
INICIATIVA – Em reunião do colegiado, a família da vítima e a delegada do caso foram ouvidas por parlamentares. Foto: João Bita
A Assembleia Legislativa vai apoiar as buscas pelo assassino da estudante Beatriz Angélica Mota, 7 anos, morta com 42 facadas dentro de uma escola em Petrolina (Sertão do São Francisco). Um vídeo sobre o caso – ocorrido em dezembro de 2015 – poderá ser produzido com apoio da Casa, que também deverá colaborar para aumentar o valor da recompensa por informações via Disque-Denúncia. A iniciativa foi anunciada durante reunião da Comissão de Cidadania, nesta quarta (24), quando a família da vítima e a delegada do caso foram ouvidas a pedido do deputado Odacy Amorim (PT).
“Na reunião de hoje, conseguimos ir além do escopo político do colegiado, alcançando o compromisso deste Parlamento no esclarecimento sobre esse crime”, declarou o deputado Edilson Silva (PSOL), presidente da Comissão. A partir de sugestões do primeiro vice-presidente da Alepe, Pastor Cleiton Collins (PP), e do líder do Governo, Isaltino Nascimento (PSB) – ambos membros titulares do grupo parlamentar –, foram debatidas formas de a Alepe atender ao apelo de ajuda da família da menina. “Acredito que o resultado da reunião foi bastante positivo na tentativa de diminuir o sofrimentos dos parentes”, afirmou Odacy Amorim.
“Como integrante da Mesa Diretora, sugiro a ampliação do alcance desse caso, a partir de sua divulgação na Conferência da Unale (União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais), que será realizada no próximo mês, no Paraná”, destacou Collins. Já Isaltino Nascimento apontou para a importância da produção de um vídeo ancorado por profissional de renome nacional a fim de chamar atenção para o caso. “Defendo que a Assembleia dê apoio a esse material e ajude a divulgá-lo em suas redes sociais e site, como forma de nacionalizar o caso.” O parlamentar também frisou a possibilidade de a Casa incrementar os R$ 10 mil já oferecidos como recompensa pelo Disque-Denúncia.
À frente da investigação do caso há um ano, a delegada Gleide Ângelo considerou que o apoio será “muito importante para solucionar o crime”. “Foi justamente isso que viemos buscar. Precisamos dar projeção nacional ao que ocorreu em Petrolina, porque acreditamos que o assassino não está mais no nosso Estado”, destacou. O crime ocorreu durante uma festa realizada no dia 10 de dezembro de 2015, dentro do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, onde Beatriz estudava. O inquérito está no Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
Além da delegada, familiares compareceram à reunião. Um protesto em frente ao MPPE será realizado nesta tarde. “Há 531 dias, nossa vida perdeu o sentido. Há um espaço que não pode ser preenchido”, disse Sandro Romilton, pai de Beatriz. “Temos imagens de quem realizou essa brutalidade. Precisamos da ajuda de todos para que o assassino seja encontrado e impedido de destruir outras famílias”, clamou Lucinha Mota, mãe da vítima.
Bope – Durante a reunião, também foram aprovados os relatórios de cinco proposições. Entre elas, o Projeto de Lei n° 1330/2017, que visa transformar a Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe) em Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Acolhendo sugestão do relator da matéria no colegiado, Edilson Silva, a matéria será apreciada em Plenário com mudança na nomenclatura da unidade para Biope, que significa Batalhão Independente de Operações Policiais Especiais.
“A alteração que estamos propondo é para fugir do paradigma de policiamento construído no imaginário popular sobre a forma de atuação do Bope, em que há conflitos com os direitos humanos”, explicou. O parlamentar também defendeu que as diretrizes para concessão de gratificações sejam definidas em legislação estadual, mas esse ponto não foi aprovado pela Comissão. “Uma lei nesse sentido enrijece o processo, sem contar que se tratam de ações estratégicas, portanto, de caráter sigiloso”, argumentou Isaltino Nascimento. Os deputados Cleiton Collins e Terezinha Nunes (PSDB) apresentaram o mesmo entendimento.
Plenário – À tarde, durante a Reunião Plenária, Odacy Amorim relatou a audiência e os encaminhamentos adotados “É importante que a gente acredite e trabalhe para que esse crime seja esclarecido”, pontuou. Em aparte, Joel da Harpa (PTN) solicitou do Poder Executivo que ofereça as condições necessárias para que a delegada à frente da investigação amplie o seu trabalho. “A imagem do suspeito precisa correr o Brasil”, assinalou.