
CONCLUSÃO – “Finalizamos o inquérito em 80 dias. Não entendo por que ainda não houve decisão da Justiça.” Foto: Roberto Soares
A chacina que vitimou três conselheiros tutelares e uma idosa no município de Poção (Agreste), em fevereiro de 2015, continua sem definição. O caso foi lembrado pelo deputado Erick Lessa (PP), que conduziu as investigações à época, em discurso na Reunião Plenária desta quarta (9). O parlamentar pediu que o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) agende o julgamento do crime.
Lessa esteve no município, na última sexta (4), para o lançamento do livro Chacina de Poção, a barbárie do Sítio Cafundó, escrito por ele. Durante o evento, que integrou a programação da Caravana dos Direitos da Criança e do Adolescente da cidade, familiares das vítimas lamentaram que o episódio ainda não tenha sido concluído.
“Eu presidi as investigações desses assassinatos que chocaram o Brasil. Finalizamos o inquérito em 80 dias. Não entendo por que ainda não houve julgamento”, pontuou o deputado. Apenas uma criança de 3 anos sobreviveu à investida criminosa. Os principais suspeitos, segundo Lessa, são a avó paterna dela – apontada como a mandante – e um advogado ligado ao caso.
“Fui abordado por vários parentes das vítimas aos prantos, sem acreditar que ainda não há uma sentença. Muitos choravam copiosamente. Um dos que falou comigo foi Lindenberg (Nóbrega de Vasconcelos), filho de um dos conselheiros mortos. Por isso, faço um apelo ao TJPE para que julgue o crime.”
Valorização dos conselheiros tutelares
Erick Lessa aproveitou o pronunciamento para defender a valorização dos profissionais que atuam nos conselhos tutelares em Pernambuco. Ele criticou a disparidade nas remunerações pagas pelos municípios e propôs um piso único para a categoria.
“Existem agentes recebendo menos de um salário mínimo por mês em certas localidades. Isso é lamentável, principalmente diante da importância do trabalho desenvolvido por essas pessoas”, acredita o parlamentar, que revelou estar desenvolvendo estudo sobre o tema. Ele também solicitou análise da Consultoria Legislativa (Consuleg) em torno da viabilidade da implantação de um valor-base.
O deputado comentou, por fim, haver situações em que falta dinheiro até para o combustível necessário nos deslocamentos para visitas. “O Conselho Tutelar é um instrumento muito importante, estabelecido pela Constituição Federal de 1988. Peço, portanto, a sensibilidade de todos os atores envolvidos, tanto parlamentares quanto prefeitos, a fim de que possamos lutar por uma condição de atuação digna para esses trabalhadores”, finalizou.