
Depois de oito meses de trabalho, o Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil apresentou, ontem, à CPI do Sistema Habitacional da Alepe, o laudo técnico sobre o desabamento do Edifício Areia Branca, que ocorreu em outubro do ano passado, em Piedade. Com 242 páginas e 313 fotografias, o documento oficial, divulgado pela imprensa no dia 6 de julho, apontou falhas construtivas como a causa que levou o prédio a ruir.
Para o diretor da Polícia Científica, Paulo Tadeu, os fatores que ocasionaram a queda do edifício estavam na “fundação e eram imperceptíveis”. Ele disse, ainda, que o resultado não é suficiente para afirmar se houve implosão ou desmoronamento. O perito criminal José Moacir Moura explicou o porquê do desabamento. De acordo com o técnico, as falhas na fundação provocaram o rompimento dos pilares, que entraram colapso.
Na opinião do presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Pernambuco (Crea), Telga Araújo, “não há dúvidas de que o Areia Branca implodiu”. Ele acrescentou que a comissão designada pelo órgão para avaliar o caso deve apresentar o parecer final em até 15 dias.
Durante a reunião, o presidente da CPI, deputado Alf (PTB), questionou o fato de membros da comissão do Crea serem sócios da Tecomat, empresa contratada para elaborar o laudo da Seguradora Mapfre Vera Cruz. Telga rebateu. “Trata-se de uma coincidência e isso não significa que o Conselho endossará o laudo da seguradora”, observou.
Alf afirmou que os trabalhos da CPI vão até o dia 22 de agosto. “Analisaremos um relatório de 1900 páginas, enviado por companhias telefônicas, para checar ligações realizadas a partir dos números investigados pela CPI no período”, ressaltou o petebista. Segundo ele, o colegiado já possui uma radiografia dos problemas habitacionais do Estado.
O ex-síndico do Areia Branca Celso Bezerra de Melo Júnior disse que os ex-moradores confiam no laudo do IC. “Estávamos esperando esse documento para cobrarmos da Vera Cruz a indenização de R$ 3 milhões. É um direito que independe do motivo da ruína do edifício”, desabafou. Caso a seguradora não pague, as vítimas ingressarão com uma ação judicial.