Comissão de Educação aprova inscrição de Gregório Bezerra no Livro dos Heróis de Pernambuco

Em 17/08/2023 - 13:08
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PANTEÃO – Projeto que inclui o político no Livro dos Heróis e das Heroínas do Estado é de autoria de João Paulo (centro) e teve parecer favorável de Waldemar Borges (esquerda). Foto: Paulo Pedrosa

Os parlamentares da Comissão de Educação da Alepe aprovaram na reunião desta quinta (17) o Projeto de Resolução nº 738/2023, que propõe inscrever o militar e político Gregório Bezerra no Livro do Panteão dos Heróis e das Heroínas de Pernambuco – Fernando Santa Cruz. Outras cinco matérias também foram aprovadas no encontro.

O projeto recebeu parecer favorável do relator e presidente do colegiado, deputado Waldemar Borges (PSB). Ele destacou o fato de Gregório ter dedicado a vida a um ideal e ter demonstrado coerência ao longo dos anos. Borges contou ter presenciado, ainda criança, a cena que fez de Bezerra um dos mártires da ditadura militar (1964-1985) em Pernambuco. “Vi esse homem ser arrastado pelas ruas do bairro de Casa Forte, no Recife. Era puxado por uma corda. Havia um grupo de soldados à sua volta e a multidão vendo atônita aquele ato de selvageria. Eu, uma criança, não entendi nada. Só depois vim compreender o que cada ator daquela cena significava. Posso dizer que Gregório é mesmo um herói e me honra muito ser o relator dessa matéria”.

O autor da proposta, deputado João Paulo (PT), disse que se sente influenciado por Gregório Bezerra. “Ele nos inspira na coragem, ousadia, resistência e também nos sonhos de um mundo onde todos possam viver com dignidade, emprego, saúde, cultura e as pessoas possam ser felizes”.

Biografia

Gregório Lourenço Bezerra nasceu em Panelas, no Agreste Central, em 1900. Aos quatro anos de idade, começou a trabalhar na lavoura de cana-de-açúcar. Aos nove, já havia perdido pai e mãe e migrou para o Recife para morar com a família dos fazendeiros que o empregavam com a promessa não cumprida de poder estudar. Gregório precisou morar na rua e se abrigava entre os túmulos do cemitério de Santo Amaro, na região central da cidade. Só conseguiu se alfabetizar aos 25 anos.

Trabalhou como carregador de bagagens, jornaleiro e operário. Começou a se interessar por política quando, ainda jornaleiro, ouvia a leitura de parte dos periódicos feita por seus colegas de profissão. Foi preso quatro vezes e passou ao todo 22 anos detido por motivos políticos. Em 1922, se alistou no Exército e posteriormente entrou para a Escola de Sargentos. 

Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1930. Participou da Intentona Comunista (1935). Foi o deputado federal mais votado de Pernambuco em 1946 e teve o mandato cassado dois anos depois por ser comunista. Com o golpe militar de 1964 foi preso, submetido à violência e exibido à população, incitada a linchá-lo. Gregório eternizou no livro Memórias o registro de sua trajetória dedicada à luta pelos direitos da classe trabalhadora. Morreu em 1983.