
CRÍTICA – “Não há motivo para comemorar. Deveríamos fazer uma reflexão profunda sobre o que está acontecendo com o Brasil.” Foto: Roberto Soares
Uma avaliação dos 100 dias do Governo Bolsonaro foi feita pelo deputado José Queiroz (PDT) durante o Grande Expediente da Reunião Plenária desta quinta (11). Para ele, não há motivo para comemorar. “Do contrário, o que deveríamos fazer é uma reflexão profunda sobre o que está acontecendo com o Brasil. Esse período vem sendo marcado por equívocos e contradições, a começar pelas intrigas familiares”, observou. O parlamentar também criticou a proposta de Reforma da Previdência, que, na sua visão, representa “desgraça para os trabalhadores e os pobres e benesses para os ricos”.
Entre as questões pontuadas, o parlamentar lembrou a ausência de interlocução do Governo Federal com o Congresso e a falta de entendimento entre as forças que apoiam a gestão. Lembrou, ainda, declarações do presidente que considera “desastrosas”, como elogios feitos ao ditador chileno Augusto Pinochet (falecido em 2006) e o anúncio de que pretende transferir a embaixada brasileira em Israel para a cidade de Jerusalém (reivindicada por palestinos e israelenses como capital). “Com essa atitude, Bolsonaro mostra que não compreende o papel dos países árabes na nossa economia: eles são um dos principais compradores de carne do País.”
O pedetista criticou as políticas do Governo para a educação. Para ele, o ex-ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez foi “um desastre total”. “Mas é preciso que esta Casa saiba que Rodríguez estava ali para praticar a militarização das escolas, ele cumpria um papel em nome do presidente, que militarizou a estrutura administrativa nacional.”
O deputado também não poupou críticas ao novo gestor da pasta, Abraham Weintraub. “Este homem é uma ameaça ao Brasil, não entende nada de educação. Está no MEC para combater o que chama de cultura marxista nas instituições de ensino”, prosseguiu, citando mais uma declaração de Jair Bolsonaro, que disse não ter nascido para ser presidente, mas sim, militar. “Então ele deveria ficar na caserna, que seria melhor para o nosso País”, concluiu.
Os deputados João Paulo (PCdoB), Doriel Barros (PT), Antônio Moraes (PP), Joel da Harpa (PP), Romário Dias (PSD) e Dulcicleide Amorim (PT) fizeram apartes. “A eleição de Bolsonaro foi uma catástrofe para a nação brasileira. Acredito que a única resposta que os partidos políticos, o movimento sindical e a sociedade civil podem dar é a mobilização e a organização do povo”, disse João Paulo.
Barros declarou que o presidente não tem um projeto para o País. “Os fatos demonstram claramente que há, na verdade, uma perseguição ao povo brasileiro, principalmente aos mais pobres.” Para Moraes, Dilma Rousseff (PT) foi a pior presidente do Brasil. “Pior do que Dilma este País não vai ver nunca”, acredita, pontuando que a gestão da petista resultou em 13 milhões de desempregados. Joel da Harpa argumentou que o Governo tem apenas 100 dias e que Bolsonaro, segundo a imprensa, já teria feito mais que Dilma e Michel Temer (MDB) juntos. “O presidente vai conseguir pagar o décimo-terceiro do Bolsa Família, excluindo pessoas que recebiam o benefício sem precisar”, elogiou.
Ao declarar que votou em Fernando Haddad (PT), Romário Dias também ponderou em relação à avaliação dos 100 dias da gestão de Bolsonaro. “Esse período é muito curto para fazer um julgamento.” Dulcicleide Amorim expôs que se costuma falar muito dos erros do PT, mas os acertos são esquecidos. “O maior erro do partido foi fazer alianças no passado que trouxeram como consequências o retrocesso que vivemos hoje”, concluiu.