Sugestão de audiência sobre barragens na Mata Sul gera impasse entre Oposição e Governo

Em 13/12/2017 - 18:12
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DISCORDÂNCIA - Edilson Silva defende que debate seja promovido na próxima semana, enquanto Isaltino Nascimento sugere encontro para fevereiro

DEBATE – Edilson Silva defendeu que o encontro seja promovido na próxima terça (19). Foto: Roberto Soares

A realização de uma audiência pública sobre a situação das barragens planejadas para a Zona da Mata Sul motivou um debate entre as bancadas do Governo e da Oposição na Assembleia Legislativa, nesta quarta (13). A proposta do encontro foi feita pelo movimento SOS Barragens. Essa associação reúne lideranças religiosas, políticas e empresariais da localidade para cobrar a conclusão dos quatro equipamentos que foram projetados em 2010 para proteger a região das enchentes e ainda não foram finalizados.

A discussão começou durante a reunião da Comissão de Cidadania, nesta quarta, quando o presidente do colegiado, Edilson Silva (PSOL), sugeriu que o debate fosse feito na cidade de Palmares, no próximo dia 19, mas o líder do Governo, Isaltino Nascimento (PSB), membro do colegiado, propôs que o encontro fosse marcado para fevereiro de 2018.

Isaltino Nascimento sugere encontro para fevereiro

SUGESTÃO – Isaltino Nascimento propôs que audiência fosse agendada para fevereiro. Foto: Roberto Soares

“Em dezembro, será mais difícil ter a participação dos parlamentares. Fazendo a reunião em fevereiro poderemos contar com as demais comissões que se relacionam com o tema”, explicou Nascimento, que disse ser favorável à realização da iniciativa. Já Edilson Silva defendeu a manutenção da data que ele propôs. “É uma questão urgente, já que a população está com medo do que pode ocorrer se houver outra enchente. Deveríamos fazer o debate em atenção ao povo da Mata Sul, em vez de pensar na conveniência dos deputados”, respondeu.

A questão voltou à pauta no Grande Expediente da Reunião Plenária, trazida pelo deputado do PSOL. “A argumentação governista para não fazer a audiência é vergonhosa. O Governo pode empurrar 50 projetos em regime de urgência, mas não podemos fazer uma audiência pública urgente”, criticou. “É inadmissível esse tipo de manobra. Desse jeito, a Assembleia está se dilapidando diante da opinião pública”, considerou. “Vamos fazer essa audiência no dia 19, seja pela Comissão ou por meio do meu mandato”, prometeu.

Em resposta, o líder do Governo ressaltou que “até os deputados que têm base eleitoral na Mata Sul não teriam como estar presentes nessa data”. Isaltino Nascimento também defendeu que os presidentes das comissões temáticas tenham um “papel executivo”. “Assim como o presidente Guilherme Uchoa (PDT) precisa consultar os deputados para falar em nome da Alepe, o mesmo precisa ser feito nos colegiados. Ninguém é dono de comissão, o presidente precisa seguir a maioria do grupo”, expôs.

Em aparte, Lucas Ramos (PSB) registrou que a Comissão de Administração, presidida por ele, aprovou a participação na audiência sobre as barragens. “Mas verificamos que, em virtude do calendário apertado, não há disponibilidade de espaço na Alepe para fazer o debate”, relatou. Já para o líder da Oposição, Sílvio Costa Filho (PRB), não haveria problema em realizar o evento no dia 19. “É um tema que a população está cobrando, pois as barragens não saíram do papel e não há dinheiro para elas no orçamento de 2018. Poderíamos fazer essa audiência agora e outra em fevereiro do ano que vem”, pontuou.

Antônio Moraes (PSDB) propôs que as datas dos debates sejam acordadas previamente entre governistas e oposicionistas que têm base eleitoral na Mata Sul. “Nunca houve nenhuma dificuldade em fazer audiências públicas, mas não pode ser algo de interesse de um único parlamentar”, avaliou.