
PROJETO DE LEI ORDINÁRIA 2925/2021
Denomina de Parque Mestre Manuel Eudócio, o Parque Ambiental Janelas para o Rio, no município de Caruaru.
Texto Completo
Art. 1º Fica denominado de Parque Mestre Manuel Eudócio, o Parque Ambiental Janelas para o Rio, no município de Caruaru.
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.
Justificativa
A presente iniciativa visa a prestar uma justa e merecida homenagem ao Mestre Ceramista caruaruense MANUEL EUDÓCIO RODRIGUES. Trata-se de denominar de Parque Mestre Manuel Eudócio o Parque Ambiental Janelas para o Rio, que está sendo construído no município de Caruaru, pelo Governo do Estado.
O projeto foi elaborado pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), através do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Ipojuca (PSA Ipojuca) e a execução das obras está a cargo da Secretaria Executiva de Recursos Hídricos do Estado. A iniciativa consiste em um conjuinto de intervenções previstas nos planos hidroambientais dos rios Capibaribe e Ipojuca, este último que corta a Capital do Agreste. A intenção é proteger as margens do rio de usos indevidos e ocupações irregulares, assim como valorizar o espaço público, incentivando o lazer, a recreação, a prática de atividades físicas, bem como propiciar à população o exercício da educação ambiental.
O Parque Ambiente Janelas para o Rio na cidade de Caruaru está sendo construído no bairro do Cedro, onde há uma grande densidade demográfica e carência de áreas de lazer. Trata-se de uma área de mais de seis hectares, onde três são voltadas para o reflorestamento. A estrutura contará com calçadas, praça de convivência, pista de cooper, playgrounds, portaria, administração, quiosque, sanitários, vegetação paisagística, além de bloco destinado à educação ambiental, sinalização, ecopontos e iluminação pública.
Diante do exposto acima, apresentamos o presente Projeto de Lei com o objetivo de homenagear uma ilustre figura da nossa querida Capital do Agreste, definindo o nome do Mestre Manuel Eudócio para tal denominação. Eis, a seguir, um breve relato da história do mesmo, como justificativa:
MANUEL EUDÓCIO RODRIGUES, nascido em 28 de janeiro de 1931, no Alto do Moura, em Caruaru, era filho de Eudócio Rodrigues de Oliveira e Maria Tereza da Conceição. Desde cedo trabalhou na agricultura e ocupou suas mãos esculpindo o barro. Frequentou apenas seis meses de escola e foi sempre com a auxílio das mãos e das experiências vividas que o saudoso Mestre Eudócio descrevia todos os anos trabalhando o barro no seu querido Alto do Moura. Essa atividade artística foi iniciada ainda na infância, com a avó louceira, Tereza Maria da Conceição, com quem foi morar após a morte da mãe. Aprendeu, então, a fazer os seus próprios brinquedos de barro, esculpindo cavalos, bois e vacas para brincar.
A partir de 1948, enquanto aprimorava suas técnicas com o Mestre Vitalino, foi desenvolvendo um estilo próprio, incorporando elementos do folclore pernambucano em suas cerâmicas. Mergulhado no universo da cultura tradicional e das experiências cotidianas, teve inspiração para recriar cenas de batizado, enterro, casamento matuto, casamento forçado, casal andando em boi manso, violeiro, sanfoneiro, banda de pífano, cangaceiros, Padre Cícero.
Foram décadas de aprimoramento, de adaptação ao gosto da “freguesia” e de convívio com “fregueses” alemães, franceses, portugueses, americanos, como ele mesmo falava; de viagens ao Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Portugal. O Mestre Manuel Eudócio gostava de fazer bonecos grandes, coloridos, embora menos vendáveis. Suas peças eram feitas em argila úmida, queimadas sem uso de esmalte e, posteriormente, pintadas com tinta óleo brilhosa ou fosca. As primeiras peças foram pintadas a dedo e, onde o dedo não cabia, pintadas com o auxílio de uma varinha. Mais adiante, resolveu deixar as peças ao natural; depois, voltou a pintá-las.
A queima das esculturas sempre foi num forno de quintal, quinzenalmente, exceto quando a encomenda era urgente. De preferência, o forno devia estar cheio, pois, do contrário, seria dispendioso e muito agressivo com a natureza. Seu legado de mais de 50 mil peças de barro representa também outros personagens como Lampião e Maria Bonita, o Trio Nordestino e o Bumba-Meu-Boi. Suas peças compõem coleções particulares e acervos de importantes museus.
Sua família, uma das pioneiras no ramo, teve, então, uma nova geração de ceramistas, composta pelo próprio Eudócio, junto com os irmãos Celestina e Josué. Dos nove filhos de Eudócio, Carlos e José Ademildo, e as respectivas esposas, vivem do barro. Do casal Celestina Rodrigues e Zé Caboclo, as filhas Marliete, Socorro, Carmélia e Helena também se encantaram com ofício. Nosso saudoso Mestre Eudócio teve, ainda, seu trabalho reconhecido passando a ser Patrimônio Vivo de Pernambuco, em 2005.
Em 10 de fevereiro de 2016, o Mestre Manuel Eudócio foi internado no Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, acometido por chicungunha, vindo a falecer em decorrência de falência múltipla dos órgãos na noite de 13 de fevereiro do mesmo ano, aos 85 anos.
Sua dedicação, desde criança, ao barro e à agricultura, tirando da mãe terra a matéria prima para criação de tanta beleza, que é sustento para inúmeras famílias, leva-nos a apresentar o presente Projeto de Lei, denominando de Parque Mestre Manuel Eudócio, o Parque Ambiental Janelas para o Rio, que está sendo construído no município de Caruaru, para o qual solicito a aprovação dos nobres Pares desta Casa Legislativa.
Histórico
Informações Complementares
Status | |
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Situação do Trâmite: | AUTOGRAFO_PROMULGADO |
Localização: | SECRETARIA GERAL DA MESA DIRETORA (SEGMD) |
Tramitação | |||
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1ª Publicação: | 23/11/2021 | D.P.L.: | 54 |
1ª Inserção na O.D.: |
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