Teresa Leitão critica postura de Bolsonaro diante da pandemia

Em 21/05/2020 - 15:05
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DIVERGÊNCIA – “Além de adotar uma postura contrária às evidências científicas mundiais, presidente ainda tenta impedir os gestores de agir corretamente.” Foto: Reprodução/Giovanni Costa

A situação política do País, após o advento da pandemia do novo coronavírus, foi comentada pela deputada Teresa Leitão (PT), durante a Reunião Plenária desta quinta (21). A parlamentar afirmou que, após 60 dias de isolamento social, o cenário revela, de um lado, governadores e prefeitos lutando para garantir a sanidade em seus territórios, e do outro, o presidente Jair Bolsonaro que, além de adotar uma postura contrária às evidências científicas mundiais, ainda “tenta impedir os gestores de agir corretamente”.

Para a petista, o presidente do Brasil tem três obsessões: acabar com o isolamento social, disseminar o uso da cloroquina e liberar o funcionamento de todas as cadeias produtivas. “Ele debocha da ciência, da Organização Mundial da Saúde (OMS), desconhece as experiências internacionais que deram certo e tenta impedir a autonomia de Estados e municípios em relação à gestão da crise. Ainda por cima, estimula e participa de atos públicos, desrespeita os poderes e a imprensa e todas as suas falas contêm um ingrediente peculiar, que é o ódio – mesmo que, ao final, sempre cite: ‘Deus acima de tudo’”, criticou.

Na avaliação de Teresa, por querer estimular o uso indiscriminado da cloroquina nos tratamentos médicos, Bolsonaro já demitiu dois ministros da Saúde. “Esse protocolo que foi anunciado pelo Governo Federal não possui assinatura de nenhum médico e, ao final, informa que o paciente é quem assume o risco de tomar o medicamento”, lamentou, frisando que o presidente não tem conhecimento científico para prescrever medicamentos: “Ele só entende de ódio, de tortura e de ataques”. 

A parlamentar acredita que a eficiência do lockdown, que está com uma média de 53,1% em Pernambuco, frustrou o mandatário da nação. “Todos os médicos garantem que o que tem salvado vidas são isolamento, ações nos hospitais e a dedicação dos profissionais de saúde. Vamos continuar nesse caminho”, enfatizou.

APARTE – “Se a população brasileira já costuma se automedicar, imaginem com essa orientação para se usar cloroquina?”, pontuou Isaltino Nascimento. Foto: Reprodução/Giovanni Costa

Em relação à economia brasileira, Teresa lembrou que “o País já estava na UTI” antes da pandemia. “Já havia previsão de PIB negativo e dólar nas alturas, a taxa de desemprego já era alta. A crise de saúde só piorou o quadro. Mas, qual a resposta que o Governo dá?”, indagou. A petista destacou que, em vez de oferecer cidadania aos vulneráveis, o que se vê é um “movimento contra o segmento”. Também salientou que a retirada de direitos dos trabalhadores continua, por meio de medidas provisórias ou de projetos enviados ao Congresso Nacional. 

A deputada ainda afirmou que, pela retórica do presidente, percebe-se que a  verdade cristalizada está sendo substituída por disputa de narrativas. “Assim como acontecia com as propagandas nazistas, uma mentira dita muitas vezes passa a ser tomada como verdade”, advertiu. Para ela, o Governo Bolsonaro deixa a população brasileira à mercê da perversidade e do obscurantismo, virando chacota para o mundo. “Acredito que, mais cedo ou mais tarde, poderemos até deixar de ser chamados de nação”, declarou. 

Por fim, Teresa Leitão convocou os demais parlamentares a refletirem neste momento para que, na volta à nova normalidade, a Alepe possa ter “movimentos mais proativos, em defesa do povo e da vida”. Em aparte, o deputado Isaltino Nascimento (PSB) parabenizou a colega pelo discurso: “Se a população brasileira já costuma fazer automedicação, imaginem com essa orientação para se usar cloroquina?”, pontuou. 

Questão de Ordem – Ao final do pronunciamento da petista, o deputado Romero Albuquerque (PP) pediu uma Questão de Ordem para anunciar a mudança na presidência do diretório de seu partido no Recife. “Lula da Fonte assumiu a legenda na Capital do Estado”, informou.