Juntas alertam para alto índice de mortalidade materna durante pandemia

Em 03/09/2020 - 13:09
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ALTA – “Situação é muito grave, e é preciso que os poderes públicos tomem providências para reverter o quadro.” Foto: Giovanni Costa

No Brasil, 124 gestantes e puérperas morreram de Covid-19. A informação foi apresentada pela deputada Jô Cavalcanti, titular do mandato coletivo Juntas (PSOL), durante a Reunião Plenária desta quinta (3). Segundo a parlamentar, o número representa 77% das mortes registradas no mundo durante a pandemia e é resultado de um estudo feito por profissionais de saúde de instituições públicas brasileiras, a partir de dados do Ministério da Saúde, divulgado há cerca de dois meses.

De acordo com Jô Cavalcanti, fatores como atendimento de pré-natal de baixa qualidade, falta de recursos para cuidados críticos e de emergência, disparidades raciais no acesso aos serviços, além da violência obstétrica e das barreiras colocadas pela epidemia, são alguns motivos para a alta taxa no País. “Essa situação é muito grave, e é preciso que os poderes públicos tomem providências para reverter o quadro”, observou.

A situação no Estado também preocupa a deputada. O Comitê de Mortalidade Materna do Movimento de Mulheres de Pernambuco denunciou que, nos últimos meses, estaria havendo uma desarticulação na rede de atenção básica, resultando na elevação de casos de gravidez de risco, partos prematuros e óbito fetal sem causa identificável. Em agosto, as Juntas encaminharam o Requerimento nº 2349/2020 ao governador Paulo Câmara e ao secretário de Saúde, André Longo, pedindo informações sobre o atendimento a essas mulheres, mas ainda não obtiveram resposta. 

“Gestantes são atendidas nas unidades de saúde e vão a óbito, mas  essas mortes não estão sendo investigadas. Queremos saber qual a prioridade do Governo do Estado em relação a essa situação”, salientou a psolista. O documento indaga, entre outros pontos, sobre a disponibilidade de serviços de pré-natal antes e durante a pandemia, quantas consultas foram feitas nesses dois períodos, a quantidade de  casos de gestantes de risco e as campanhas de alerta para os riscos trazidos pelo novo coronavírus a gestantes e puérperas. 

A parlamentar ainda anunciou que o tema será objeto de debate na Comissão de Cidadania, que é presidida pelas Juntas, em conjunto com os colegiados de Saúde e de Defesa da Mulher.