Dificuldades enfrentadas por times de futebol motivam audiência pública

Em 06/04/2021 - 18:04
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LAZER – “Além de paixão do pernambucano, trata-se de uma cadeia econômica relevante”, pontuou João Paulo Costa, que preside a Comissão de Esporte. Foto: Roberta Guimarães

A Comissão de Esporte e Lazer promoveu, nesta terça (6), audiência pública virtual para discutir políticas de apoio aos clubes de futebol pernambucanos, atingidos pela crise econômica decorrente da pandemia de Covid-19. Necessária para frear o contágio da doença, a proibição de público nos estádios afetou a principal fonte de arrecadação dessas agremiações, que pedem ao Governo do Estado um aporte de recursos via publicidade institucional, transmissão dos jogos pela TV Pernambuco e retomada do programa de incentivo Todos com a Nota.

“Além de ser uma paixão do povo pernambucano e uma importante forma de entretenimento, o futebol deve ser encarado como uma cadeia econômica de grande relevância. Milhares de pessoas estão envolvidas com o setor, a exemplo de atletas, dirigentes, comerciantes informais e empresários”, pontuou o presidente do colegiado, deputado João Paulo Costa (Avante). 

Solicitante do debate, o deputado Antonio Fernando (PSC) reforçou a necessidade de incentivos aos times neste momento de crise econômica. “Precisamos da união de vários atores públicos para pensar em formas de resolver essa queda de arrecadação. Uma possibilidade a ser analisada é a liberação de acesso aos estádios para torcedores que já tenham sido imunizados”, propôs.

Publicidade e transmissão

INICIATIVA – Antonio Fernando reforçou a necessidade de incentivos neste momento de crise econômica. Foto: Roberta Guimarães

Presidente do Salgueiro Atlético Clube, José Guilherme Ferreira defendeu o patrocínio de empresas ligadas à Administração Pública Estadual, como a Copergás e a Compesa. “O Estado poderia envolver os clubes em campanhas institucionais e de interesse público. O orçamento já reserva recursos para essa finalidade todos os anos, e nossa relação com os torcedores poderia ser útil”, afirmou o dirigente.

Tornar os campeonatos mais atrativos para patrocínios de empresas particulares também foi uma necessidade apontada pelos participantes do encontro. Presidente do Afogados da Ingazeira Futebol Clube, Josinaldo Barbosa pediu que a TVPE, vinculada à Empresa Pernambucana de Comunicação (EPC), promova a transmissão das partidas que envolvam times do Estado, ampliando o alcance dos jogos. “Estamos agonizando e o Poder Público pode nos auxiliar usando a estrutura técnica que possui”, alegou.

Secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Lucas Ramos informou que a EPC está se preparando para participar dos próximos editais relacionados à transmissão das partidas pela televisão. “Assumo o compromisso de ampliar o alcance do sinal da TVPE para que possamos participar de futuras concorrências. Uma maior visibilidade dos jogos abre a perspectiva de os clubes atraírem patrocinadores”, concordou.

Todos com a Nota

SALGUEIRO – “Estado poderia envolver os clubes em campanhas institucionais e de interesse público”, sugeriu José Guilherme Ferreira. Foto: Roberta Guimarães

Presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho expôs as dificuldades das agremiações pernambucanas, em especial as do Interior, para competirem com as de outros Estados que recebem recursos públicos. “Os governos da Paraíba e da Bahia, por exemplo, possuem convênios com os clubes. Não temos como confrontá-los porque eles têm receitas públicas das quais não dispomos”, observou.

Segundo Carvalho, o fim do programa Todos com a Nota, em 2015, significou uma queda de arrecadação anual de até R$ 14 milhões para os times. “Temos plataformas e tecnologia preparadas para retomar o programa de maneira digital”, assegurou. Desenvolvida em Pernambuco entre 2007 e 2016, a iniciativa permitia aos torcedores trocar notas fiscais por ingressos de eventos esportivos, garantindo, assim, repasses públicos às agremiações.

“Em 2011, por exemplo, 20% da receita do Santa Cruz com bilheteria durante o campeonato pernambucano se deu via Todos com a Nota. Na época, isso representou cerca de R$ 800 mil”, exemplificou Joaquim Bezerra, presidente do Santa Cruz Futebol Clube.

Sobre a retomada do programa, Lucas Ramos disse “não ver espaço fiscal para a iniciativa no momento”, destacando as despesas extraordinárias do Estado com a saúde pública. “Mas isso deve ser discutido com o secretário estadual da Fazenda”, ponderou.

Outras iniciativas

ESTADO – Segundo Lucas Ramos, EPC está se preparando para participar dos próximos editais relacionados à transmissão das partidas pela televisão. Foto: Roberta Guimarães

“As dificuldades enfrentadas pelos clubes se acumulam há uma década e foram intensificadas neste período de pandemia. O Governo de Pernambuco é sensível à questão e promove diferentes ações para apoiar projetos para o setor”, acrescentou Davi Oliveira, que representou a Secretaria Estadual de Educação e Esportes. O gerente de Esportes da pasta citou, como exemplo, a lei que concede benefício fiscal a empresas que fomentem atividades esportivas em Pernambuco. Um novo edital do programa deve ser lançado no início do segundo semestre.

Os deputados Joaquim Lira (PSD) e Henrique Queiroz Filho (PL) comprometeram-se a provocar o Poder Público Estadual. “Milhares de pessoas dependem diretamente dessa cadeia econômica. Se não houver apoio do Estado, a gente vai ver o sonho do futebol pernambucano se acabar”, frisou Lira. “As modalidades esportivas precisam ser incluídas no plano de retomada econômica do Governo de Pernambuco”, concluiu Queiroz Filho.