
AÇÕES – Secretária estadual de Meio Ambiente, Ana Luíza Ferreira relatou compra de novas placas de sinalização e reforço de guarda-vidas. Foto: Nando Chiappetta
O registro de três incidentes com tubarões na Região Metropolitana do Recife (RMR) no intervalo de apenas 20 dias motivou uma Audiência Pública na Alepe, nesta terça (21). O debate foi promovido pelas comissões de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Econômico e reuniu pesquisadores, gestores públicos, parlamentares e representantes de organizações da sociedade civil.
A secretária estadual de Meio Ambiente, Ana Luíza Ferreira, listou providências que já foram adotadas, como a compra de novas placas de sinalização para as praias e o reforço das equipes de guarda-vidas, em parceria com as prefeituras. Além de ações emergenciais, ela destacou medidas de médio e longo prazos em torno de três eixos: Educação ambiental, retomada das pesquisas científicas e retorno do monitoramento das praias.
“A gente está diante de um problema complexo não só do ponto de vista ambiental, mas também social. Não temos como falar de nenhuma ação do Governo sem lembrarmos que estamos diante de um Estado em que 50% da população vive abaixo da linha de pobreza, sendo 20% abaixo da linha de miséria”, alertou.
A gestora ainda elencou uma série de propostas levantadas durante as reuniões do Comitê estadual de Monitoramento com Incidentes com Tubarões (Cemit). Entre elas, bandeirolas sinalizadoras das condições de maior perigo — como maré alta e lua cheia —, ampliação da rede de esgoto, construção de oceanário e oferta de alternativas de lazer para a faixa de areia. Também há planos para adquirir repelentes para proteger a vida dos bombeiros e o lançamento de um edital de R$ 1 milhão para pesquisas, com recursos da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Coordenador do Samu, Leonardo Gomes sugeriu a implantação de um serviço de resgate aéreo, incluindo um heliponto no Hospital da Restauração. Já a pesquisadora Ilka Branco, do Laboratório de Oceanografia Pesqueira da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) propôs a disponibilização do acervo existente nas instituições de Ensino Superior em espaços de educação ambiental montados na praia, além da promoção de atividades educativas nas escolas.
Ilka cobrou, ainda, a retomada das pesquisas, já que muitos dados existentes hoje ainda se referem ao trabalho realizado com o Barco Sinuelo, de 2004 a 2014, sob a coordenação do professor Fábio Hazin, morto por covid em 2021. “A impressão que eu tenho é que todo mundo acha que a costa do Recife é repleta de tubarões. Entretanto, os dados de captura daquela época não demonstraram isso: os animais se aproximavam da nossa linha de praia em função do relevo e de toda a degradação ambiental”, explicou. “Para mim, a única medida efetiva é a educação ambiental”, acrescentou.
Encaminhamentos

DIÁLOGO – Rodrigo Novaes comprometeu-se a levar ao Cemit propostas como o teste de telas ou sistemas para repelir tubarões por ondas eletromagnéticas. Foto: Nando Chiappetta
O deputado Rodrigo Novaes (PSB), que presidiu a Audiência Pública, comprometeu-se a levar ao Cemit propostas para testar telas ou sistemas para repelir tubarões por ondas eletromagnéticas, defendidas em falas colhidas durante o encontro. Outro encaminhamento foi pedir ao comitê um assento para o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alepe, atualmente o deputado Romero Sales Filho (União).
“É fundamental que a gente possa ouvir especialistas e os órgãos responsáveis. O Poder Legislativo pode contribuir com esse debate”, afirmou, defendendo a promoção de estudos sobre o tema. “Pesquisas são fundamentais para que a gente possa avançar com inteligência e tomar medidas a partir do que a ciência nos aponta. Assim, conseguiremos evitar que essas mortes aconteçam em nosso Estado”, disse Novaes.
A Audiência Pública contou, ainda, com a participação de representantes das secretarias estaduais de Turismo e de Ciência e Tecnologia, além das prefeituras do Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. Foram ouvidos, também, integrantes da Agência estadual de Meio Ambiente (CPRH), Ministério Público de Pernambuco e o biólogo André Maia.