
PARTICIPAÇÃO – Evento teve apresentação de dados da violência contra mulher e escuta de demandas locais. Foto: Nando Chiappetta
A Alepe promoveu, na última terça-feira (7), uma audiência pública da Comissão Itinerante da Mulher (CIM) na Câmara Municipal de Vereadores de Agrestina (Agreste Central). A iniciativa, feita em parceria com o Consórcio de Municípios do Agreste e da Mata – Pernambuco (COMAGSUL), reuniu diversas autoridades e representantes da sociedade civil para discutir questões como igualdade de gênero, empoderamento feminino e enfrentamento à violência doméstica.
Presidente da Comissão da Mulher, a deputada Delegada Gleide Ângelo (PSB) é a responsável por coordenar as visitas itinerantes da CIM, que percorrerá as 12 regiões de desenvolvimento de Pernambuco, ao longo dos próximos três anos. A ideia é pensar e mobilizar políticas públicas voltadas para as mulheres e sensibilizar gestores públicos para o enfrentamento à violência contra as mulheres nos municípios pernambucanos.
Para isso, a audiência pública divide-se em dois grandes momentos: apresentação de dados e uma escuta ativa à população. “Precisamos sair da Alepe para ouvir as pessoas. E é justamente isso que a CIM faz a cada dois meses: visitas às cidades para fortalecer o cuidado às mulheres. A nossa proposta é mais ouvir do que falar”, disse a parlamentar Gleide Ângelo.
Dados

MOBILIZAÇÃO – Delegada Gleide Ângelo quer fortalecer políticas para mulheres nas regiões visitadas. Foto: Nando Chiappetta
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 18,6 milhões de mulheres brasileiras relataram ter sofrido algum tipo de violência em 2022. 65,6% desse total eram mulheres negras, consideradas as mais vulneráveis às agressões. O agressor, na maior parte dos casos, é ex-companheiro ou atual parceiro da vítima. Já o maior espaço de violência, geralmente, é a própria casa da vítima, com 53,8% de ocorrências relatadas.
“Como vimos aqui nesses gráficos, há uma epidemia de violência contra a mulher no país. Para isso, não há vacina. Precisamos enfrentar esse problema com a criação de políticas públicas que garantam a segurança e a integridade dessas vítimas”, ressaltou a presidente da Comissão da Mulher da Alepe.
Em Pernambuco, segundo os dados da Secretaria de Defesa Social (SDS-PE), já foram registrados 42.202 boletins de ocorrência de violência doméstica e familiar só em 2023. Outro dado preocupante é que apenas 15 dos 184 municípios pernambucanos possuem Delegacia da Mulher.
“Como não construímos políticas públicas sozinhos, convidamos representantes da Secretaria Estadual da Mulher para a audiência de Agrestina. Lamentamos que a pasta não tenha mandado ninguém, pois, se estamos aqui relatando problemas, é preciso que o Governo do Estado esteja junto para ouvir e ajude-nos a solucionar”, destacou a deputada Gleide Ângelo.
Escuta

IGUALDADE – Emilia Alves defendeu ampliação da presença das mulheres em espaços de poder. Foto: Nando Chiappetta
Na segunda parte da audiência, tanto a sociedade civil quanto os/as representantes do poder público puderam apresentar propostas e sugestões à CIM. Única mulher eleita para a Câmara Municipal de Vereadores de Agrestina, composta por 11 parlamentares, a vereadora Emília Alves (PSB) ressaltou a importância de discutir a igualdade de gênero nos espaços de poder.
“Precisamos nos unir cada vez mais para potencializar e ampliar a presença feminina nas câmaras legislativas e nas mais diversas esferas do poder. Por isso, é muito importante receber esse debate que a Alepe traz à Agrestina. É um tema empoderador que mostra que podemos ocupar todos os lugares que desejamos”, afirmou a parlamentar.
Membra da Comissão de Defesa e Direitos das Mulheres, ligada à Secretaria da Mulher de Agrestina, Renata Santos ressaltou que é, a partir de uma sistematização efetiva de dados, possível estabelecer políticas públicas mais assertivas e direcionadas à população feminina.

AÇÕES – Luana Marabuco trouxe experiências da Prefeitura de Caruaru na defesa das mulheres. Foto: Nando Chiappetta
“É uma honra receber essa Comitiva da Alepe. São momentos assim que representam, de fato, o processo democrático da política. Quero aproveitar a audiência para destacar a necessidade de construir dados ainda mais qualificados. É com base nesses indicadores que vamos prestar assistência aos segmentos mais vulneráveis da sociedade, em especial, às mulheres”, disse ela.
A secretária de Políticas para Mulheres de Caruaru, Luana Marabuco, falou da experiência do município no desenvolvimento de ações e iniciativas voltadas para o empoderamento feminino. “Temos na cidade novos equipamentos públicos destinados a tratar com seriedade a temática da mulher e, recentemente, criamos um comitê que cuida das políticas para mulheres numa perspectiva de transversalidade nas secretarias municipais”, colocou a gestora.

ACOLHIMENTO – Delegado Bruno Bezerra destacou papel da Polícia Civil no atendimento de mulheres. Foto: Nando Chiappetta
Recém-empossado como delegado de Agrestina, Bruno Bezerra lembrou do trabalho que a Polícia Civil presta na rede de apoio à mulher que sofre com a violência. “O órgão é a porta de entrada para as vítimas de qualquer tipo de agressão física, psicológica e moral. É papel da Polícia Civil combater a violência e acolher as mulheres que estiverem passando por situações de risco”, frisou.
O presidente do COMAGSUL e prefeito de Altinho, Orlando José, destacou que o consórcio intermunicipal, formado por 23 cidades, “está empenhado com a causa da mulher e tem trabalhado para efetivar políticas públicas integradas para a área”.
Ao final, a deputada agradeceu a presença das pessoas no evento e reforçou que “os homens são os grandes parceiros no enfrentamento à violência. Tendo em vista que não se trata de um embate entre homens versus mulher, mas uma luta contra a opressão”.