HOMENAGEM – Marta Silvania Bezerra de Almeida agradeceu a Alepe pelo nome da filha dado à honraria. Foto: Giovanni Costa
A Alepe realizou, na última quarta (27), uma sessão solene especial para entrega da Medalha Antirracista Marta Almeida às personalidades e instituições que se destacaram na luta pela igualdade racial. O evento encerra a 2ª Jornada Alepe Antirracista, realizada entre os dias 4 e 8 de novembro.
A medalha é uma homenagem à educadora Marta Carmelita Bezerra de Almeida, falecida em setembro de 2023, vítima de um acidente vascular cerebral, aos 44 anos. Martinha, como era conhecida, foi representante do Movimento Negro Unificado (MNU) em Pernambuco e integrante do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Sua trajetória é marcada por uma forte atuação no combate ao racismo e na luta pelos direitos das mulheres.
Emocionada, a mãe de Martinha, Marta Silvania Bezerra de Almeida, discursou na tribuna e agradeceu a Alepe por ter dado à honraria o nome da filha. “O que Martinha construiu até a sua morte está ainda muito longe de ser o que sonhamos, lutamos e esperamos. No entanto, fez uma diferença enorme na vida de muitas pessoas. Queria dizer que nós, negros, não semeamos ódio, a gente não quer ser único, não queremos nada além do que nos foi tirado e negado. Queremos deixar de ter pesadelos com a senzala, que até hoje nos perseguem”, afirmou.
Legislativo
Desde 2023, a Alepe iniciou uma série de ações que visam combater as estruturas racistas presentes nos mais variados espaços sociais, além da criação de políticas públicas. As jornadas fazem parte de um conjunto que engloba a criação do selo Alepe Antirracista, o carimbo de identidade para iniciativas de combate ao racismo e a aprovação da resolução que cria a Política Antirracista da Alepe.
PLURALIDADE – Para Waldemar Borges, a Medalha Marta Almeida reafirma o respeito da Alepe à cidadania. Foto: Giovanni Costa
O deputado Waldemar Borges (PSB) presidiu a solenidade e celebrou a posição da Casa Legislativa na promoção do combate ao racismo. O parlamentar ainda indicou o superintendente-geral Isaltino Nascimento para ser um dos agraciados com a medalha.
“Todas essas decisões foram bem vindas e necessárias para promoção do debate e a difusão da cultura de combate às práticas racistas lamentavelmente ainda tão presentes na estrutura da nossa sociedade. Com esse pensamento de valorizar diversidades, combater crimes, violências e vulnerabilidades, a Casa reafirma o respeito à pluralidade e à cidadania. Quero saudar todos os agraciados destacando nosso superintendente-geral Isaltino Nascimento, histórico líder da luta antirracista dentro e fora da Assembleia”, pontuou.
Homenageados
Além do superintendente Isaltino Nascimento, foram contemplados com a medalha a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco; o ex-deputado estadual Manoel Santos ( in memoriam); o babalorixá Pai Ivo de Xambá, e a ONG Todas para o Mar (TPM), formada por um coletivo feminista e antirracista de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife.
INDICAÇÕES – Os deputados João Paulo e Simone Santana também participaram da sessão solene. Foto: Giovanni Costa
Os parlamentares João Paulo (PT) e Simone Santana (PSB) estiveram presentes na reunião e foram os responsáveis pelas indicações do babalorixá Pai Ivo de Xambá e da ONG Todas para o Mar, respectivamente.
“Este título é um marco não apenas para sua trajetória, mas para toda comunidade que ele representa. A liderança de Pai Ivo vai além do campo espiritual. Ele é um exemplo de como o candomblé e as culturas de matriz africana podem dialogar com a sociedade e se tornar agentes de transformação”, afirmou João Paulo.
“Muitas vezes quando se fala em luta, combate e enfrentamento ao racismo, pensamos em um viés mais bélico da militância. Mas eu quero me deter a esse outro lado que vejo no trabalho da TPM e não ganha o destaque que merece: a pedagogia do afeto e a militância do bem-viver. Dar aula de surf é antirracismo, ensinar as mulheres da comunidade a confeccionarem seus absorventes é antirracismo, proporcionar espaços seguros para crianças brincarem é antirracismo. Foi por isso que indicamos a TPM”, declarou Simone.
Doriel Barros (PT) e Rosa Amorim (PT) não puderam estar presentes, mas enviaram vídeos homenageando seus indicados: o ex-deputado Manoel Santos e a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco.
CANDOMBLÉ – O babalorixá Pai Ivo de Xambá foi um dos agraciados com a honraria. Foto: Giovanni Costa
Celebrações
O Coral Vozes de Pernambuco e o Afoxé Omonilê Ogunjá embalaram o evento com performances artísticas, celebrando a cultura de matriz africana.
André de Souza Santos, filho do ex-deputado homenageado Manoel Santos, recebeu a medalha no lugar de seu pai, já falecido. A coordenadora Alyne Nunes representou a entidade TPM.
Também estiveram presentes na homenagem a juíza Luciana Maranhão, do Tribunal de Justiça de Pernambuco e Maria Cláudia Tavares Pessoa, representando a secretária de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Joana Figueiredo.
