
DENÚNCIA – Polos viriam sofrendo com o arrefecimento das atividades nos últimos anos. Foto: Mariana Carvalho/Divulgação
A situação dos centros tecnológicos de Pernambuco foi tema de audiência pública realizada pela Comissão de Ciência e Tecnologia da Alepe na manhã desta terça (17). O debate, que ocorreu por proposição da deputada Priscila Krause (DEM), abordou dificuldades enfrentadas pelas cinco unidades mantidas pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), mediante contrato de gestão com o Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep).
Localizados em consonância com a base produtiva dominante na região, os centros tecnológicos situam-se nos municípios de Olinda (cultura digital), Caruaru (moda), Garanhuns (laticínios), Serra Talhada (caprinocultura e ovinocultura) e Araripina (gesso). De acordo com a parlamentar, esses polos vêm sofrendo, nos últimos anos, com o arrefecimento das atividades. “Houve uma mudança de foco preocupante na abordagem dos cursos profissionais. Os centros estão subutilizados e as populações e cadeias econômicas, desassistidas”, registrou Priscila.
O diretor-presidente do Itep, Antonio Vaz, afirmou que o “Instituto está lutando pela sobrevivência”. Criado em 1942 como Fundação Itep, a entidade nasceu vinculada à estrutura do Governo Estadual, tornando-se instituto sem fins lucrativos em 2003 – atualmente é uma Organização Social (OS).
Responsável pelo contrato de gestão dos centros tecnológicos, Vaz ressaltou o apoio que tem recebido da Secti e do Governo de Pernambuco, mas sublinhou as dificuldades que a instituição enfrenta diante da crise financeira que atinge o País e Estado. Segundo ele, as ações de transição da política pública, planejadas desde 2016, não lograram êxito.

CENÁRIO – Diretor-presidente do Itep, Antonio Vaz, diz que “Instituto está lutando pela sobrevivência”. Foto: Mariana Carvalho/Divulgação
Diretor acadêmico da unidade da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) em Garanhuns, Airon Melo registrou os prejuízos decorrentes da redução das atividades do CT Laticínios. “A economia da bacia leiteira movimenta 100 mil empregos e alcança 500 mil pessoas, com uma produção de 850 milhões de litros de leite por ano. Nós do Agreste estamos órfãos pelos cursos técnicos terem deixado de funcionar. É preciso buscar uma saída”, observou.
O fechamento do Centro de Olinda também foi destacado no encontro. Representante da Secti na audiência, a diretora de Política e Articulação da pasta, Luciana Távora, reconheceu dificuldades, mas apontou o planejamento estratégico instituído pelo órgão em 2015 como avanço.
O encontro teve, como encaminhamentos, a previsão de visitas a centros tecnológicos, de levantamento da execução orçamentária do Governo de Pernambuco na área e da situação financeira dos contratos, que devem ser encerrados em setembro deste ano. Além disso, a deputada Priscila Krause pretende reunir-se com a secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lúcia Melo, e agendar nova audiência pública sobre o tema nos próximos meses.