Deputadas questionam alcance de auxílio para artistas do ciclo carnavalesco

Em 11/02/2021 - 14:02
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JUNTAS – Jô Cavalcanti lembrou do prejuízo que ambulantes e catadores de material reciclável também vão sofrer por conta do cancelamento da festa. Foto: Roberto Soares

O auxílio emergencial para artistas e agremiações carnavalescas – anunciado ontem pelo governador Paulo Câmara, em vista da suspensão dos festejos em 2021 – motivou discursos na Reunião Plenária desta quinta (11). O tema foi abordado pelas deputadas Jô Cavalcanti, do mandato coletivo Juntas (PSOL), e Teresa Leitão (PT), que apontaram um alcance restrito da medida, por deixar de fora inúmeros profissionais que sobrevivem da Festa de Momo. Elas também defendem um valor maior que os R$ 3 milhões destinados ao segmento pelo Poder Executivo.

Jô Cavalcanti observou que a suspensão da festa de Carnaval trará prejuízos a trabalhadores do segmento artístico e de outras áreas, como ambulantes e catadores de material reciclável. Ela encaminhou ofício ao Governo do Estado solicitando que a proposta atinja mais profissionais e que haja reforço nos recursos. A parlamentar lembrou ainda que, desde o ano passado, vem cobrando do Executivo uma ajuda aos envolvidos com o ciclo carnavalesco.

“Embora louvável, o valor direcionado para minimizar o sofrimento dessas pessoas não é suficiente. O orçamento para a cultura em 2021 é o mais baixo desde 2008, o que revela descompromisso com o setor. Queremos saber o que foi feito das verbas referentes a empenhos encaminhados e não executados no ano passado”, pontuou a representante das Juntas. O mandato coletivo indagou o Poder Público estadual sobre a fiscalização de possíveis aglomerações festivas no período.

TERESA – Segundo a petista, ainda há recursos do orçamento da Cultura que poderiam ser usados para incrementar o valor anunciado pelo Estado. Foto: Roberto Soares

Por sua vez, Teresa Leitão ressaltou que a pandemia continua forte em Pernambuco e os prejuízos para o segmento cultural são enormes. “Com relação aos profissionais ligados ao Carnaval, os danos são piores, pois muitos deles vivem exclusivamente dos festejos”, pontuou. A deputada contou que vinha tentando negociar com integrantes do Governo do Estado para que não fosse tomada “uma iniciativa unilateral, sem ouvir os trabalhadores”, mas não obteve sucesso.

A petista salientou o trabalho do Coletivo Acorde – Levante pela Música de Pernambuco, que vem reivindicando soluções para minimizar os danos causados pela proibição do evento. “Esses R$ 3 milhões não serão suficientes. Acredito que ainda há recursos do orçamento da cultura que poderiam ser utilizados”, salientou. Teresa ainda defendeu a realização de uma audiência pública no âmbito da Comissão de Educação para discutir o assunto. “O ideal é que o Governo ouça essas representações antes de encaminhar o projeto de lei à Assembleia. Ou talvez possamos aperfeiçoar a proposta, se ela chegar antes”, frisou.

Em seus discursos, Laura Gomes (PSB) e João Paulo (PCdoB) também repercutiram a medida. “O momento atual é de muita dificuldade para o Estado e todas as secretarias tiveram de ajustar os orçamentos. É preciso considerar isso antes de criticar”, opinou a socialista. “A estimativa é de que o impacto da não realização do Carnaval em Pernambuco seja da ordem de R$ 100 milhões. Será um baque econômico de grandes proporções”, afirmou o comunista, reiterando, contudo, que apoia a decisão de gestão de suspender os festejos, a fim de evitar novo aumento de casos. 

Em aparte a João Paulo, o deputado Tony Gel (MDB) registrou ser importante “parar agora para nos cuidar e, depois, poder, com os nosso blocos, voltar a cantar no Carnaval melhor do meu Brasil”. Já o deputado José Queiroz (PDT) pontuou que países como a Nova Zelândia, que controlaram completamente a pandemia, hoje podem ter eventos com aglomeração sem restrições. “Enquanto isso, estamos sofrendo, sem poder realizar nem São João, nem Carnaval”, lastimou.