O aumento na inflação observado nos últimos meses preocupa o deputado João Paulo (PCdoB). Na Reunião Plenária desta quinta (14), ele analisou o cenário econômico nacional e apontou o modelo neoliberal implementado pelo Governo Federal como responsável pela piora na crise brasileira.
“Já são mais de 20 milhões de pessoas passando fome. Com o fantasma da inflação batendo à porta, o que esperar para o nosso País, além de chorar pelas mais de 600 mil mortes em razão da Covid-19?”, questionou o comunista.
O parlamentar discordou da visão do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que a alta da inflação estaria relacionada ao descontrole dos gastos públicos. “A verdade é que tem a ver com problemas estruturais e conjunturais, como a dolarização disfarçada praticada por essa gestão”, afirmou.
João Paulo leu um artigo do professor de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Daniel Kosinski, sobre a influência do modelo neoliberal no patamar inflacionário. O docente aponta, como causa imediata, a desvalorização cambial, observada no final de 2019 e no primeiro trimestre de 2020. “Desde então, dentre as moedas nacionais minimamente importantes, o real tem sido a de pior desempenho”, escreveu. Isso decorreria da “deterioração das expectativas” e de uma “postura negacionista e omissa diante da pandemia” por parte do Governo.
O texto aponta consequências como “desorganização nas cadeias produtivas e alterações abruptas nos preços relativos aos mais diversos setores”, em um cenário de queda na produção de manufaturados e aumento na exportação agropecuária. “A partir disso, descontrolaram-se três preços fundamentais para o custo de vida: combustíveis, alimentos e energia elétrica”, prossegue o economista.
Para João Paulo, a sociedade brasileira vive uma “tragédia sem precedentes”. “Vemos filas de pessoas pedindo ossos para poder sobreviver. Por outro lado, ontem, Bolsonaro atacou os sem-terra, que têm contribuído com a produção de alimentos para os mais pobres”, lamentou, criticando a extinção de programas sociais. O pronunciamento teve o apoio de José Queiroz (PDT), em aparte: “A inflação acumulada já chegou aos dois dígitos. Estamos vivendo um desastre”, alertou.
Pandemia
Ao final do discurso, João Paulo informou ter solicitado ao primeiro-secretário da Alepe, deputado Clodoaldo Magalhães (PSB), as providências da Casa para o cumprimento da Lei Complementar nº 458. A norma torna a imunização contra a Covid-19 obrigatória para servidores públicos e prestadores de serviços do Estado. “Precisamos trabalhar com tranquilidade. Também os visitantes devem se sentir seguros para frequentar as dependências do Poder Legislativo”, frisou.
O deputado Romário Dias (PSD) endossou as palavras do colega. Ele aproveitou para solicitar à Mesa Diretora que realize a melhoria técnica dos equipamentos e dos serviços de informática. “Estamos muito dependentes da tecnologia. Por isso, precisamos ter acesso a boas máquinas e um bom serviço de internet”, enfatizou.
De acordo com o deputado Diogo Moraes (PSB), que presidiu a reunião, a direção da Assembleia já está adotando medidas no sentido de atender à Lei 458. “Não podemos conceber que um servidor público ou um parlamentar fique sem tomar a vacina. Fui informado que todas as casas legislativas do País estão mobilizadas para implementar a mesma conduta”, disse.