
INDÚSTRIA – Cerca de R$ 73 bilhões podem ser economizados ao ano com a migração do setor para o conceito 4.0, explicou especialista. Foto: Nando Chiappetta
Cerca de R$ 73 bilhões podem ser economizados ao ano com a migração do setor industrial para o conceito 4.0. O dado, fornecido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), foi apresentado em debate realizado, nesta segunda (6), pela Frente Parlamentar sobre os Impactos da Quarta Revolução Industrial. As consequências para os trabalhadores foram alvo da preocupação dos parlamentares, que temem desemprego estrutural.
Na avaliação da ABDI, enquanto as três primeiras revoluções industriais alcançaram produtividade em massa e difundiram o conceito de linha de montagem e tecnologia da informação, a 4ª Revolução Industrial deve garantir a fusão entre o mundo físico, digital e biológico. Coordenador de Indústria 4.0 na ABDI, Bruno Jorge Soares ressaltou o ganho em produtividade e eficiência e a redução nos custos de manutenção e no consumo de energia como principais vantagens.
Diante de um cenário de retração no setor industrial, com queda de 7% entre 2006 e 2016, a ABDI aponta a Quarta Revolução como uma boa oportunidade para o País. Soares reconhece, no entanto, a necessária preocupação dos parlamentares com o fim de postos de trabalho. “Haverá o deslocamento de mão-de-obra do lado menos qualificado para o de maior qualificação, mas a quantidade de empregos que vão surgir com a tecnologia não vai crescer na mesma proporção dos que serão extintos”, pontuou.
O deputado Diogo Moraes (PSB) comentou sobre o que já está acontecendo no Polo de Confecções no Agreste: “O novo maquinário já está garantindo a confecção de calças jeans em cerca de 40 segundos. Uma atividade que antes precisava de 25 pessoas hoje já é realizada com apenas duas”. “Neste fim de semana, estive no 18º Festival do Jeans de Toritama, e, do ano passado para cá, chamou atenção a entrada de grandes máquinas no setor”, complementou.
Moraes falou, ainda, sobre o uso de drones para fiscalização de plantações. O impacto da tecnologia na atividade rural é justamente a preocupação do deputado Doriel Barros (PT), que também tem tratado do tema na Comissão de Agricultura, a qual preside. O papel das pesquisas universitárias foi ressaltado pelo deputado Paulo Dutra (PSB), relator da Frente.
Já o deputado Isaltino Nascimento (PSB) levantou questionamentos acerca da garantia de sigilo e soberania. Também manifestou preocupação com os dados apresentados pela ABDI: “É alarmante que 57% das indústrias brasileiras não estejam preparadas para a Quarta Revolução e que 2% sequer tenham conhecimento do conceito 4.0”. Tony Gel (MDB) pronunciou-se no mesmo sentido. “O Brasil está preparado para essa revolução? Daqui a pouco estaremos debatendo a substituição de taxistas, de advogados e de outros profissionais. É preciso estar atento”, ponderou.
Bruno Jorge Soares declarou que o Governo Federal tem realizado parcerias com universidades públicas e que também tem buscado cada vez mais trabalhar na perspectiva do digital. “Semana passada, a Embrapa ( Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) lançou aplicativo para disponibilizar suas pesquisas”, destacou. Também declarou que Pernambuco desponta na frente no debate sobre a Quarta Revolução: “É o primeiro Estado que está discutindo o tema no Brasil”. Na terça (7) , a Câmara dos Deputados instalará a Frente Parlamentar Mista da Economia e Cidadania Digital, que também tratará do assunto.
Coordenador-geral da Frente Parlamentar, o deputado João Paulo (PCdoB) destacou o que poderá ocorrer no setor bancário. “Com a compra recente de novo software, um grande banco brasileiro conseguirá desempenhar com apenas dez advogados a atividade que antes era feita por 400”. No próximo encontro do colegiado, no dia 20, centrais sindicais serão ouvidas sobre o que já têm identificado como consequências da Quarta Revolução.
Governo do Estado, Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Universidades, Porto Digital, Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) e Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon-PE) também serão convocados em novos debates ao longo do semestre.