O Dia Mundial da Saúde, celebrado nesta quarta (7), ganhou destaque no colegiado da Alepe dedicado ao tema. Durante a reunião realizada por videoconferência, parlamentares da Comissão de Saúde chamaram atenção para as condições desiguais de acesso a esse direito universal e lamentaram o fato de o Brasil ter ultrapassado, nessa terça (6), a marca de quatro mil mortes por Covid-19 em um único dia.
Presidente do grupo parlamentar, Roberta Arraes (PP) repercutiu o comunicado lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) propondo uma campanha pela construção de um mundo mais justo e saudável. O documento identifica na causa de sofrimentos desnecessários doenças evitáveis e mortes prematuras, desigualdades de renda, de gênero e de acesso a habitação, educação, oportunidades de emprego, ambientes seguros, água e ar limpos, segurança alimentar e serviços de saúde.
“A Covid-19 atingiu duramente todos os países, mas seu impacto foi mais severo nas comunidades que já eram vulneráveis, que estão mais expostas à doença, com menor probabilidade de ter acesso a serviços de saúde de qualidade e maior probabilidade de sofrer consequências adversas, como um resultado das medidas implementadas para conter a pandemia”, agrega o texto.
Roberta Arraes também fez considerações sobre as políticas do Governo Federal para o enfrentamento à crise sanitária no Brasil. A deputada destacou que a imunização avança a passos lentos, e alguns Estados tiveram que interromper a aplicação de vacinas por falta de doses.
“A pandemia tem devastado a humanidade e, infelizmente, o nosso País vem liderando o ranking de mortes. Só no dia de ontem, foram 4.211, o que equivale a uma a cada 20 segundos. Ao todo, 336.947 brasileiros perderam a vida por causa da doença causada pelo novo coronavírus”, lamentou a progressista.
Ela lembrou que os pesquisadores defendem medidas rígidas para evitar que abril seja ainda pior do que março, até então, mês mais fatal da epidemia no Brasil. A parlamentar frisou a importância do uso de máscaras, do distanciamento físico e da higienização frequente das mãos. Roberta Arraes expressou gratidão, ainda, a todos os trabalhadores da saúde na linha de frente do combate à Covid-19. “Vocês estão dedicando suas vidas a salvar nossas vidas. Merecem todos os aplausos”, disse.
Compra de vacinas por empresas
Durante a reunião, o líder do Governo, Isaltino Nascimento (PSB), criticou a aprovação ontem, pela Câmara dos Deputados, de proposta que permite à iniciativa privada comprar vacinas contra a Covid-19. Para o socialista, embora cite a imunização gratuita de empregados, com doação da mesma quantidade ao Sistema Único de Saúde (SUS), o texto vai oficializar a prática dos ricos que agem para “furar a fila” da vacinação.
“Esse é o presente que parlamentares nos dão no Dia Mundial da Saúde: privilegiar os mais ricos. Espero que o Ministério Público, a Defensoria Pública, o Supremo Tribunal Federal e partidos políticos se posicionem contra”, enfatizou Nascimento. Ao comentar a fala, Roberta Arraes reforçou que a única forma de garantir imunização para todos é por meio do SUS.
Para a deputada Laura Gomes (PSB), “o SUS preconiza a universalização do direito à saúde: já esse projeto vai aumentar o fosso das diferenças”. Por sua vez, o deputado João Paulo (PCdoB) avaliou que a maioria dos congressistas hoje é formada por conservadores que agem em defesa das elites e como “inimigos do povo”. “Estamos caminhando cada vez mais para um processo de apartheid social”, acredita.
Os efeitos da pandemia de Covid-19 no Brasil também foram abordados em reuniões de outras Comissões ao longo desta quarta. No colegiado de Finanças, Tony Gel (MDB) salientou o crescimento, em Pernambuco, de 165% no número de casos graves da Covid-19 em jovens que têm entre 20 e 39 anos, na comparação entre os meses de fevereiro e março de 2021. “A perspectiva é chegarmos a cinco mil mortes por dia em abril. É algo terrível que estamos enfrentando”, comentou José Queiroz (PDT), ao participar da reunião de Administração Pública.
O Dia do Jornalista também foi registrado por parlamentares ao longo dos encontros. “A imprensa livre é um dos esteios da democracia. Quanto mais livre é a imprensa, mais forte é a democracia”, assinalou Tony Gel.