorial em tributo ao educador, na Biblioteca da Casa, no dia 20. Réplicas de uma placa comemorativa serão entregues a pessoas e instituições durante o Seminário Estadual de Educação do Poder Legislativo, cuja edição, prevista para a segunda quinzena, será dedicada ao pedagogo.
A parlamentar propôs que, na ocasião, sejam premiados os alunos da Rede Estadual de Ensino vencedores do Concurso Cultural Paulo Freire: 100 anos em (con)texto. Também sugeriu que o evento abrigue o lançamento da coletânea de artigos produzida pela Cátedra Paulo Freire da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).
De acordo com a coordenadora da Cátedra, Maria Eliete Santiago, o livro reúne olhares diversos sobre a vida e a obra do educador. “O trabalho nos deu uma alegria imensa e contribuirá para a circulação do pensamento freireano”, afirmou.
Já o deputado Professor Paulo Dutra (PSB) lembrou que a Alepe instituiu, em 2019, a Semana Estadual Paulo Freire. “Tive o prazer de participar de vivências em algumas escolas neste ano. O pensamento dele está vivo e, mais do que nunca, precisa ser reverenciado”, expressou.
Programação
Presidente do Centro Paulo Freire, Maria Erivalda dos Santos Torres destacou a realização on-line do Colóquio Internacional Paulo Freire, de 16 a 19 de setembro. O evento, que está na 11ª edição, terá palestra de abertura, 23 mesas de diálogos, lançamentos de livros, apresentação de trabalhos e atividades culturais.
No dia 17, às 16h, o Conselho Estadual de Educação fará a entrega da Medalha de Mérito Educacional Professor Paulo Freire para entidades e pessoas com trabalhos ligados às reflexões e à obra freireana, no auditório da Alepe. “Será uma cerimônia simples. Convidamos cinco pessoas já condecoradas a darem depoimentos e haverá outros cinco agraciados neste ano”, explicou a conselheira Maria Iêda Nogueira.
Além do livro em parceria com a Cepe, a Cátedra da UFPE vai reinaugurar a Concha Acústica Paulo Freire e conceder uma medalha alusiva ao centenário. A instituição ainda apoiará um ato latino-americano em defesa da memória de Freire, no dia 19. Já a assessora de Comunicação da Cepe, Roziane Fernandes, frisou que a trajetória do filósofo foi capa da Revista Continente. Outra obra sobre ele será lançada na Feira da Literatura Infantil (Flitin).
Confira os eventos do Centenário de Paulo Freire:
16 a 19/09 – XI Colóquio Internacional Paulo Freire (virtual). Veja a programação
17/09, às 16h – Entrega da Medalha de Mérito Educacional Professor Paulo Freire. Local: Auditório Sérgio Guerra (Alepe)
19 e 20/09 – Atos culturais em defesa da memória de Paulo Freire (virtual). Saiba mais
20/09, às 11h – Instalação do Memorial Paulo Freire. Local: Biblioteca da Alepe
Biografia
O educador, escritor e filósofo Paulo Reglus Neves Freire nasceu no Recife, no dia 19 de setembro de 1921, filho de um policial militar e uma dona de casa. Dedicou sua vida à educação, entendida como meio essencial de transformação social. Sua atuação e método buscaram superar a educação passiva e hierarquizada, contribuindo para formar sujeitos históricos críticos, com base no diálogo democrático.
Em 1947, começou a trabalhar no Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social da Indústria (Sesi), onde passou a ter contato com trabalhadores e jovens e adultos carentes, percebendo a necessidade de educação popular e alfabetização. Em 1961, tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife, o que o possibilitou realizar as primeiras experiências mais amplas com alfabetização de adultos. Posteriormente, assumiu a direção da Campanha Nacional de Alfabetização e transferiu-se para Brasília (DF). Foi, também, um dos fundadores do Movimento de Cultura Popular do Recife.
Com o Golpe Militar de 1964, foi preso e acusado de ser subversivo, permanecendo 70 dias detido antes de deixar o País para morar na Bolívia e, depois, no Chile e na Suíça. No exílio, escreveu os livros Educação como Prática de Liberdade e Pedagogia do Oprimido, este último o mais conhecido. Foi nomeado Doutor Honoris Causa de 28 universidades e traduzido em mais de 20 idiomas, sendo Pedagogia do Oprimido a terceira obra mais citada em trabalhos de Ciências Humanas no mundo.
Um dos fundadores do PT, retornou ao Brasil em 1980, onde passou a lecionar na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e na Universidade de Campinas (Unicamp). No dia 2 de maio de 1997, morreu aos 76 anos, após apresentar problemas no sistema circulatório. Em 2005, a deputada federal Luiza Erundina propôs uma lei para reconhecê-lo como Patrono da Educação Brasileira, sancionada em 2012 pela então presidente Dilma Rousseff.