
OBSTÁCULOS – Deputado criticou ações que teriam atrasado e dificultado a vacinação de crianças. Foto: Jarbas Araújo
O deputado João Paulo (PCdoB) condenou, nesta quarta (2), o que considera “atrasos, relutância, interferência de crendices e postura anticiência” por parte de membros do Governo Federal, além de fake news relacionadas à vacina. O pronunciamento, feito na Reunião Plenária, enfatizou a nova onda de Covid-19 provocada pela Ômicron e o início da campanha de vacinação infantil contra o coronavírus.
A maior capacidade de contágio da nova variante preocupa o comunista. “Embora a gravidade dos casos tenha sido atenuada pela imunização da população, o nível de incidência pode atingir os patamares dos momentos mais agudos, aumentando o número de mortes”, assinalou.
Por isso, ele defendeu a vacinação em massa, a exigência do passaporte de imunização nas escolas e a manutenção de cuidados como uso de máscaras e distanciamento social. O parlamentar também se colocou contra festas privadas e eventos pagos.
Em seguida, João Paulo criticou ações do Governo Federal que teriam atrasado e dificultado a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos, mesmo após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberar o procedimento, em dezembro do ano passado. Ele lembrou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chegou a descartar a urgência da medida e anunciar consulta pública sobre o tema. Destacou, ainda, que o presidente Jair Bolsonaro rejeitou a vacina para a filha de 11 anos.
Negacionismo
O deputado do PCdoB também lamentou a nota técnica da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde que classifica a hidroxicloroquina como eficaz para o tratamento contra a Covid-19, enquanto afirma que as vacinas não demonstram a mesma efetividade. O documento contraria estudos e orientações de cientistas e autoridades sanitárias.
Na avaliação do parlamentar, membros do Governo Federal chancelam “forças obscuras e anticiência” e não tratam a pandemia com a seriedade necessária, inclusive promovendo aglomerações e se opondo ao uso de máscaras. Essa atuação teria contribuído para que o Brasil chegasse, nessa terça (1º), a quase 26 milhões de pessoas infectadas e 628 mil mortos.
“Os dados mostram que, no momento, a imensa maioria dos internados são pessoas não imunizadas. A única saída é a vacina”, observou. “Como ainda teremos que aturar o Governo Bolsonaro até janeiro do ano que vem, será preciso que a sociedade mantenha a sua luta em defesa da imunização, da ciência e das medidas necessárias para conter a nova onda do coronavírus”, sustentou.

APARTE – Teresa Leitão vê “falta de solidariedade e negacionismo” entre os que se opõem à imunização em massa. Foto: Jarbas Araújo
Em aparte, o deputado José Queiroz (PDT) endossou a fala do colega, registrando que o País chegou a ter uma média móvel de mortes por Covid-19 abaixo de 70 ao dia em dezembro de 2021. Atualmente, são mais de 600 óbitos diários, o que o pedetista considera uma calamidade: “Mas o Brasil se ajusta a essa realidade, buscando superar as dificuldades que o presidente coloca para a vacinação”.
Por sua vez, a deputada Teresa Leitão (PT) apontou “falta de solidariedade e negacionismo” entre os que se opõem à imunização em massa. “Quem não se vacina e, geralmente, não quer usar máscara, é um transmissor em potencial do vírus. Acha-se no direito de contaminar um amigo, vizinho ou colega de trabalho. Essa pessoa deveria se recolher ao reduto do lar, pois o ser social precisa respeitar os outros”, expressou.
“Pandemia do capitalismo”
No tempo destinado à Comunicação de Lideranças, João Paulo voltou a se pronunciar sobre a pandemia, mas, dessa vez, comentando a relação entre os sistemas políticos e o enfrentamento ao problema. Segundo ele, as contaminações foram maiores nos países capitalistas, enquanto os socialistas teriam sofrido menos com a Covid-19.
O parlamentar informou que, no mundo capitalista – cerca de 80% da população do planeta –, foram infectadas mais de 285,4 milhões de pessoas (99% do total de contaminados), das quais mais de 5,4 milhões (99,2%) morreram. Enquanto isso, nos países socialistas, o contágio atingiu 2,87 milhões de habitantes (1%), resultando em 46 mil óbitos (0,8%).
“A primeira razão está na prioridade que os capitalistas deram aos negócios e ao lucro, enquanto os socialistas privilegiaram a vida, paralisando as atividades produtivas sempre que necessário”, frisou o deputado. Para ele, o “individualismo exacerbado” do capitalismo também teria inviabilizado medidas coletivas para controlar a pandemia, bem como a “irracionalidade” de segmentos contrários à imunização.
“Já nos países socialistas, não só as normas de controle de contágio foram possíveis e eficazes, como ainda se desenvolveu uma ampla solidariedade social, com a entrega de produtos essenciais aos mais vulneráveis. Além disso, o Estado assegurou a subsistência dos trabalhadores que perderam o emprego”, observou.
Das 4,8 bilhões de vacinas aplicadas no mundo, mais de 3 bilhões (62,5%) foram em cidadãos de nações socialistas, prosseguiu João Paulo. “Destaco o caso de Cuba que, apesar do cruel bloqueio econômico estadunidense, já desenvolveu cinco imunizantes de alta resolutividade e vacinou toda a população”, exemplificou. “Esse cenário é mais uma prova de que o socialismo e a democracia são os melhores modelos de gestão pública”, concluiu o parlamentar.