
SÉCULO 21 – “É um atraso que elas ainda precisem lutar por direitos”, avalia o deputado José Queiroz. Foto: Nando Chiappetta
A passagem do Dia Internacional das Mulheres, neste 8 de março (terça), rendeu pronunciamentos na tribuna da Alepe. Os simbolismos da data foram analisados pelos deputados José Queiroz (PDT), Teresa Leitão (PT), Doriel Barros (PT) e Dulci Amorim (PT), que apresentaram questões sobre desigualdade e violência de gênero.
“A gente não entende como alguns obstáculos permanecem no século 21. É um atraso que elas ainda precisem lutar por direitos”, acredita o pedetista, primeiro a discursar. José Queiroz listou ações que adotou quando era prefeito de Caruaru (Agreste) e contava com metade do secretariado composto por mulheres: as primeiras creches da cidade, orquestras juvenis, balé nas escolas públicas, uma festa de debutante para 200 estudantes da rede municipal, entre outras.
“Não precisamos apenas de instrumentos em defesa, pois já existe uma legislação abundante sobre isso. São necessárias práticas para prestigiá-las, inseri-las na sociedade e proteger seus filhos”, opinou o deputado. Queiroz também usou o discurso para lamentar “o massacre a que está sendo submetido o povo da Ucrânia” após a invasão da Rússia. “Nada explica a agressão contra a sociedade civil e os dois milhões de refugiados. Qualquer guerra é condenável”, observou.

DADOS – Teresa Leitão apresentou números da violência de gênero no Brasil. “Oito mulheres são agredidas a cada minuto”. Foto: Roberto Soares
Na sequência, Teresa Leitão apresentou números da violência de gênero no Brasil. “Oito mulheres são agredidas a cada minuto. Em 70% dos casos, o agressor é conhecido da vítima. Nos últimos 12 meses, quatro milhões sofreram ataques físicos, sendo a metade delas ameaçadas com armas e 1,5 milhão, alvo de tentativas de estrangulamento e espancamento”, afirmou.
A petista dedicou a fala às refugiadas da Ucrânia, “humilhadas e ofendidas, vítimas de assédio por parte de um parlamentar brasileiro”. Ela também denunciou situações como a falta de autonomia financeira, as desigualdades no mercado de trabalho com relação a salário e direitos, as mortes por abortos inseguros e o aumento da violência de gênero durante a pandemia de Covid-19. “Enquanto houver mulheres desrespeitadas em seus direitos à dignidade e à vida, estaremos na luta.”
Por sua vez, Doriel Barros registrou os avanços nas políticas de igualdade de gênero durante os governos de Lula e de Dilma Rousseff, entre os anos de 2003 e 2016. “Foram criados instrumentos como a Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres e a Lei Maria da Penha. Também houve a implementação do Disque 180, além de programas voltados para a autonomia econômica delas”, mencionou.

AVANÇOS – Doriel Barros registrou ações de governos petistas: “Secretaria Nacional, Lei Maria da Penha e Disque 180”. Foto: Roberto Soares
O parlamentar ressaltou, entretanto, que ainda há muito a ser feito para garantir equidade de oportunidades. “Elas são 52,2% da população brasileira, mas só ocupam 15% das cadeiras do parlamento. Entre negras, o índice é de apenas 1,7%”, exemplificou, convocando os homens a se juntarem à luta contra o machismo.
Durante o Grande Expediente, Dulci Amorim ressaltou as diversas guerras enfrentadas pelas mulheres ao redor do mundo e reforçou a urgência de se implantar uma cultura de paz. A deputada do PT listou, entre as pautas da luta feminina, o combate à fome, às desigualdades sociais, à misoginia e à violência.
“Hoje, acompanhamos o conflito entre Rússia e Ucrânia, e lá também somos vítimas. Diversas mães, irmãs e filhas estão sendo afetadas. Mas não são somente as disputas geopolíticas que nos vitimizam. Historicamente, somos alvo de todas essas outras guerras”, refletiu.

VÍTIMAS – Dulci Amorim citou diversas guerras enfrentadas por mulheres ao redor do mundo e reforçou a urgência de uma cultura de paz. Foto: Nando Chiappetta
Mais parlamentares comentaram a data ao longo da Reunião Plenária. “Quero homenageá-las como guerreiras e bravas. Muitas estão enfrentando esse conflito que está acontecendo”, disse Alberto Feitosa (PSC). Já a deputada Clarissa Tércio (PSC) repercutiu iniciativas federais para o segmento. “Foram mais de 33 leis sancionadas pelo Governo Bolsonaro, além do Plano Nacional de Enfrentamento ao Feminicídio, da ampliação de cinco para 22 Casas da Mulher Brasileira e de programas como o Mulher Segura.”
Por fim, o deputado João Paulo (PCdoB) registrou o fato histórico que provocou a escolha do 8 de março. “Relembro as trabalhadoras mártires dos Estados Unidos, queimadas vivas em uma fábrica por estarem lutando pela redução da jornada e por reconhecimento”, afirmou.