O acirramento dos ânimos e as recentes cenas de violência contra o patrimônio de engenhos ocupados por agricultores ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Aliança e Tracunhaém, foram debatidos, ontem, na Assembléia Legislativa, pelo deputado Antônio Moraes (PSDB). O parlamentar demonstrou preocupação com o desrespeito ao direito de propriedade e a possibilidade de um novo conflito, como ocorreu em Eldorado dos Carajás, no Pará, que resultou em 19 mortes de integrantes do MST, em 1996.
“Como se não bastasse toda a violência que o MST cometeu em Aliança, o gravíssimo fato se repetiu em Tracunhaém, só que mais arrasador e intensamente mais violento, com a devastação total do Engenho Prado”, afirmou Moraes, recordando que, nas duas situações, “os invasores colocaram combustível e incendiaram máquinas agrícolas e equipamentos”.
O deputado classificou os atos como vandalismo e atribuiu a organização ao padre Tiago. Para Moraes, o mais grave se deve ao fato de o ouvidor agrário nacional do Incra ter afirmado que o engenho não apresenta requisitos para a desapropriação. “Jamais fui contrário à reforma agrária e sempre mantive bom relacionamento com os trabalhadores dos assentamentos de Nazaré da Mata, Timbaúba e Camutanga, mas não posso concordar com atos de vandalismo em nome de uma causa justa”, completou o parlamentar. Para Moraes, a reforma agrária deve acontecer “sempre obedecendo aos princípios do direito e da legalidade, jamais com a força da violência”.
Em apartes, os deputados Augusto Coutinho (PFL), Bruno Araújo (PSDB), Jacilda Urquisa (PMDB) e Izaias Régis (PTB) condenaram os excessos cometidos pelos membros do MST. Já os deputados Teresa Leitão e Roberto Leandro, ambos do PT, justificaram que os agricultores responderam a atos agressivos cometidos pelas milícias armadas dos fazendeiros e pela Polícia Militar.
“A toda ação corresponde uma reação, o MST respondeu à destruição de plantios e ao envenenamento das fontes de água do Engenho Prado”, afirmou Leandro, defendendo uma solução negociada para evitar que se instale um conflito mais sério. Ele lembrou que, por sugestão do presidente da Alepe, Romário Dias (PFL), as Comissões de Defesa da Cidadania e de Agricultura e Política Rural devem realizar uma audiência pública para ouvir as duas partes e buscar o entendimento. Teresa afirmou ser contra todo tipo de violência e defendeu o padre Tiago da acusação de “incentivador de conflitos”.
Coutinho lembrou que o PFL defende o direito de propriedade e disse que a ação violenta do MST precisa ser combatida de forma severa pela polícia. O deputado André Luiz de Farias (Alf) pediu agilidade na reforma agrária.