Capacitar e facilitar a inserção no mercado de trabalho de jovens que vivem em casas de abrigo e aguardam processo de adoção. Este é o objetivo do Projeto Alepe Acolhe, que promoveu, nesta segunda (15), o seminário de acolhimento dos participantes da 3ª edição. Desenvolvida pelo Legislativo pernambucano em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado (TJPE), a iniciativa já beneficiou 28 jovens e, agora, irá contemplar outros 20.
A capacitação ocorrerá por meio de um estágio remunerado (bolsa de R$ 600), com início previsto para o dia 1º de junho, e terá duração de seis meses, renováveis por mais seis. Durante este período, os jovens conhecerão o funcionamento do Legislativo Estadual e ainda terão aulas de português e informática. A nova turma atenderá jovens registrados em entidades cadastradas pelo TJPE que abrigam crianças e adolescentes com histórico de abandono, orfandade ou perda do poder familiar por decisão judicial.
Segundo a gestora do projeto e funcionária da Alepe, Cristiane Alves, os selecionados atuarão de acordo com os perfis de interesse. “No início do estágio, nós realizamos uma dinâmica com os jovens, em que eles nos falam sobre as áreas de maior familiaridade. A partir disso, direcionamos os adolescentes para os mais diversos setores da Casa”, explicou.
Reconhecimento
Em 2019, durante a primeira edição, o Projeto Alepe Acolhe recebeu o prêmio de “Melhor Projeto Social” na 23ª Conferência da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), na Bahia. Visto como uma “incubadora de projetos sociais premiados”, o desafio dos organizadores é fazer com que a parceria entre Assembleia e TJPE sirva de modelo para que outros poderes e instituições possam replicá-lo, ampliando as oportunidades de trabalho para jovens que se encontram em casas de acolhimento.
Para a juíza Hélia Viegas Silva, coordenadora da Infância e Juventude do TJPE, a renovação da parceria com a Alepe deveria ser adotada por outras instituições estaduais. A magistrada lembra que o acolhimento é uma medida protetiva de caráter provisório, garantida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, “mas que nem sempre possibilita a adoção ou o retorno do jovem à família biológica”: “Muitos não foram adotados e, ao adquirir a maioridade, precisam estar qualificados para ter autonomia na vida adulta. Temos que trabalhar para dar a esses jovens condições de ter sua própria vida e construir sua família”, disse.
A secretária estadual de Desenvolvimento Social, Criança, Juventude e Prevenção às Drogas, Carolina Cabral, parabenizou a Alepe e o TJPE pela implementação da medida e registrou o compromisso do Poder Executivo em construir projetos semelhantes ao Alepe Acolhe.
Uma das jovens já beneficiadas pelo Alepe Acolhe é Elane Barbosa. Ela está perto de concluir o estágio na Gerência de Recepção, Protocolo e Atendimento da Assembleia. Emocionada, a adolescente de 16 anos, completados nesta segunda, ressaltou que a experiência adquirida na Alepe trouxe mudanças significativas em sua vida. “Aprendi muitas coisas aqui. As pessoas com quem trabalhei na Alepe sempre me deram muita motivação e sempre me estimularam a crescer cada vez mais para que eu consiga realizar meus sonhos no futuro.”
O presidente do TJPE, desembargador Luiz Carlos Figueirêdo, destacou os efeitos de longo prazo da iniciativa. “Por meio do Alepe Acolhe, estamos propiciando a esses jovens as oportunidades de qualificação e sociabilização. Isso vai valer para a vida toda deles. Some-se a isso uma peça fundamental: a abertura da possibilidade de ingresso no mercado de trabalho.”
De acordo com o presidente do Legislativo pernambucano, deputado Álvaro Porto (PSDB), o Alepe Acolhe é um projeto que visa contribuir com a sociedade. “Entendemos que a Assembleia tem o papel de empreender e apoiar causas que promovam justiça social e possibilitem transformação de vidas. O Alepe Acolhe é movido por este pensamento e, por isso, reforçamos o compromisso de fazer com que o projeto seja ampliado, inclusive com ações que facilitem o encaminhamento dos jovens para o mercado de trabalho”.
Na avaliação do primeiro-secretário da Casa, deputado Gustavo Gouveia (Solidariedade), há cada vez mais necessidade da Alepe se aproximar da sociedade pernambucana. “O Alepe Acolhe tem um viés social, não só de acolhimento. É uma oportunidade para nossos jovens que vivem em casas de adoção e estão se preparando para o mercado de trabalho. Torço para que o projeto ganhe ainda mais força e seja replicado em todo o País”, disse.
O seminário de lançamento da nova turma do Alepe Acolhe ainda contou com a participação dos deputados Dani Portela (PSOL), Débora Almeida (PSDB), João de Nadegi (PV), Rodrigo Novaes (PSB) e do deputado federal Augusto Coutinho (Republicanos-PE). Superintendentes e demais servidores da Alepe também compareceram ao local. O evento contou com a apresentação do Coral Vozes de Pernambuco, formado por funcionários do Legislativo Estadual.