Polo de Confecções: representantes pedem reabertura do setor em audiência de Desenvolvimento Econômico

Em 24/07/2020 - 19:07
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ENCONTRO – Presidente da Comissão, Erick Lessa disse contar com “a sensibilidade do Governo do Estado e a participação dos municípios da região para que haja a reabertura”. Foto: Jarbas Araújo

Gestores de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, além de empresários e comerciantes da região, fizeram um apelo ao Governo do Estado por mais agilidade na reabertura das feiras do Polo de Confecções. O assunto foi debatido nesta sexta (24) com o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach, em reunião extraordinária por videoconferência da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Alepe. Na ocasião, ele se comprometeu a encaminhar as demandas e sugestões ao comitê de crise de Pernambuco. 

Ao falar sobre o Plano de Convivência das Atividades Econômicas com a Covid-19, Schwambach explicou que as 11 etapas previstas para a liberação dos 32 setores são adotadas de forma gradativa para evitar o “efeito sanfona”, ou seja, um novo fechamento de um segmento, depois de reaberto, caso a curva de contaminação saia do controle. Segundo ele, as avaliações são feitas semanalmente, de forma regionalizada, e consideram, além dos números de infecções, dados sobre a disponibilidade de leitos para tratamento da Covid-19.

CONTÁGIO – Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado explicou que as 11 etapas previstas para a liberação dos 32 setores são adotadas de forma gradativa para evitar o “efeito sanfona” da Covid-19. Foto: Jarbas Araújo

Schwambach frisou que a Região Metropolitana do Recife, primeira a ser atingida, atualmente está em situação mais estável e, por isso, alcançou a etapa 6 do plano. Mas o Agreste está na 4, devido a fatores como o aumento, na semana passada, das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave. Ao tratar especificamente do Polo de Confecções, admitiu que esse setor econômico é um dos mais complexos do plano de reabertura. E comparou a aglomeração em uma semana à de uma partida de futebol. 

“O polo é um caso único no mundo. Não é somente um equipamento; envolve atividades diferenciadas com uma grande quantidade de trabalhadores. Ele mobiliza indústria, comércio, logística e serviços de alimentação, hospedagem e transporte”, destacou. “Nossa intenção é abrir o máximo possível da economia, mas precisamos ter condições sanitárias e metodologia. Não podemos liberar atividades com base em achismo, sem que os dados da saúde nos deem conforto para avançar”, emendou.

CONTROLE – Tony Gel observou que feirantes impedidos de expor mercadorias estão vendendo até nas margens de estradas. É preferível reabrir as feiras, atendendo a protocolos, a manter situação atual. Foto: Jarbas Araújo

No início da reunião, o deputado Tony Gel (MDB) assinalou que a reabertura do comércio em geral no Agreste, no último dia 13 de julho, sem liberação das feiras do Polo Têxtil, gerou insatisfação entre os trabalhadores conhecidos como “sulanqueiros”. Segundo ele, feirantes que estão impedidos de expor suas mercadorias no Polo de Confecções passaram a vendê-las em outras localidades e nas margens das estradas. “É como se a feira estivesse funcionando normalmente, mas sem autorização, protocolo ou fiscalização. O índice de contágio, com essa desorganização, está enorme”, disse. 

Para o emedebista, é preferível reabrir esses espaços, com pias instaladas pelas prefeituras e uso obrigatório de máscaras, a manter a situação atual. Ele defendeu que a retomada ocorra no início de agosto, aproveitando o período de menor movimento do polo. E pediu, ainda, a liberação das feiras de gado e de artesanato do município. 

O presidente da Comissão, deputado Delegado Erick Lessa (PP), reforçou o apelo: “As pessoas estão vendendo as roupas nos braços, em bicicletas, carros, motos e estão colocando manequins na BR. Contamos com a sensibilidade do Governo do Estado e a participação dos três municípios, para que haja a reabertura. Os sulanqueiros já mostraram que têm maturidade [para acatar os protocolos]. Não são os vilões dessa história”.  

Prejuízos Prefeito de Toritama, Edilson Tavares afirmou que, após quatro meses de atividades suspensas, a situação econômica do município – onde, segundo ele, 95% dos empregos dependem da confecção – é “gravíssima”. “Muitos empresários estão na beira do precipício. Se demorar mais, corremos o risco de não ter mais negócio para abrir”, disse.

Segundo o secretário de Desenvolvimento de Caruaru, André Teixeira, um protocolo de reabertura do município já foi aprovado pelos feirantes, mas depende da liberação do Estado para  ser implementado. Titular da mesma pasta em Santa Cruz do Capibaribe, Isaac Aragão propôs a medição de temperatura por amostragem nos pontos de vendas para detectar casos suspeitos de Covid-19. 

SEGMENTO – Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru, Luverson Ferreira disse que a cidade já perdeu 4 mil empregos e sugeriu a aferição de temperatura de quem desembarca dos ônibus no município. Foto: Jarbas Araújo

De acordo com o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic), Luverson Ferreira, a cidade já perdeu 4 mil empregos formais. Ele pediu que a situação da Sulanca seja separada da dos demais setores do plano de reabertura econômica, e sugeriu a aferição de temperatura dos passageiros ao desembarcarem dos ônibus no município. Argumentou, ainda, que as feiras e shoppings podem ajudar a propagar medidas sanitárias, efetuando distribuição de máscaras e disponibilizando locais para higienização pessoal. 

Fátima Amaral, da União dos Sulanqueiros, chamou atenção para os prejuízos enfrentados por carroceiros, artesãos e carregadores de frete. Presidente da Associação dos Sulanqueiros, Pedro Moura citou que 80% dos feirantes não dispõem dos meios para trabalhar com delivery. Síndico do Moda Center de Santa Cruz, José Gomes Filho propôs que Pernambuco se espelhe em medidas adotadas em municípios concorrentes do Polo de Confecções do Agreste – como São Paulo (SP), Fortaleza (CE) e Goiânia (GO) – que atualmente estão em funcionamento. 

Após as discussões, Schwambach comprometeu-se a levar as informações debatidas ao conhecimento do Comitê Estadual Socioeconômico de Enfrentamento ao Coronavírus. O deputado João Paulo (PCdoB) defendeu que as decisões sejam tomadas com prudência, preservando, acima de tudo, a vida das pessoas. 

A reunião também teve a participação de representantes da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caruaru (CDL), do Sindicato do Comércio de Vendedores Ambulantes de Caruaru, da Associação Comercial e Industrial de Toritama (Acit) e do Parque das Feiras de Toritama.