Debate busca garantir mais atenção às pessoas ostomizadas

Em 13/11/2023 - 15:11
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Dar visibilidade às demandas de pessoas ostomizadas foi o objetivo da audiência pública promovida pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, nesta segunda (13).  Marcando a passagem do Dia Estadual da Pessoa Ostomizada em 16 de Novembro, a reunião recebeu demandas de pacientes e associações, e teve a participação de gestores da área de Saúde. No evento, os convidados discutiram maneiras de combater o estigma ainda existente em relação ao tratamento e discutir demandas dos pacientes. 

ESCUTA – Demandas de equipamento e combate ao preconceito estiveram na pauta da reunião. Foto: Evane Manço

Ostomizados são pacientes que precisam conviver com estomas, como são chamados os acessos alternativos para eliminar urina ou fezes, ou ajudar na alimentação ou na respiração. A utilização desses acessos pode ocorrer, por exemplo, como consequência do tratamento de câncer.

A depender da causa para utilização de ostomia, surgem necessidades específicas de bolsas, cateteres e filtros. São demandas que alcançam mais de 400 mil pessoas que estão nessa condição no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde.

DIGNIDADE – “O ostomizado não é só um produto, nós somos pessoas além da ostomia”, alertou José Roberto Araújo. Foto: Evane Manço

O fornecimento desses insumos, a orientação de usuários e  famílias e o combate ao estigma são desafios enfrentados no dia a dia, como relata o presidente da Associação de Ostomizados de Pernambuco (Aospe), José Roberto Araújo.

“Nossa demanda é contínua, e temos que ser respeitados individualmente, cada um tem que ter o seu material, seus produtos, e, a partir disso, cobrar o Estado. O ostomizado não é só um produto, nós somos pessoas além da ostomia”, alerta. 

Ele pediu mudanças no atual modelo adotado pela Secretaria de Saúde do Estado, que utiliza a regulação para incluir o paciente no programa que dá acesso aos materiais. Segundo Araújo, o processo de inclusão pode demorar meses. Ele também cobrou mais agilidade na marcação das cirurgias corretivas e de reversão. 

Programa Estadual

A diretora do Hospital Barão de Lucena, no Recife, unidade responsável pelo Programa de Ostomizados, Renata Bezerra, relatou mudanças que estão sendo implementadas para melhorar o cadastramento e a gestão dos recursos. 

ACOMPANHAMENTO – Gestora do Barão de Lucena, Renata Bezerra apontou que ostomizados precisam da atuação de especialistas. Foto: Evane Manço

“O Programa de Ostomizados não é apenas para entrega de bolsas e insumos, o que qualquer farmácia de dispensação faz. Ele necessita de médico disponível para avaliação, enfermeiro, psicólogo, assistente social e fisioterapia. Então, é um programa que é multidisciplinar  e interdisciplinar, e não tenho dúvida que esse é o pensamento do caminho para o Estado”, afirmou a diretora.  

A necessidade de judicializar demandas também foi alvo de críticas durante o debate. Tatiane Ferreira relatou que só consegue o tipo de sonda que não causa alergia em seu filho de 8 anos pela via judicial. Magno Silva, ostomizado respiratório, avaliou que as equipes de saúde poderiam ajudar na divulgação de direitos para os pacientes. 

DIREITOS – Romero Sales Filho indicou medidas legislativas para beneficiar pessoas que passam pela ostomização. Foto: Evane Manço.

A contratação de especialistas para as UPAEs (Unidades Pernambucanas de Atenção Especializada) foi sugerida por Joel Menezes, da Sociedade de Enfermagem em Dermatologia (Sobende). Para ele, a medida poderia promover o uso correto dos materiais e evitar complicações de saúde com mais gastos para o sistema público.

Parlamentares

O debate desta segunda foi proposto pelo deputado Romero Sales Filho(União). Ele destacou projetos de lei em tramitação na Alepe para garantir direitos como banheiro adaptado e concretizar medidas para afastar o preconceito. O deputado Luciano Duque (Solidariedade), que presidiu a audiência, lembrou que os ostomizados são equiparados em direitos às pessoas com deficiência.

A deputada Socorro Pimentel (União), que é médica pediatra, sugeriu incluir as crianças no debate sobre as políticas públicas para ostomizados. Já o deputado Gilmar Júnior (PV) destacou o papel dos enfermeiros não apenas nas orientações com o manuseio dos materiais, mas no autocuidado para garantir qualidade de vida aos pacientes.