
CAATINGA – Cacique Wedson preocupa-se com impactos do polo gesseiro. Foto: Vinicius Rodrigues/Divulgação
Uma escuta pública sobre os desafios ambientais do Sertão de Itaparica encerrou a programação da Semana do Meio Ambiente da Alepe, na última sexta (6). O evento foi realizado pela Comissão de Meio Ambiente no campus do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) em Floresta.
A presidente do colegiado, deputada Rosa Amorim (PT), encontrou-se no local com integrantes de povos indígenas e quilombolas, que apresentaram desafios e demandas. “A gente precisa olhar para o nosso Sertão, a Caatinga, o Semiárido e, mais do que tudo, as grandes questões que a região enfrenta, principalmente com a pauta da transição energética”, acredita a parlamentar.
Os participantes destacaram os impactos da mineração. Segundo o Cacique Wedson, do Povo Indígena Atikum, empresas do polo gesseiro devastaram 56% do bioma Caatinga. “A gente pergunta o que eles estão fazendo para recuperar, mas não tem nenhum retorno. Lá ficam os buracos das minas e da devastação”, contou. “Já tentamos fazer ações de reflorestamento, mas esbarramos na burocracia até para fazer a reparação.”

DESAFIO – Rosa Amorim destacou pauta da transição energética. Foto: Vinicius Rodrigues/Divulgação
Para a gestora técnica da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas), Juliana Serafim, a escuta pública é uma iniciativa essencial. “Precisamos debater sobre como a justiça climática está sendo realizada. Ela é justa mesmo? A Semas se coloca à disposição nessa questão”, observou. Também marcaram presença no encontro os representantes da Articulação Sertão Antinuclear.
Interior
Além do evento em Floresta, duas ações da Semana do Meio Ambiente ocorreram fora da capital. Uma delas foi a visita ao Assentamento Che Guevara, em Moreno, na Região Metropolitana do Recife, com o objetivo de incentivar crianças e jovens a lutar em defesa do meio ambiente. No local, foi realizada uma oficina de agrofloresta com estudantes da Escola Estadual de Referência em Ensino Médio (Erem) Cardeal Dom Jaime Câmara e do projeto Ler para Ser, além de entidades e órgãos estaduais e municipais. Também foram compartilhadas experiências do Roçado Solidário.
A outra atividade foi a audiência pública com o tema “Água no Agreste: desafios e soluções para a gestão sustentável dos recursos hídricos”, na Câmara de Vereadores de Caruaru (Agreste). A reunião contou com a participação de movimentos sociais e de trabalhadores do campo, além de representantes da Compesa e de legisladores municipais.
A presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alepe observou a distribuição hídrica desigual no Brasil, sendo mais afetadas as comunidades periféricas e rurais. “Ainda temos 350 mil famílias que não têm como armazenar água para o consumo doméstico, e isso é muito grave. Em Pernambuco, mais de um milhão de pessoas vivem sem acesso à água tratada. Na zona rural, só 37% da população tem acesso aos sistemas de abastecimento”, denunciou Rosa Amorim.

AGRESTE – Audiência pública debateu gestão sustentável de recursos hídricos. Foto: Vinicius Rodrigues/Divulgação
O gerente de Negócios do Agreste Central da Compesa, Antônio Freire, justificou a necessidade de intervenções de pequeno porte. “A Adutora do Agreste hoje traz água para mais de 20% dos municípios de Pernambuco, incluindo Caruaru. Agora, é preciso garantir que essa água chegue às casas das pessoas, o que demanda obras e estrutura”, explicou.
Ao longo da Semana do Meio Ambiente, também foram promovidas atividades na Alepe, como a exposição “Parque de Dois Irmãos: O Coração do Pernambucano”, feira agroecológica, plantio de mudas de mangue e uma plenária do Fórum Estadual do Lixo e Cidadania (Flic-PE).