Isaltino Nascimento expõe preocupação com falta de médicos em Pernambuco

Em 09/04/2019 - 19:04
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Reunião Plenária

PROGRAMA – Após saída dos profissionais cubanos, 220 vagas estão abertas em 93 municípios do Estado, lamentou parlamentar. Foto: Roberto Soares

O deputado Isaltino Nascimento (PSB) registrou que 1.052 médicos brasileiros deixaram o Programa Mais Médicos, do Governo Federal, nos últimos três meses. Isso significa um percentual de 15% de um total de 7.120 profissionais que ingressaram no programa após a saída dos cubanos. Na Reunião Plenária desta terça (9), o parlamentar informou que 220 vagas estão abertas em 93 municípios de Pernambuco.

Nascimento observou que essas vagas não estão apenas em distritos e povoados mais afastados dos centros urbanos. O rol inclui cidades como Bezerros, Carpina, Caruaru, Igarassu, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Petrolina, Recife, Surubim e Vitória de Santo Antão, entre outras.

O socialista criticou o anúncio feito em 2018 pelo então presidente eleito Jair Bolsonaro e pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de que iriam rever os termos da cooperação com Cuba, o que antecipou o fim do convênio com o país caribenho.

“O procedimento adotado pelo Governo Federal de usar a disputa político-ideológica para impedir que os cubanos permanecessem no Brasil atingiu a população mais pobre. É algo muito grave, que afeta principalmente municípios de alta vulnerabilidade, com situação precária e necessidade extrema de atendimento à população”, lamentou.

Em aparte, Teresa Leitão (PT) frisou que os cubanos ocupavam vagas que os brasileiros não quiseram preencher. “Não se pode deixar de reconhecer o conhecimento técnico e científico de Cuba na área da saúde, sobretudo na atenção básica”, observou. Presidente da Comissão de Saúde da Alepe, Roberta Arraes (PP) relacionou os prejuízos na atenção básica à superlotação de hospitais e ao retorno de doenças que haviam sido erradicadas, como o sarampo.

Dulcicleide Amorim (PT) relatou, por sua vez, a convivência com médicas cubanas no distrito de Rajada, em Petrolina. “São pessoas que se incorporam à comunidade e realmente sabem tratar da saúde. Por que não continuar com uma política que deu certo?”, indagou.

Embora reconhecendo o impacto social do programa, Priscila Krause (DEM) propôs uma reflexão sobre a criação de uma carreira de Estado para os profissionais da Saúde, como ocorre com juízes. A democrata salientou, ainda, a necessidade da Reforma Tributária e de mudanças no Pacto Federativo para dar condições aos municípios de investirem em atenção básica.

Priscila também atribuiu ao governo de Cuba a decisão unilateral de romper o contrato com o Brasil, obrigando os médicos a retornarem, inclusive contra a própria vontade. “O problema é que Cuba não atende às relações trabalhistas e legais democráticas.”