
TERESA – “As falas atuais nos remetem ao período da ditadura militar.” Foto: Sabrina Nóbrega
O clima de polarização que antecede o segundo turno das eleições presidenciais e a defesa da democracia brasileira mereceram comentários da deputada Teresa Leitão (PT) e do líder do Governo, deputado Isaltino Nascimento (PSB). Registrando ser esta quinta (25) o último dia para a propaganda eleitoral obrigatória e os grandes comícios dos candidatos, os parlamentares refletiram sobre o quadro político atual.
“Estamos vivendo um momento peculiar no Brasil. A imprensa dá conta do fim de um ciclo iniciado na redemocratização, com a polarização entre PT e PSDB”, observou a petista. “Quisera eu que esse embate tivesse continuidade, porque era baseado em concepções políticas de governo, pois ambos os partidos atuam no marco da democracia: de nossa parte, na construção do socialismo; e na deles, da social-democracia.”
Ela prosseguiu a reflexão pontuando que, atualmente, percebe uma “polarização baseada em fatos mais que adversos, a partir de uma tese de ataque ao nosso regime democrático brasileiro, conquistado a duras penas e ainda em construção”. “As falas atuais nos remetem ao passo anterior ao da redemocratização, que foi a ditadura militar”, acredita Teresa. “Quem tiver dúvidas, ouça os depoimentos do filho de Vladimir Herzog e de Rubens Paiva, e de quem mais viveu os ‘anos de chumbo’.”
A deputada criticou o uso de notícias falsas na campanha eleitoral, a exemplo de um suposto “kit gay”, que seria distribuído nas escolas, e da comercialização de “mamadeiras eróticas”. “Se alguém falar disso para você, peça um exemplar. Essas coisas só existem na maldade do imaginário”, garantiu.
Teresa condenou, ainda, ataques recentes aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), fato que também foi abordado por Isaltino Nascimento. “Tenho críticas profundas a algumas questões, mas são respeitosas”, disse a petista. “Ouvimos falas no sentido de controlar a Corte maior do País, com ameaças de fechamento ou de imposições, como ampliar o número de membros para se ter a maioria indicada pelo mesmo presidente”, observou o pessebista.
“Esses acontecimentos mais recentes vinculados a uma candidatura conservadora e retrógrada têm tocado aqueles que acreditam que o Brasil deve permanecer sob a égide da democracia e da liberdade”, complementou o líder do Governo. “O posicionamento mais recente deu conta de como os opositores dessa visão autoritária devem ser tratados se esse projeto for vitorioso no domingo. A gente já viveu isso entre 1964 e 1985, quando muitos saíram de Pernambuco para outros países por medo de serem perseguidos ou mortos.”

ISALTINO – “Precisamos de uma unidade em torno das forças democráticas.” Foto: Sabrina Nóbrega
Nascimento avalia que há um movimento contrário ressurgindo e destaca o cenário em Pernambuco: “Temos a oportunidade de marcarmos na história a posição de altivez do povo pernambucano em 2018. Esta Casa tem a responsabilidade de cerrar fileiras contra posturas autoritárias, conservadoras, antidemocráticas e de entreguismo do País”, conclamou o deputado. Esperamos que todos aqueles que se sentem acuados e ameaçados possam colocar um adesivo e se posicionar.”
Os dois parlamentares, assim como o deputado Edilson Silva (PSOL), convidaram os colegas e a população a participar da manifestação em favor de um dos candidatos à Presidência da República, prevista para esta tarde, no Centro do Recife. “Uma candidatura se coloca na oposição à outra, que é a do ódio e da violência. É muito importante que a gente construa uma unidade com todas as forças democráticas para a eleição do próximo domingo e, assim, mantenhamos nosso País com uma institucionalidade que não se afaste da democracia”, declarou o psolista.