Cândido Pinto recebe homenagem na AL

Em 27/04/1999 - 00:04
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Dentro da programação do “Fórum de 30 Anos de Impunidade”, assinalando o atentado cometido no período militar que deixou paralítico o ex-presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP) Cândido Pinto de Melo e também os 30 anos da morte do Padre Henrique, a deputada Luciana Santos (PC do B), autora do requerimento da sessão especial ontem realizada na Assembléia Legislativa, afirmou que a solenidade era “um encontro com a História recente e com a História atual”.

Ao saudar Cândido Pinto de Melo ela recordou que há três décadas o Brasil mergulhava numa longa noite de repressão, violência e terror, para impor pela força um modelo de desenvolvimento destinado a avassalar a Nação e explorar e oprimir as grandes massas do povo. “Há três décadas a juventude, que jamais deixou de lutar, vivia memorável jornada de rebeldia, sacrifício e heroísmo, na primeira fila de combate ao regime militar. Com a certeza na frente e a História na mão”.

Luciana Santos afirmou ter sido uma luta desigual, porém necessária e edificante, quando muitos derramaram “seu sangue generoso”, pagando com a própria vida pelo sonho de liberdade e justiça social. “Padre Henrique foi imolado pela coragem de praticar o Evangelho libertário. Cândido Pinto, vítima de bárbaro atentado porque liderava estudantes universitários, insurgindo-se contra a tirania, repudiando a privatização da Universidade, defendendo um ensino sintonizado com as reais necessidade do nosso povo e da Nação. Um líder perigoso para as elites dominantes e para os generais entreguistas. Exprimia firmeza ao falar da liberdade e do socialismo”, registrou no pronunciamento.

Sobre Cândido Pinto, acrescentou ainda ser “um testemunho vivo de resistência e luta pela vida”, enquanto Padre Henrique “viverá para sempre em nossos corações, inspirando novas levas de pastores comprometidos com a redenção dos explorados”.

Prosseguindo, a representante do PC do B alertou que hoje já não enfrentamos tanques e baionetas, porém “as armas apontadas contra nós são muito mais poderosas e sofisticadas, usadas para confundir as mentes, desfazer convicções, destruir valores. Nós nos orgulhamos da luta que vocês travaram na década de 60. De você e dos seus companheiros aprendemos a lição da persistência”, alinhou Luciana Santos louvando o passado de Cândido Pinto e proclamando que é chegada a hora de romper com a impunidade e de estabelecer a verdade sobre acontecimentos “terríveis como os verificados no Recife há 30 anos”.

Coube ao próprio Cândido Pinto encerrar a sessão. Afirmando que não guarda raiva daqueles que atentaram contra sua vida, ele afirmou, no entanto, que nunca é tarde para relembrar o passado. “Conclamo a todos para lutarmos por uma sociedade mais justa e mais humana no Brasil”. (Antônio Azevedo)