Audiência pública da Comissão de Cidadania marca Dia Internacional de Luta contra a LGBTfobia

Em 18/05/2018 - 14:05
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Audiência Pública da Comissão de Cidadania LGBT

DISCUSSÃO – Integrantes de movimentos sociais e representantes de órgãos públicos participaram do debate e ressaltaram necessidade de se resistir a possíveis recuos da rede de proteção existente. Foto: Roberto Soares

“Opressão a gente não discute, a gente elimina”, discursou a militante transfeminista Dália Costa durante a audiência pública, nesta sexta (18), que lembrou o Dia Internacional de Luta contra a LGBTfobia – comemorado nessa quinta (17). A fala da ativista marcou a tônica do evento, realizado pela Comissão de Cidadania.

Membros de movimentos sociais e representantes de órgãos públicos participaram do debate e ressaltaram a necessidade de as organizações da sociedade civil que atuam com a questão resistirem a possíveis recuos da rede de proteção existente. “Vamos ocupar espaços, pontuar nossas demandas, notificar os casos de violência, falar das realidades que as pessoas fingem que não existem”, defendeu Dália.

“A invisibilidade é cruel, o apagamento nos tira a condição de sujeitos, nos tira os direitos, nos força a viver num padrão de clandestinidade”, disse o militante Oliver Maria. O defensor público Henrique da Fonte reforçou que os movimentos sociais são importantes nesse contexto. “As resistências alimentam conquistas. Devemos lembrar que nenhum direito é previamente concebido, mas fruto de muita luta.”

Oliver Maria do Movimento Homens Trans

MILITANTE – Para Oliver Maria, a invisibilidade é cruel: “O apagamento nos tira a condição de sujeitos, nos força a viver num padrão de clandestinidade”. Foto: Roberto Soares

O presidente do Centro Estadual de Combate à Homofobia, Luiz Braúna, observou que é preciso fortalecer a resistência. “A pouca estrutura de que dispomos veio graças à luta dos que andam na contramão dos retrocessos”, registrou. “Temos vivido o crescimento dos fundamentalismos, que querem nos negar a existência, negar nossos direitos e desmobilizar as políticas voltadas à nossa população”, pontuou o coordenador de Saúde da População LGBT da Secretaria Estadual de Saúde, Luiz Valério.

Membro do Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco, Patrícia Amazonas lembrou que é necessária atuação junto a profissionais encarregados de prestar acolhimento a esse público. “Temos de garantir que as pessoas que procuram ajuda não recebam atendimento patologizante.”

“É preciso desmistificar os preconceitos”, acrescentou a presidente da Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da OAB Pernambuco (OAB/PE), Maria Goretti Soares. Ela defendeu um trabalho de conscientização desde as faculdades, como forma de combater o conservadorismo.

Presidente da Comissão de Cidadania, o deputado Edilson Silva (PSOL) pediu mais investimentos do Governo do Estado. Ele também relatou dificuldades para fazer prosseguir projetos como a criação da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, rejeitada por maioria de votos no Plenário em 2015.