Debate: analistas em Gestão Educacional apontam desvalorização salarial

Em 03/08/2021 - 15:08
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PISO – “É uma medida de impacto financeiro muito pequeno, já que o quadro de profissionais está bastante reduzido”, pontuou Teresa Leitão. Foto: Evane Manço

A Comissão de Educação promoveu audiência pública, nesta terça (3), para discutir a situação salarial dos analistas em Gestão Educacional do Estado. A categoria de nível superior – que, atualmente, recebe em torno de 1,5 salário mínimo – reivindica remuneração equivalente à de outras carreiras de analistas estaduais. Também pleiteia a reformulação do plano de cargos e carreiras (PCC), a atualização das atribuições legais e o direito de optar entre a carga horária de 30 ou 40 horas semanais.

A iniciativa do debate partiu da deputada Teresa Leitão (PT), que contou ter se reunido virtualmente com dezenas de analistas e membros de entidades representativas durante o recesso parlamentar. “Eu me comprometi a trazer o tema para a Alepe e envolver a Secretaria Estadual de Educação. Queremos abrir o semestre legislativo construindo uma alternativa urgente para a categoria”, disse. 

“É uma medida de impacto financeiro muito pequeno, já que o quadro de profissionais está bastante reduzido em virtude da desvalorização salarial”, acrescentou. A petista defendeu, ainda, que os analistas em Gestão Educacional tenham piso, salário e carreira definidos.

Demandas

“Queremos um salário digno e justo. Um concursado de nível superior deve receber entre 20% e 50% a mais que um com formação exigida até o Ensino Médio, o que não ocorre em nossa categoria”, argumentou o presidente da Associação dos Analistas em Gestão Educacional de Pernambuco (Aagepe), Navarro Júnior.

LUTA – Representante da categoria, Navarro Júnior criticou a disparidade em relação a analistas de outras áreas: “Queremos um salário digno e justo”. Foto: Evane Manço

Segundo ele, analistas da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) e da Controladoria Geral do Estado (CGE) chegam a receber seis vezes o que ganham os profissionais da Educação com atribuições semelhantes. Ele pediu, ainda, que a associação participe da mesa de negociações que envolve educadores e Governo do Estado.

A pauta é vista como prioritária pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Ivete Caetano. “Entre todos os profissionais que representamos, sem dúvidas, os cerca de 1,2 mil analistas são os mais feridos em seus direitos. É preciso resolver a questão de forma urgente”, pontuou. Ela lembrou que a categoria recebe menos que as demais do quadro da educação, como assistente administrativo e professor de magistério.

“O que pedimos é a sensibilidade dos gestores para a situação. Nosso salário se desvalorizou muito nos últimos anos e o analista sem outro vínculo profissional tem hoje dificuldades para sobreviver”, relatou a professora Ioná Clécia, da Gerência Regional de Garanhuns. Profissional do Núcleo de Atenção ao Servidor, Renata Barros argumentou que a desvalorização financeira e profissional tem afetado a saúde física e emocional do grupo: “Estamos desmotivados e adoecidos”, contou.

Encaminhamentos

DISCUSSÃO – Segundo Alamartine Carvalho, a Secretaria de Educação já instituiu uma comissão para fazer a análise técnica e jurídica da atualização do PCC. Foto: Evane Manço

O secretário-executivo Alamartine Carvalho informou que a Secretaria Estadual de Educação já está acompanhando os pleitos. “No dia 30 de junho, publicamos uma portaria para instituir uma comissão responsável por fazer as avaliações técnicas e jurídicas da atualização do PCC. O grupo conta com analistas educacionais, que podem levar a questão para dentro do colegiado”, informou. De acordo com o gestor, um relatório sobre o tema deve ser apresentado no prazo de 90 dias.

Presidindo a audiência pública, o deputado Professor Paulo Dutra (PSB) informou que encaminhará à pasta todas as demandas levantadas no encontro virtual e acompanhará os desdobramentos futuros. “O debate buscou construir caminhos que atendam a todos”, afirmou. Os deputados João Paulo (PCdoB) e William Brigido (REP) se mostraram dispostos a contribuir com a discussão.