PREOCUPAÇÃO – Instalado nesta manhã, colegiado proporá medidas para lidar com a possível extinção de postos de trabalho devido ao avanço da tecnologia. Foto: Neto Lima
Que medidas devem ser tomadas para lidar com a possível destruição de empregos decorrente do avanço da tecnologia em diversas atividades que hoje são feitas por seres humanos? Para tentar responder a essa pergunta, foi instalada na Assembleia, nesta quarta (3), a Frente Parlamentar sobre os Impactos da Quarta Revolução Industrial em Pernambuco. Criado por solicitação do deputado João Paulo (PCdoB), que será o coordenador, o colegiado terá o deputado Professor Paulo Dutra (PSB) como relator.
“Eu vim do mundo do trabalho – fui operário de fábrica e sou filho de um cobrador de ônibus. Como dirigente sindical, observei o sofrimento causado pela falta de perspectiva de emprego e, por isso, me preocupo com o progresso tecnológico que vai levar ao fim milhões de postos de trabalho no Brasil e no mundo”, justificou João Paulo. “A frente quer discutir como as mudanças tecnológicas já geram impactos em Pernambuco, tanto na iniciativa privada quanto no setor público”, continuou o deputado, que já apresentou dissertação de mestrado sobre o tema analisando, especificamente, o setor bancário da Região Metropolitana do Recife.
Na reunião, o coordenador do grupo explicou que a Quarta Revolução Industrial é definida pela substituição da força de trabalho humana por computadores inteligentes e de alta precisão. Um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que 35 milhões de trabalhadores formais correm o risco de perder os empregos para a automação até 2050 no Brasil.
Para ajudar a entender melhor a questão, o colegiado exibiu um vídeo de Michelle Schneider, gerente de vendas da empresa LinkedIn, rede social voltada para o desenvolvimento profissional. Segundo estudos internacionais citados por ela, 47% dos empregos terão desaparecido em 20 anos, e 65% dos atuais estudantes do Ensino Médio vão trabalhar em profissões que ainda não existem.
“Nas outras revoluções industriais, foi possível gerar empregos para trabalhadores menos qualificados. Mas não vejo como um motorista de caminhão de 50 anos, que tenha perdido seu emprego para um veículo autônomo, por exemplo, vá conseguir se adaptar a essa nova revolução. O avanço tecnológico pode encaminhar o mundo para uma desigualdade jamais vista antes”, observa Schneider no vídeo.
Pelo roteiro aprovado nesta primeira reunião, os encontros da frente serão quinzenais. Para discutir a questão em termos regionais, o grupo pretende dialogar com diversos atores que tratam do tema em Pernambuco: universidades, sindicatos, iniciativa privada, Governo Estadual, prefeituras e Poder Judiciário. O setor ligado à tecnologia no Estado, como o Porto Digital, também será chamado, uma vez que o Estado sofre com o desemprego, mas o parque tecnológico tem mais de 900 vagas ociosas.
Também fazem parte da Frente como titulares os deputados Isaltino Nascimento (PSB), Tony Gel (MDB), Doriel Barros (PT), José Queiroz (PDT) e Antonio Fernando (PSC). Os suplentes escolhidos são Priscila Krause (DEM), Adalto Santos (PSB), Fabíola Cabral (PP), Diogo Moraes (PSB) e Delegada Gleide Ângelo (PSB).
