
AUDIÊNCIA PÚBLICA – O encontro foi promovido pela Comissão de Agricultura, em conjunto com o Poder Legislativo municipal, por solicitação do deputado Eduíno Brito. Foto: Rinaldo Marques
Estratégias para perenizar o Açude Poço da Cruz e revitalizar o perímetro irrigado no entorno foram discutidas, na manhã desta sexta (9), em audiência pública realizada na Câmara de Vereadores de Ibimirim, no Sertão do Moxotó. O encontro foi promovido pela Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa em conjunto com o Poder Legislativo municipal, por solicitação do deputado Eduíno Brito (PP).
Mais conhecido pelo antigo nome de Poço da Cruz, o Açude Engenheiro Francisco Sabóia é considerado o maior reservatório de água de Pernambuco, com capacidade superior a 500 milhões de metros cúbicos. Porém, segundo o último levantamento da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), essa barragem conta, atualmente, com apenas 3% da capacidade total – situação que torna a água imprópria para o consumo humano.
Área de oito mil hectares na qual trabalham quase 500 famílias, o perímetro irrigado do Poço da Cruz poderia, em pleno funcionamento, produzir o equivalente a R$ 300 mil por ano, estima Eduíno Brito. “Os canais estão deteriorados, com paredes destruídas. Precisamos revitalizar e implantar um novo sistema de uso sustentável do manancial”, afirmou o parlamentar.

CAPACIDADE – Mais conhecido pelo antigo nome de Poço da Cruz, o Açude Engenheiro Francisco Sabóia é considerado o maior reservatório de água de Pernambuco. Foto: Rinaldo Marques
Ainda segundo ele, a última nota técnica ao Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) sobre a situação do Poço da Cruz indicava que já existe um projeto para recuperar o açude e os canais de irrigação, orçado em R$ 160 milhões. “Isso não é muito dinheiro para uma obra dessa magnitude e importância”, acredita Brito. Ele ainda indicou que enviará um documento com as informações colhidas na audiência pública para as autoridades competentes.
Poço da Cruz fez parte da projeção inicial da Transposição do Rio São Francisco, integrado ao Eixo Leste da obra. Autor do requerimento municipal para a audiência pública, o vereador Merson Vieira (PMN) lamentou a retirada do reservatório do projeto. “A renda do município depende do açude. A gente vê passar um ramal da transposição a menos de 20 quilômetros para outro Estado, deixando Ibimirim sem água. Ficamos na incerteza”, relatou.
Para o deputado Waldemar Borges (PSB), viabilizar o uso da água da Transposição do São Francisco é questão primordial. “O Estado requereu e o Governo Federal indicou que a irrigação do canal será feita. Provavelmente, neste mês ou no próximo, a água do Eixo Leste já deve começar a cair no Poço da Cruz, pela Barragem de Copiti”, anunciou.
Professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Luiz Henrique Calado defendeu uma mudança no sistema local de irrigação para garantir sustentabilidade ao perímetro irrigado e preservar o manancial. “Usamos o modelo de sulcos e inundação, que desperdiça 80% da água. Já na irrigação por gotejamento, como é feito em Israel, a planta só recebe a quantidade de que precisa”, explicou o especialista, que também propôs repensar a gestão da bacia.
O deputado Júlio Cavalcanti (PTB) reforçou a importância do uso racional dos recursos naturais. “Precisamos pensar para que, daqui a décadas, o Rio São Francisco continue levando desenvolvimento por meio da água”, afirmou.
Também estiveram presentes no encontro o prefeito de Ibimirim, Adauto Bodegão, além de secretários e vereadores do município. Enviaram representantes a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), a Apac, o Dnocs e o Conselho Gestor de Usuários do Reservatório Poço da Cruz, bem como sindicatos e associações da região.