
VISIBILIDADE – “Vamos dar voz a essa parcela da população muitas vezes negligenciada pela sociedade”, anunciou João de Nadegi. Foto: Jarbas Araújo
A Alepe ganhou uma comissão parlamentar especial para atuar em Defesa dos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e de outras Neuroatipicidades. Durante a Reunião de Instalação, nesta segunda (10), deputados, familiares e entidades representativas de indivíduos com essa condição cobraram políticas públicas permanentes, especializadas e multidisciplinares em Pernambuco.
Autor da iniciativa e presidente do colegiado temporário, o deputado João de Nadegi (PV) informou que o compromisso nos próximos 180 dias será construir coletivamente um relatório a ser apresentado aos órgãos de controle, identificando os principais desafios a serem superados e propostas de ações. “Vamos dar voz a essa parcela da população muitas vezes negligenciada pela sociedade. Nosso objetivo é pensar de forma plural num plano de inclusão estadual”, afirmou.

RELATÓRIO – Rodrigo Novaes quer trabalhar em três eixos: escuta dos envolvidos, propostas para a educação e melhoria do atendimento à saúde. Foto: Jarbas Araújo
Segundo o relator, deputado Rodrigo Novaes (PSB), os trabalhos serão guiados por três diretrizes: “Vamos primeiro ouvir o público com TEA e seus familiares para conhecer a realidade vivida por ele. Juntos, queremos trabalhar pela ampliação dos atendimentos multiprofissionais de saúde e por uma educação preparada para atendê-los”, informou.
Vice-presidente da comissão, a deputada Rosa Amorim (PT) denunciou a carência de profissionais capacitados nas mais diversas áreas de atendimento, especialmente no Interior. Ainda falaram no encontro os deputados Mário Ricardo (Republicanos), Joãozinho Tenório (Patriota), João Paulo Costa (PCdoB) e Rodrigo Farias (PSB).
Demandas

SAÚDE – “Não temos neuropediatras, neurologistas e psiquiatras especializados”, denunciou Robson Menezes, da LigaTEA. Foto: Jarbas Araújo
Fundador da Liga dos Advogados que Defendem Autistas (LigaTEA), Robson Menezes registrou a dificuldade de diagnóstico desses pacientes, especialmente por meio da rede pública de saúde. “Não temos neuropediatras, neurologistas e psiquiatras especializados em número suficiente em Pernambuco. Com isso, negamos às famílias o direito básico e legal ao diagnóstico precoce, antes dos 24 meses de idade”, lamentou.
Mãe de gêmeos com essa condição e fundadora do grupo MobilizaTEAPE, Polly Fittipaldi cobrou atenção também para os pacientes adolescentes e adultos. “Eles ficam no limbo das ações. Hoje, as poucas políticas oferecidas pelo Estado são direcionadas à infância”, denunciou.
Consultora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marly Pires pontuou a necessidade de garantir equipes multiprofissionais nas escolas, enquanto Erica Rocha, do Grupo de Apoio aos Pais de Pessoas com Autismo (Gappa) Camaragibe, pediu ações de atenção aos familiares, em especial às mães cuidadoras. “Estamos desesperadas, carecendo de políticas de acolhimento, lazer, saúde e renda”, acrescentou.

APELOS – Daniela Pedrosa, do Grupo de Mães Especiais, criticou a falta de espaços de lazer e de equipamentos especializados de saúde. Foto: Jarbas Araújo
Em nome do Grupo de Mães Especiais de Pernambuco, Daniela Pedrosa denunciou a falta de espaços de lazer e de equipamentos especializados de saúde. “Onde estão os espaços culturais para acolher nossas crianças, adolescentes e adultos com TEA? Atualmente, nossos filhos são encaminhados para os centros de atenção psicossocial, que não estão preparados para recebê-los”, garantiu.
Governo do Estado

UNIÃO – “Caminho é o diálogo com entidades que já acumularam um conhecimento riquíssimo sobre o TEA”, defendeu a secretária Patrícia Caetano. Foto: Jarbas Araújo
Secretária executiva estadual de Promoção da Equidade, Patrícia Caetano elogiou a iniciativa da comissão especial, pois acredita que as ações precisam ser pensadas conjuntamente. “O caminho é o diálogo do Poder Público com essas entidades que já acumularam um conhecimento riquíssimo sobre o TEA”, disse, admitindo a necessidade de ampliar os atendimentos médicos especializados e a capacitação dos profissionais da educação em Pernambuco.
Segundo a gestora, o Governo do Estado criou um grupo de trabalho específico para tratar do tema e lançou uma plataforma para levantar dados sobre esses pacientes.
Entenda
Pessoas com TEA têm uma forma diferente de vivenciar experiências, agir e interpretar o mundo. Em geral, elas têm dificuldades em comunicação e interação social, apresentando padrões de movimentos restritos e repetitivos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que haja 70 milhões de pessoas com transtorno, sendo cerca de 2 milhões só no Brasil.