A admissão do processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados no último domingo, e o desempenho da bancada pernambucana na ocasião foram os temas dominantes na reunião plenária desta segunda. Álvaro Porto, do PSD, comemorou a decisão pelo impeachment, mas ressaltou a necessidade de pacificar a sociedade. “Inicialmente é necessário que os ânimos sejam acalmados para que o país volte a unir forças e encontre, novamente, o caminho do crescimento. Sem diálogo e entendimento, a economia não se reajustará e o desenvolvimento não será retomado”.
Álvaro Porto criticou a atuação dos parlamentares que votaram com base em argumentos pessoais, mas elogiou a atuação dos deputados federais pernambucanos Bruno Araújo, Mendonça Filho e André de Paula. Rodrigo Novaes, também do PSD, lamentou a falta de líderes nacionais para unificar o País. Ele defendeu novas eleições e a adoção do sistema parlamentarista. Novaes também criticou o nível do debate na Câmara Federal e cobrou a criação da TV Alepe para que a sociedade conheça os debates do Legislativo Estadual.
Antônio Moraes, do PSDB, parabenizou a bancada pernambucana por ter votado em maioria a favor do processo de impeachment. Para Moraes, o processo vai dar início a uma nova etapa na economia brasileira. Ângelo Ferreira, do PSB, defendeu a atuação da bancada do partido, antigo aliado de Dilma e Lula. Ele lembrou que o PSB deixou a base do governo em 2013, sob o comando do ex-governador Eduardo Campos. “Eduardo foi aliado de Lula, Eduardo foi aliado de Dilma. Houve um tempo em que nossos partidos caminharam juntos. O PSB ontem, majoritariamente, votou pelo impedimento da presidente, numa discussão que houve na Executiva do partido”.
Vários deputados fizeram apartes ao pronunciamento de Ângelo Ferreira. Aluísio Lessa, também do PSB, lembrou que os socialistas foram fiéis a Lula durante o processo do Mensalão. Vinícius Labanca, do mesmo partido, afirmou que o PSB foi coerente com a mudança de rumo proposta por Eduardo Campos. José Humberto Cavalcanti, do PTB, cobrou coerência dos ex-participantes do ministério de Dilma. Romário Dias, do PSD, criticou a atuação dos deputados federais, mas destacou a atuação de dois pernambucanos: Ricardo Teobaldo e Silvio Costa. Joel da Harpa, do PTN, destacou a atuação das polícias militares durante as manifestações e cobrou a valorização da categoria no Congresso Nacional.
Lucas Ramos, do PSB, demonstrou preocupação com a possível presidência de Michel Temer. Mas reconheceu que Dilma não tem mais condições de governabilidade. Priscila Krause, do Democratas, concordou com as críticas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Ela lembrou, no entanto, que o processo de impeachment será julgado pelo Senado e o presidente da casa, Renan Calheiros, também enfrenta acusações de corrupção. Na mesma linha dos socialistas, Zé Maurício, do PP, justificou o voto da bancada do partido a favor do impeachment, antigo aliado do Governo Federal. Eduíno Brito, também do PP, lamentou a falta de capacidade de articulação da presidenta Dilma e a possível saída das forças populares do Palácio do Planalto. Pastor Cleiton Collins, do mesmo partido, defendeu o PP e lembrou que a legenda fechou questão, ou seja, decidiu pela obrigatoriedade do voto dos filiados a favor do processo de impeachment.
No campo da oposição, Teresa Leitão, do PT, criticou o processo do domingo e convocou os deputados a se juntarem ao movimento “Fora Cunha”. “Na luta contra a corrupção, tem um movimento que tem que ser imediato. E quem tem amor à bandeira, quem fica desfilando com lacinho verde, amarelo e vermelho, quem deseja esse país como uma pátria livre, independente de partido, tem que gritar, agir, trabalhar pelo ‘Fora Cunha’ de forma diuturna”.
Edilson Silva, do PSOL, afirmou que um governo de Michel Temer não terá legitimidade e afirmou que, caso o vice-presidente assuma, o partido vai protestar. “Não dá para a gente pacificar o país tendo o governo ilegítimo, ilegal, imoral do senhor Michel Temer. Porque os mesmos motivos, supostos motivos, que colocaram a presidente Dilma nessa situação de crime de responsabilidade fiscal, o Temer também cometeu”.
Assim como Rodrigo Novaes, Edilson Silva também cobrou a instalação da TV Alepe. O líder da Oposição, Silvio Costa Filho, do PRB, criticou os votos da bancada do PSB de Pernambuco a favor do impeachment. Por outro lado, ele elogiou a atuação do pai, Silvio Costa, como vice-líder do governo Dilma, e também os deputados Bruno Araújo, Mendonça Filho e Luciana Santos pela coerência.