
ARTICULAÇÃO – “Apenas juntos, por meio do consenso, conseguiremos viabilizar as medidas capazes de reerguer nossa economia”, afirmou Eriberto Medeiros. Foto: Roberta Guimarães
O Projeto Fala Pernambuco chegou à quarta edição com a escuta dos setores produtivos do Agreste Central. A iniciativa é fruto de parceria entre Alepe e Sebrae-PE, com foco nas micro e pequenas empresas. Por meio dela, busca-se identificar as políticas públicas e medidas legais mais necessárias para o desenvolvimento econômico de cada região de Pernambuco. No encontro virtual desta quarta (21), as demandas relacionaram-se a infraestrutura, assessoramento técnico, qualificação profissional e aberturas de linhas de crédito, entre outras.
Conforme explicou o presidente da Alepe, deputado Eriberto Medeiros (PP), a pauta, a ser elaborada ao final dos nove encontros programados, entrará na agenda legislativa e será levada ao Governo do Estado. Nela, estarão contempladas as especificidades de cada cadeia produtiva e de cada região de Pernambuco. “Apenas juntos, e por meio do consenso, conseguiremos viabilizar as medidas capazes de reerguer nossa economia”, afirmou.
O superintendente do Sebrae em Pernambuco, Francisco Saboya, ressaltou que os pequenos negócios respondem por metade dos empregos e um terço do PIB nacional. Ele lamentou, entretanto, que Pernambuco seja apontado como o pior ambiente de negócios no País para o segmento e para as médias empresas, conforme pesquisa divulgada há poucos dias pelo Banco Mundial. “Mas o problema é nacional. No ranking de 190 nações pesquisadas, o Brasil aparece na 124ª posição”, ponderou.

PESQUISA – Superintendente do Sebrae-PE, Francisco Saboya lamentou que o ambiente de negócios no Estado desfavoreça pequenas e médias empresas, segundo estudo do Banco Mundial. Foto: Roberta Guimarães
De acordo com o gestor, para garantir prosperidade, é preciso proporcionar condições para a abertura e o crescimento de empresas. “Espero que, ao final dos trabalhos, a gente tenha uma agenda robusta, para influenciar o Legislativo e os poderes Executivos Estadual e municipais. Muito do que precisa ser feito está ao alcance das nossas mãos”, observou Saboya.
Cenário
Representando os gestores locais, a prefeita de Bezerros, Lucielle Laurentino, indicou que as administrações públicas municipais carecem de suporte para elaborar e executar projetos. Segundo ela, 30% das empresas formais da cidade fecharam durante a pandemia. Frisou, porém, a importância de unir esforços para garantir produtos e serviços inovadores no pós-pandemia.
Presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Alepe, o deputado Erick Lessa (PP) enfatizou que o Polo de Confecções do Agreste gera 250 mil empregos diretos. Citou ainda que essa matriz econômica é responsável pela produção de 800 milhões de peças de roupas e faz circular R$ 5 bilhões ao ano. “Emprega mais que a fruticultura de Petrolina, o Polo Automotivo de Goiana ou o Porto de Suape. Mas ainda é preciso destravar a burocracia e melhorar a disponibilidade de recursos hídricos no Agreste”, disse. Essa questão, assim como a do acesso a telefonia e internet, foi reiterada durante as demais apresentações.

BEZERROS – Na pandemia, 30% das empresas formais da cidade fecharam, disse a prefeita Lucielle Laurentino. Foto: Roberta Guimarães
Indústria
Ao apresentar as demandas do setor industrial, o empresário João Bezerra Filho, diretor da Etical Etiquetas, defendeu que Celpe e Compesa se responsabilizem pela implantação da infraestrutura de empreendimentos localizados em áreas urbanas. Propôs, ainda, a criação de softwares voltados para a gestão das indústrias do Polo de Confecções e iniciativas para formalizar a mão de obra dos pequenos produtores, como as costureiras da zona rural.
Em termos de investimentos públicos, Bezerra Filho requisitou iniciativas para auxiliar a migração de empresas para o comércio virtual, programas de capacitação e melhores condições de iluminação e segurança nas vias de acesso à região. No tocante à legislação, o pedido principal foi o parcelamento de dívidas tributárias e a redução de multas e juros para a quitação dos débitos.
Comércio e Serviços
Ao tratar do segmento de comércio e serviços, Zenildo Braz, presidente do Armazém Braz Construção, sugeriu a redução de impostos para a importação de produtos. Também cobrou a recuperação do aeroporto Oscar Laranjeira, em Caruaru, e programas para qualificação de mão de obra nos setores de confecção e gastronomia. Outros pontos foram a redução da burocracia para acesso a crédito, melhorias no transporte público municipal e financiamento de projetos para implantação de usinas fotovoltaicas, como forma de reduzir gastos com energia elétrica.
Agricultura

SUSTENTABILIDADE – A engenheira agrônoma Elizabeth Szilassy solicitou assistência técnica à produção de palma, abacaxi e café e à floricultura. Foto: Roberta Guimarães
A agropecuária e a agricultura familiar foram representadas pela engenheira agrônoma Elizabeth Szilassy, vice-presidente do Conselho de Desenvolvimento Sustentável do Brejo da Madre de Deus. Ela ressaltou a importância de garantir assistência técnica à produção de palma, abacaxi e café e à floricultura, além de incentivos à agroecologia e da implantação de bancos de sementes. Para a estruturação dos órgãos do setor, defendeu a realização de concurso público para o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) e nomeação de 140 profissionais aprovados para ingressar na Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro).
Turismo e Economia Criativa
Representante da área turística e de economia criativa, Jaime Prado defendeu a aprovação do projeto de lei que institui a política de Turismo Rural de Pernambuco e o incentivo à criação de Conselhos Municipais sobre o assunto. “Precisamos sair do turismo de sol e mar apenas e apoiar o turismo rural”, afirmou. Políticas de reflorestamento de áreas de proteção e de pagamentos por serviços ambientais – recompensando atividades de proteção e uso sustentável de recursos naturais – também constam na pauta entregue por ele.