Em vez de discursos,o frevo no pé

Em 22/02/2000 - 00:02
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Em vez de discursos,o frevo no pé Nada de polêmicas e debates acirrados: Ontem à tarde quem comandou os trabalhos na Assembléia Legislativa foi o frevo. Por iniciativa do deputado Antônio Moraes (PSDB), os parlamentares prestaram uma homenagem a agremiações, blocos e personalidades ligadas ao ritmo pernambucano. A sessão especial foi comandada pelo deputado Bruno Araújo(PSDB), que está no exercício da presidência do Poder Legislativo, e contou com a participação de diversas agremiações carnavalescas do Estado.

O parlamentar saudou os participantes do evento, defendendo a “necessidade de preservar nossos ritmos e valores, gerando espaço para os produtores da terra, os compositores e os artistas populares”. De acordo com Bruno Araújo, não se pode privilegiar os grupos, trios e bandas de fora. “A festa é democrática, mas não há porque ampliar espaço para prejudicar nossa origens, nossa expressão cultural, a identidade e a força das manifestações culturais do Estado”, opinou.

Segundo o deputado, o carnaval pernambucano, um dos mais autênticos do País, deve ser feito com “a nossa marca, nossos artistas e nossos ritmos”. “É dentro desta visão que a AL homenageia os produtores culturais, os artistas, os compositores e cantores e os blocos populares deste Estado, reafirmando o seu compromisso com a preservação de nossas mais autênticas tradições”, completou.

O radialista Hugo Martins, o presidente do Galo da Madrugada, Eneas Freire, a banda da Polícia Militar e a Federação Carnavalesca de Pernanambuco foram homenageados com a entrega de uma placa comemorativa.

Entusiasta do frevo, da música e dança, o radialista Hugo Martins afirmou que não visa vantagem pessoal e nem age por vaidade ao defender o ritmo pernambucano, mas por acreditar na sua força, beleza, na musicalidade, que motivou seu encanto e a decisão de manter no ar um programa visando sua divulgação.

Martins, que foi o principal homenageado da sessão de ontem da Assembléia Legislativa, lembrou que o frevo era muito difundido nas rádios, nos clubes, mas nos anos 60, a partir do regime militar, houve um abandono da sua divulgação, abarcando inclusive o programa que existia na Rádio Universitária.

A partir do fato, em 1967, passou a manter no ar o programa O Tema É Frevo, que há 32 anos cuida de suprir essa lacuna no Estado.

Hugo Martins adiantou que, através do programa, foi possível fazer um mapeamento da produção de frevo, seguindo a trilha aberta por João Santiago, um dos grandes compositores do gênero. Desde 1977, pois, vem cuidando de reunir em disco os frevos feitos no Estado, atingindo agora o l0o. volume, que por dificuldades econômicas talvez não saia antes do carnaval. (Marconi Glauco/Nagib Jorge Neto)