Comissões discutem equilíbrio entre desenvolvimento e proteção socioambiental em Suape

Em 22/09/2023 - 12:09
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Garantir o desenvolvimento sustentável dos municípios que compõem o Território Estratégico de Suape. Esta foi uma das metas da audiência pública promovida pelas Comissões de Desenvolvimento Econômico e de Meio Ambiente da Alepe, na última quinta (21), em Ipojuca, Região Metropolitana do Recife. Realizada no auditório do Centro Administrativo de Suape, a reunião contou com a participação de gestores municipais, vereadores e representantes da sociedade civil organizada.

PAC – Jeferson Timóteo defendeu a compensação financeira aos municípios do entorno de Suape. Foto: Jarbas Araújo

O deputado Jeferson Timóteo (PP), que solicitou o debate, defendeu que as cidades integrantes das áreas de influência direta e indireta do Complexo Industrial e Portuário sejam favorecidas pelo crescimento econômico decorrente do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal. Entre os empreendimentos previstos está o Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), com recursos da ordem de 1,6 bilhão de dólares. Timóteo espera que os empregos gerados com a ampliação da unidade beneficiem os pernambucanos.

O deputado lembrou o boom econômico vivenciado em Suape nos anos 2000, com a construção do Trem 1 da unidade de refino de petróleo. Ele avaliou que, no período, as políticas relacionadas à qualificação profissional, moradia, saneamento e segurança pública foram negligenciadas. Segundo o parlamentar, o aumento da demanda por serviços públicos sobrecarregou as prefeituras. “Os municípios precisam de uma compensação financeira tanto por parte do Governo Federal quanto da Petrobras, então a gente vai incluir isso no relatório”, anunciou. Além do Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes e Moreno, na Região Metropolitana, quatro outras cidades fazem parte da área de influência do Complexo Portuário: Escada, Ribeirão, Rio Formoso e Sirinhaém, todas na Mata Sul. 

Gestores municipais relataram os esforços para assegurar a infraestrutura adequada aos novos empreendimentos de Suape. O secretário de Desenvolvimento Econômico do Cabo, Inaldo Campelo, apontou que a prefeitura tem “feito o dever de casa” na qualificação profissional dos jovens. Já o secretário de Desenvolvimento Econômico de Ipojuca, Puran Medeiros, lembrou o “passivo social” deixado pelas demissões em massa na Rnest e no Estaleiro Atlântico Sul, em 2015, que atingiram mais de 40 mil trabalhadores.

CUIDADO – Walquiria Alves destacou a necessidade de enfrentar a violência contra as mulheres. Foto: Jarbas Araújo

Impactos

A secretária executiva da Mulher do Cabo, Walquiria Alves, argumentou que o desenvolvimento econômico deve alcançar “quem mais precisa”. A gestora comentou o aumento dos casos de exploração sexual de crianças e adolescentes à época da criação do polo petroquímico e do estaleiro. “O aumento que a gente teve de violência contra a mulher, o número elevado de casos de abuso e exploração sexual contra meninas e adolescentes, principalmente na região das praias. Quando eu cheguei aqui, muito se falou dos ‘filhos de Suape’”, lamentou.

O vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alepe, deputado Luciano Duque (Solidariedade), propôs que os atores envolvidos na economia de Suape se unam para impedir que os prejuízos sociais e ambientais ocorridos na última década se repitam. “Não podemos aceitar e permitir que o novo ciclo de desenvolvimento comece no Estado e traga os mesmos problemas”, argumentou.

TERRITÓRIO – Marcio Guiot afirmou que a empresa trabalha junto às comunidades locais. Foto: Jarbas Araújo

O diretor-presidente do Complexo Industrial e Portuário, Marcio Guiot, afirmou que a empresa pública tem o olhar direcionado às comunidades locais. De acordo com ele, o debate promovido pela Alepe foi importante para que o Território Estratégico se prepare melhor “para capitalizar ao máximo os investimentos”, em benefício dos moradores da região. O coordenador de Assistência Social e Regularização Fundiária de Suape, Paulo Teixeira, pontuou que a empresa costuma ser “responsabilizada” pelos problemas socioambientais do território estratégico. E chamou a atenção para o dever dos demais atores públicos de garantir qualidade de vida à população. A audiência pública da última quinta ainda contou com a participação de diversas entidades como Senai, Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Federação Única dos Petroleiros (FUP), e Centro das Mulheres do Cabo, além de líderes comunitários.

PROBLEMAS – Luciano Duque ressaltou a necessidade de impedir os prejuízos sociais do passado. Foto: Jarbas Araújo