Problemas no transporte público da Região Metropolitana do Recife (RMR) motivaram discursos dos deputados João Paulo (PCdoB), Teresa Leitão (PT) e Wanderson Florêncio (PSC), na Reunião Plenária desta terça (28). Os parlamentares defenderam a realização de discussões sobre o tema na Alepe, ampliando proposta feita pelo deputado Romário Dias (PSD) de debater a obrigatoriedade de ar-condicionado nos coletivos.

METRÔ – Risco de paralisação do serviço preocupa João Paulo. Foto: Roberto Soares
O comunista destacou o risco de interrupção, a partir de julho, dos serviços do Metrô do Recife (Metrorec). “O transporte público está em ameaça de colapso na RMR, com a possibilidade de paralisação de um sistema fundamental para a locomoção diária de 400 mil pessoas”, observou. De acordo com ele, a descontinuidade pode vir a ser causada pela falta de investimentos do Governo Federal e ameaças de privatização do sistema.
João Paulo informou que o Metrô do Recife é o terceiro maior do País em demanda, atendendo a quatro municípios: Recife, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e Cabo de Santo Agostinho. “É toda uma estrutura que, em períodos de normalidade econômica e política, serviu a população com eficiência, consolidando-se como patrimônio público do pernambucano”, disse.
Porém o cenário atual, segundo ele, não é animador. “Sem investimentos, os problemas se avolumam: a superlotação em horários de pico, com nove passageiros por metro quadrado, quando o limite seria de quatro; a alta temperatura nos vagões, devido a problemas constantes no sistema de refrigeração e à quantidade de passageiros; o aumento de insegurança devido à precariedade de trabalhadores na área com a não-efetivação dos concursados; além da quebra de trens e da manutenção com peças usadas e recuperadas”, listou.

INVESTIGAÇÃO – CPI sobre tema foi defendida por Teresa Leitão. Foto: Roberto Soares
Por sua vez, Teresa Leitão propôs a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Alepe para abordar o tema do transporte público metropolitano de maneira ampla. “Fizemos um debate, em junho do ano passado, em que ficou demonstrada a existência de elementos suficientes para a instalação de uma CPI que envolva o Grande Recife Consórcio, o Estado e os municípios que são consorciados, bem como o ente federal”, lembrou. “Na época, consegui 15 assinaturas para instalar a Comissão, mas eram necessárias 17.”
A petista informou que, além do aumento no preço das passagens – considerado abusivo pelos participantes –, a audiência pública apontou outras dificuldades, como a manutenção dos ônibus, o cumprimento de itinerários, a “queima” de paradas, os assaltos frequentes e a ocultação de dados sobre o transporte coletivo. “Disseram, na época, que a CPI seria algo da Oposição, mas não tem esse foco”, alegou.
Segundo ela, demandas para debater o tema vêm chegando isoladamente aos gabinetes dos parlamentares. “Mas a gente precisa organizar. A mobilidade urbana é um direito dos cidadãos e da cidadãs”, apontou Teresa. “Quero me associar aos colegas e dizer que não adianta apenas debater se o veículo será ou não refrigerado. Precisamos, enquanto Assembleia Legislativa, participar de maneira ampla dessa discussão e apontar soluções abrangentes.”

BRT – Calor, violência e abandono das estações são queixas dos usuários, informou Wanderson Florêncio. Foto: Roberto Soares
Já Wanderson Florêncio usou a tribuna para repercutir uma reportagem sobre os BRTs publicada nessa segunda (27) em jornal local de grande circulação. “O título se refere às ‘estações-monstro’ e reflete a sensação de quem usa o transporte urbano: medo do abandono, assaltos e descaso permanente”, comentou.
Fruto de investimentos da ordem de R$ 300 milhões, o sistema foi inaugurado em 2014 com a promessa de ser “o melhor do País e o segundo melhor do mundo, até com estações climatizadas, num padrão que só existe em Dubai”, relembrou o parlamentar. “Em qualquer lugar sério, não teríamos esse cenário. Além disso, todo ano são investidos R$ 5,5 milhões para fazer a manutenção das paradas”, complementou.
Estações quentes, quebradas, sem acessibilidade, abandonadas e perigosas foram as principais queixas dos usuários. “Também avança outro problema: o de pessoas que invadem o local sem pagar passagens”, complementou Florêncio. “Apresentei um projeto que prevê que os ônibus tenham entrada USB e wi-fi, de modo que o usuário tenha maior qualidade no transporte público. Nesta legislatura, eu estou de mãos dadas com os colegas para que a gente possa reverter esse descaso. Se a Câmara do Recife tomou a iniciativa de debater o ar-condicionado nos ônibus, nós temos que ampliar a questão”, defendeu.