Uma média de 380 mil passageiros utilizam o metrô diariamente, no Estado. O número é da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU-Recife), que disponibiliza hoje 25 trens elétricos. A frota total é composta por 40 unidades, entretanto, 15 estão em manutenção ou paradas por contingenciamento de despesas. Nesta segunda (31), a Comissão de Cidadania reuniu diversas entidades em audiência pública para debater a situação do transporte metroviário e da mobilidade na Região Metropolitana do Recife (RMR).
A importância dos metrôs foi ressaltada pelo assessor de planejamento da CBTU-Recife, Paulo Guilherme Siqueira, que apontou a poluição, a despesa com combustível, a deterioração das vias e o aumento dos acidentes como problemas do transporte rodoviário. Os trens elétricos também foram defendidos como solução para a falta de mobilidade na RMR: “O número de passageiros de um metrô corresponde a dois VLTs (veículos leves sobre trilhos), 7,5 BRTs, 15 ônibus e mil carros”. Citando o urbanista e ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, Siqueira defendeu que “cidade avançada não é aquela em que os pobres andam de carro, mas aquela em que os ricos usam transporte público”.
A necessidade de se investir em transportes coletivos como forma de garantir a mobilidade também foi destaque no pronunciamento do engenheiro Maurício Pina, que representou a Secretaria Estadual das Cidades, no debate. Ele alertou que as projeções revelam que o Recife chegará ao número de um milhão de carros em abril de 2019. Em defesa de vias exclusivas e segregadas para os coletivos, ele destacou que “é preciso dar mais espaço a quem transporta mais passageiros”.
A “cultura do carro” também foi alvo de crítica. “Ter um carro na garagem é sinônimo de sucesso para o brasileiro. É preciso acabar com os incentivos aos automotores que sustentam essa lógica”, opinou o promotor de Transportes do MPPE, Humberto Graça. A mudança do modelo tarifário, com a implantação de novas taxas para veículos e combustíveis, foi apontada como forma de reduzir a quantidade de automóveis nas ruas.
Presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), Diogo Morais declarou que “o Governo do Estado não tem demostrado nenhum interesse em discutir os problemas do sistema”. Também avaliou que a opção pelo modal rodoviário tem afetado negativamente a mobilidade. “Alegam que a implantação do metrô é onerosa. É verdade, mas, a longo prazo, é a melhor escolha”, afirmou.
O deputado Rodrigo Novaes (PSD) defendeu o Governo do Estado e apontou a “falta investimento do Governo Federal” como entrave para a plena mobilidade na RMR: “A ausência de repasses federais paralisou obras como o Arco Metropolitano, os Corredores Leste-Oeste e Norte-Sul e o sistema de navegabilidade”. O deputado Bispo Ossesio Silva (PRB) fez a mesma avaliação.
Gestor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Emerson Valgueiro elencou diversas obras realizadas ao longo de oito anos. “De 2006 a 2014, cerca de R$ 1,4 milhão foi investido em estradas”, registrou.
Presidente da Comissão de Cidadania, o deputado Edilson Silva (PSOL) encerrou a audiência pública afirmando que o colegiado colocará o debate sobre o custeio do metrô na pauta da Assembleia Legislativa. Destacou, ainda, que um novo debate sobre o sistema metroviário será agendado, desta vez para discutir a questão da insegurança nas estações, denunciadas por usuários durante a discussão desta manhã.
CRISE – De acordo com os cálculos da CBTU-Recife, a média histórica de crescimento de 5% no número de passageiros não deverá ser atingida este ano. “Ao contrário, estamos verificando uma queda percentual de cerca de 2% da demanda”, declarou Paulo Guilherme Siqueira. A Companhia atribui esse cenário à crise econômica.