Parlamentares repercutem retomada de atividades econômicas

Em 04/06/2020 - 13:06
-A A+

INTERIOR – Para Erick Lessa, Plano de Monitoramento e Convivência com a Covid-19 anunciado pelo Governo Estadual não teve olhar regionalizado. Foto: Reprodução/Evane Manço

Medidas anunciadas pelo Governo do Estado para a reabertura gradual da economia repercutiram na Reunião Plenária desta quinta (4). Presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, o deputado Delegado Erick Lessa (PP) defendeu a retomada do setor da construção civil no Interior, tema também abordado pelo deputado Antonio Fernando (PSC). Já a deputada Priscila Krause (DEM) cobrou mais diálogo do Governo do Estado com os setores produtivos.

Na avaliação de Lessa, o Plano de Monitoramento e Convivência com a Covid-19 anunciado pelo Poder Executivo não teve o olhar regionalizado demandado pelo Movimento Pró-Pernambuco, iniciativa que reúne representantes de diversas cadeias produtivas. “Eles queriam participar mais. Houve inconformismo, principalmente, do setor da construção civil do Interior, que desejava uma retomada responsável mais ampla”, disse. 

A construção civil foi o primeiro grande ramo a ter autorização de reabertura. De acordo com o planejamento do Estado, a  partir  do  dia  8 de junho, esse segmento iniciará  o  retorno  gradual, tanto na Região Metropolitana do Recife (RMR) quanto no Interior. Na RMR, as  obras serão liberadas com 50% dos funcionários no intervalo das 9h às 18h. Nas demais regiões, a volta, com a mesma restrição, ocorrerá sem determinação de horário.

Lessa citou estudo da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) que aponta que 80% dos pedreiros, auxiliares e ajudantes usam veículos próprios para se deslocar para suas atividades no Interior. Isso, em tese, diminui o risco de contaminação, se comparado ao dos usuários de transporte coletivo. Quanto ao horário estabelecido para a RMR, ele lembrou que esses trabalhadores costumam sair de casa antes das 6h.

O parlamentar mostrou preocupação, ainda, com a situação de Caruaru (Agreste Central), que, conforme dados do Ministério da Economia, perdeu 2.153 postos de trabalho formal nos meses de março e abril. O parlamentar defendeu que a Prefeitura adote testagem em massa da população, abra leitos de UTI e preste contas sobre valores recebidos para o enfrentamento ao novo coronavírus. “A cidade precisa de cuidados. O poder municipal tem sido muito inerte”, avaliou.

HORÁRIO – Antonio Fernando solicitou jornada de 7h a 17h para construção civil, a fim de que os trabalhadores voltem para casa antes de anoitecer. Foto: Reprodução/Evane Manço

Antonio Fernando também propôs que a retomada da construção civil tenha mais flexibilidade nas cidades do Interior, com liberação maior do que os 50% definidos pelo Governo de Pernambuco. A exemplo de Lessa, ele justificou que, nesses municípios, “os trabalhadores vão para as obras de transporte individual, como bicicleta ou moto, o que torna muito mais difícil a contaminação”.

O parlamentar ainda solicitou que a jornada seja entre as 7h e 17h, a fim de permitir que os trabalhadores voltem para casa antes de anoitecer. Além disso, voltou a pedir mais vagas de UTI para o Sertão de Araripe. “Pelas regras da Organização Mundial da Saúde (OMS), deveríamos ter 40 leitos na nossa região, mas há apenas dez, sete deles já ocupados, mesmo antes de a pandemia chegar com mais força. Precisaríamos, no mínimo, da criação de mais dez vagas”, cobrou Fernando.

Por sua vez, Priscila Krause pediu detalhamento maior do plano de retomada das atividades econômicas. “Precisamos de um decreto que traga segurança jurídica e atenda às demandas de empresários e trabalhadores. O que nos foi revelado, até o momento, foi uma apresentação de slides incompleta”, criticou. Segundo a democrata, associações e sindicatos da construção civil questionam os horários de trabalho estipulados pelo Estado. “O setor já funciona em período diferente do pico de circulação de pessoas. A jornada deve iniciar e terminar mais cedo do que foi sugerido, já que o serviço é feito ao ar livre e debaixo de sol”, argumentou.

PREFEITURAS – Priscila Krause defendeu aproximação maior do Poder Público estadual com as administrações municipais. Foto: Reprodução/Evane Manço

A deputada pediu, também, a divulgação dos dados referentes à ocupação de leitos no Estado, lembrando que o protocolo de reabertura deve ser condicionado a essa taxa. Defendeu, ainda, uma aproximação maior do Poder Público estadual com as administrações municipais. “Em Caruaru, por exemplo, a prefeita está enfrentando sozinha as dificuldades da pandemia, com determinação e competência. Em mais de dois meses, o Governo do Estado sequer perguntou do que a cidade estava precisando e, quando recebeu as demandas, nada fez”, pontuou.

O assunto ainda foi reforçado, em outro pronunciamento, pelo deputado Antônio Moraes (PP): “Vamos para o terceiro mês de dificuldades. São muitas pessoas desempregadas. É importante, principalmente na construção civil, que a retomada seja feita de forma combinada, para se atender a duas demandas: não aumentar o número de infectados e garantir o setor produtivo e os empregos”.

Outros assuntos – Delegado Erick Lessa usou o discurso para manifestar pesar pelo assassinato do policial civil José Rogério Duarte Batista, ocorrido em Surubim (Agreste Setentrional) no dia 30 de abril. “José Roberto tinha 30 anos de serviços prestados à corporação e atuava no combate ao tráfico de drogas na região. Era um profissional profundamente respeitado na instituição da qual faço parte”, expressou.

O pagamento das bolsas do Programa PE no Campus a estudantes que comprovarem necessidade no período da pandemia voltou a ser defendido por Priscila Krause. O benefício foi suspenso em portaria publicada pela Secretaria de Educação. “A pasta está respondendo aos recursos apresentados pelos alunos em formato padrão, o que dificulta o acesso deles a esse direito”, disse. A democrata ainda solicitou às prefeituras que elaborem planos de assistência aos profissionais que atuam no transporte escolar.