As demandas do polo de confecções do Agreste foram ouvidas em audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico, nesta quinta (04). O encontro foi realizado na sede regional da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) em Caruaru, no Agreste Central. Representações de prefeituras de municípios que integram o polo, Governo do Estado, associações de fabricantes, comerciantes, Sebrae e Fiepe se reuniram para debater formas de aprimorar e expandir o setor.
Muitas queixas se repetiram em diversos relatos. Uma reivindicação unânime foi o reforço na segurança, sobretudo em dias de feiras, quando a circulação de pessoas é intensa na região. “Precisa haver uma operação permanente, há assaltos toda semana”, contou José Gomes Filho, ex-síndico do Moda Center, centro atacadista em Santa Cruz do Capibaribe. A conclusão da duplicação da BR-104 – rodovia que liga os municípios de Caruaru, Santa Cruz e Toritama – também foi apontada como fundamental.
Outro destaque das falas foi a importância desse arranjo produtivo para a economia de Pernambuco e o segmento têxtil no Brasil, o que justificaria um olhar mais atencioso do Poder Executivo. Presidente da Associação de Sulanqueiros e Feirantes de Caruaru (Asfac), Pedro Moura expôs alguns números.
“Em 2022 o polo movimentou R$ 5,6 bilhões e produziu 350 milhões de peças. São 300 mil empregos nessa cadeia”, afirmou. Ele frisou a necessidade de ampliar o conhecimento do restante do país sobre essa produção. “Pernambuco tem um polo desse porte e não faz campanhas nacionais para divulgá-lo”, lamentou.
Melhorias na estrutura das feiras, abastecimento de água nos municípios produtores e investimento em qualificação profissional também foram debatidos. A deputada Rosa Amorim (PT) vê a necessidade de abertura de instituições de ensino, na região, voltadas para a formação de trabalhadores dessa indústria. “É fundamental a implantação de escolas técnicas de costura”, destacou a parlamentar.
Tributação
Um pedido de revisão da carga tributária que incide sobre as empresas do polo têxtil foi apresentado por Marcílio Sales, representante da Associação Comercial e Empresarial (ACIC) de Caruaru. “Faço um apelo para que isso seja reavaliado. Muitas vezes ficamos impedidos de trabalhar e não temos a quem recorrer para mudar essa realidade”, contou.
A deputada Débora Almeida (PSDB), que preside a Comissão de Finanças da Alepe, informou que está em fase de elaboração um projeto da Secretaria Estadual da Fazenda para melhorar o ambiente de negócios em Pernambuco. “Estamos à disposição para encaminhar as sugestões que possam ajudar o polo de confecções do Agreste”, prontificou-se a parlamentar.
O assessor especial da governadora Raquel Lyra, José Pereira, informou que a gestão estadual está atenta às demandas do polo têxtil. “Contem com o Governo para lutar por essa região”, disse.
O contato permanente entre os municípios que sediam as grandes feiras de vestuário do Agreste foi uma demanda do secretário de desenvolvimento de Caruaru, Pedro Augusto Cavalcanti. “Somos o segundo maior polo de confecções do Brasil. Se queremos mais união e um polo fortalecido, temos que ter mais diálogo”, considerou. O prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, Fábio Aragão, concordou com essa necessidade. “Vamos avaliar a melhor forma de promover reuniões periódicas”, propôs.
Vice-presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, o deputado Abimael Santos (PL) foi quem solicitou a audiência pública. Ele destacou a importância de escutar os problemas diretamente de quem os vivencia. “A Assembleia hoje se aproxima do polo têxtil para sentir os anseios desse segmento. Vamos trabalhar sobre as questões que foram apresentadas aqui, para contribuir com o desenvolvimento dessa cadeia produtiva”, disse o parlamentar.