
DEBATE – 5º Encontro Estadual da Mulher com Deficiência é promovido pela Secretaria Estadual da Mulher com o apoio da Assembleia. Foto: Alepe
“Normal é ser feliz.” A frase estava estampada nas camisas dos participantes do maracatu que se apresentou, nesta quarta (28), na Assembleia Legislativa. Os brincantes integram a Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (Apabb), que realizou a atividade como parte da programação do 5º Encontro Estadual da Mulher com Deficiência. O evento foi promovido pela Secretaria Estadual da Mulher em parceria com a Frente Parlamentar dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Alepe e tem o objetivo de fortalecer o empoderamento pela defesa de direitos e pelo poder de decisão.
Com o mote “A Participação das Mulheres com Deficiência nos Espaços de Poder”, o encontro deste ano abordou o baixo número de mulheres nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Maria de Oliveira, representante da Secretaria da Mulher, expôs dados sobre o assunto. “Ou a gente luta para colocar as mulheres dentro dos espaços de poder, ou não conseguiremos construir uma agenda capaz de mudar a realidade”, frisou.

VISIBILIDADE – Arenilda Duque defende que mulheres com deficiência se imponham: “Não podemos ficar em casa, escondidas”. Foto: Alepe
Do Comitê Interinstitucional Pró-Mulher com Deficiência (CIPMCD), Arenilda Duque frisou a necessidade de as mulheres com deficiência se imporem: “Não podemos ficar em casa, escondidas. Lugar de mulher com deficiência é onde ela quiser. Temos que nos expor”. Também falou sobre a importância de se eleger uma mulher com deficiência. “Na eleição, tantas mulheres nos procuram para dizer que nos representam, mas, depois, nada acontece”, lamentou. Presidente do Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência, Antônio Muniz também apontou para a necessidade de união, “principalmente sabendo que pessoas com deficiência e mulheres são segmentos vulneráveis”.
Coordenadora da Frente, a deputada Laura Gomes (PSB) destacou a importância de iniciativas como essa por “fortalecerem as discussões para que as barreiras sejam derrubadas”. “É um momento muito importante para lutar pela presença das mulheres nos espaços de poder. Historicamente, já é difícil, e se torna ainda mais árduo quando se tem o recorte da mulher com deficiência”, avaliou. A deputada lembrou que, para a próxima Legislatura, Pernambuco elegeu dez deputadas estaduais, quatro a mais do que em 2014.

LUTA – Laura Gomes destacou a importância de iniciativa por “fortalecer as discussões para que as barreiras sejam derrubadas”. Foto: Alepe
Mesmo não tendo sido reeleita para a próxima legislatura, Laura Gomes reiterou o compromisso de continuar a luta pela defesa dos direitos humanos e de dar sequência às discussões. “É uma concepção de vida, com ou sem mandato. Trata-se de um compromisso. Enquanto estiver respirando, estarei lutando para que não haja perda das conquistas”, declarou a deputada.
Citando o caso de Maria da Penha, cujo sofrimento impulsionou a aprovação da Lei Federal nº 11.340/2006, que criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, a deputada Simone Santana (PSB) falou sobre a importância de incluir o tema no cotidiano do Parlamento. Atingida por arma de fogo pelo marido, Maria da Penha hoje é cadeirante. Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, a parlamentar colocou o colegiado à disposição para, junto à Frente, atuar no diálogo para empoderamento da mulher com deficiência.
Simone também destacou que, assim como ocorre com as mulheres, o número de pessoas com deficiência nos espaços de poder está distante de refletir o perfil da sociedade. Nesse sentido, lamentou o fato de a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 34/2016 estar parada no Senado. “Em dois anos, nem o relator foi definido”. Apresentada pelo senador Romário, a proposição visa reservar vagas para políticos com deficiência na Câmara dos Deputados e nos legislativos estaduais e municipais durante quatro legislaturas.