Alepe - Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco

     Art. 1° Fica inscrito o nome de Eduardo Henrique Accioly Campos no Livro do Panteão dos Heróis e Heroínas de Pernambuco – Fernando Santa Cruz.

     Art. 2° Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Nascido em 10 de agosto de 1965, Eduardo Henrique Accioly Campos é filho de Ana Lúcia Arraes de Alencar, ex-ministra do Tribunal de Contas da União, e do poeta Maximiano Accioly Campos. De pronto, vale destacar, na árvore genealógica de Eduardo, que ele era neto de Miguel Arraes de Alencar, advogado e economista nascido no Ceará, mas com trajetória política desenvolvida no estado de Pernambuco.

Da união com sua esposa, a economista e auditora Renata de Andrade Lima Campos, nasceram João – atual prefeito do Recife, Eduarda, Pedro – atual deputado federal por Pernambuco, José e Miguel.

Formado na Universidade Federal de Pernambuco, Eduardo graduou-se em economia com 20 anos, no ano de 1986. Aprovado no vestibular aos 16 anos, no ato de sua formatura foi escolhido pelos seus colegas como orador daquela turma. Sua vida política iniciou-se no campus da universidade, quando presidiu o Diretório Acadêmico do curso.

A partir de então, Eduardo ingressou de vez na política partidária. No ano seguinte, em 1987, fez parte da campanha que elegeu seu avô ao Governo de Pernambuco. Na gestão de Dr. Arraes, atuou como chefe de gabinete, e foi o responsável pela criação da primeira Secretaria de Ciência e Tecnologia do Nordeste e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE).

Em 1990, Campos filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro, onde permaneceu até seu último dia de vida. Neste mesmo ano, elegeu-se nesta Casa Legislativa como deputado estadual. Quatro anos depois, foi eleito por mais de 133 mil pernambucanos como deputado federal. Entre 95 e 98, licenciou-se para compor o secretariado de Arraes, que mais uma vez assumiu o governo do estado.

Já no ano de 1998, Eduardo voltou a concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, quando obteve quase 174 mil votos – resultado histórico para aquela época, que veio a ser superado por seu filho, João, quando se elegeu deputado federal em 2018 alcançando a marca de 460 mil votos.

Com uma brilhante atuação na Câmara, sendo relator de importantes CPI’s e um dos principais articuladores do primeiro mandato do presidente Lula no parlamento, Eduardo foi convidado a assumir o Ministério da Ciência e Tecnologia em 2004. No MCT, não era de se esperar outra coisa de um dos mais jovens ministros de Lula: muita entrega e lançamentos de iniciativas que repercutem até os dias atuais, como a criação da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, considerada a maior olimpíada de matemática do mundo em número de participantes.

No ano seguinte, Eduardo assumiu a presidência nacional do PSB. Licenciou-se para disputar o Governo de Pernambuco em uma campanha histórica, quando as pesquisas eleitorais lhe colocaram na terceira colocação, mas foi eleito com mais de 60% dos votos válidos para governador no segundo turno. Sua reeleição, em 2009, foi uma das mais bonitas já vistas em Pernambuco: alcançou 80% dos votos válidos no primeiro turno, recebendo o título, àquela época, como o governador mais bem votado do Brasil.

Sua atuação em Pernambuco, entre os anos de 2007 e 2014, “inaugurou vida na vida das pessoas”, como ele mesmo gostava de definir como deveria ser o papel de uma gestão pública. Em parceria com o Governo Federal, foram entregues obras estruturantes como a ferrovia Transnordestina, a Refinaria de Petróleo Abreu e Lima, a fábrica de hemoderivados Hemobrás e a recuperação da BR-101.

Em 2009, Pernambuco cresceu economicamente mais do que o Brasil. Na segurança pública, houve redução dos índices de violência com a implantação do premiado programa Pacto pela Vida. O número de homicídios no estado sofreu uma queda de 39,10% desde o início do programa.

Na educação, criou o Programa Ganhe o Mundo, que dava a oportunidade de estudantes da rede pública de ensino a conhecerem outros países através de intercâmbios. Na saúde, entregou a Pernambuco três novos hospitais (Hospital Miguel Arraes, em Paulista; Hospital Pelópidas Silveira, no Curado; e o Hospital Dom Helder, no Cabo de Santo Agostinho).

Em 2014, Eduardo deu um grande e significativo passo em sua trajetória política: candidatou-se a presidência da República, tendo a ex-ministra Marina Silva como vice-presidente em sua chapa. Em 04 de abril daquele ano, em uma solenidade que reuniu centenas de pessoas na frente do Palácio do Campo das Princesas, renunciou ao mandato de governador. Em um discurso emocionado, Eduardo disse que saía do governo do estado com a esperança revigorada e a esperança de um Brasil democrático.

No dia 12 de agosto do mesmo ano, antes do início da campanha eleitoral, Eduardo Campos deu sua última entrevista, no Jornal Nacional, da TV Globo. Deixou marcado, em suas considerações finais, o chamamento a todos e todas para que não desistíssemos do Brasil e que criássemos uma sociedade mais justa.

O país foi surpreendido com a trágica notícia de seu falecimento, em 13 de agosto, em um acidente aéreo ocorrido em Santos, no litoral paulista, onde deslocava-se para compromissos de campanha. A fatalidade, que atingiu Eduardo e todos os passageiros do voo, gerou uma comoção nacional e internacional. Seu velório, cortejo e sepultamento reuniu milhares de pessoas na cidade do Recife.

Eduardo Campos apresenta todas as características que lhe credenciam a integrar o honroso Livro do Panteão dos Heróis e Heroínas de Pernambuco – Fernando Santa Cruz. Todas as regiões do nosso estado foram testemunhas dos excelentes anos que viveram sob a gestão de Eduardo, que imprimia seriedade, compromisso e avanços nas mais diversas frentes. A inscrição do nome de Eduardo Campos é também uma forma bastante generosa desta Assembleia Legislativa em reverenciar o ex-parlamentar que integrou a Casa de Joaquim Nabuco.

Perante o exposto, solicito aos meus pares a aprovação deste Projeto de Resolução.